sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

OFICINA COLHE DADOS PARA MAPEAR AÇÃO DA ALCOA

Gisele de Freitas
Repórter


Santarém sediou no início desta semana a oficina de indicadores de desenvolvimento sustentável Juruti e entorno, parte integrante do projeto "Diagnóstico e monitoramento da dinâmica do desenvolvimento de Juruti e entorno" da Fundação Getúlio Vargas (FGV) que visa mapear o desenvolvimento sustentável da população daquele município onde a mineradora Alcoa vai explorar bauxita a partir de 2009.
A oficina contou com a participação de comunitários e autoridades de Santarém e Juruti. De acordo com a coordenadora executiva do projeto, Cecília Ferraz, o trabalho está em fase inicial, apenas de levantamentos de dados e conta com a participação de um grupo de trabalho da cidade de Juruti, que representa a população local. O primeiro panorama, apontando indicadores, deve sair no segundo semestre deste ano. "Não seremos nós que decidiremos o que é importante, vamos ouvir as comunidades e ver quais as necessidades delas, até agora temos mais de 200 sugestões de indicadores locais a serem pesquisados" salientou Cecília.
Os indicadores deverão computar dados sobre os recursos sustentáveis, economia local, agricultura familiar, pobreza, má distribuição de renda, desmatamento, questão fundiária e até educação. A próxima etapa do projeto é realizar mini-oficinas nas comunidades-pólos para decidir quais indicadores irão para consulta pública, os mais votados serão o foco da FGV no projeto, assim os técnicos darão início à coleta de números.
O projeto conta com a parceria do governo municipal e associação de pescadores de Juruti, Embrapa, Emater, GDA entre outras instituições. Para o secretário de governo da cidade, Antonio João Campos Silva a prefeitura aproveitará os dados que serão levantados pelo projeto. "Juruti aceita o projeto com bons olhos, administrar sem dados concretos é complicado e também nos interessa a veracidade destas informações, onde temos certeza que a população fala à equipe da FGV suas reais necessidades e não é manipulada", destacou.
Sobre a Alcoa, Silva assegura que governo municipal acredita que de fato a empresa trará desenvolvimento, mas se preocupa com o impacto ambiental e faz questão de que a empresa cumpra a lei, se instalando corretamente no município. O presidente da colônia de pescadores Rosivaldo Batista Pereira relatou que há uma preocupação por parte dos trabalhadores em relação à lavagem de bauxita, pois se os lagos locais forem poluídos os pescadores serão diretamente afetados.
O representante do Grupo de Defesa da Amazônia (GDA) Miler Falcon questionou os organizadores quanto a atitudes a serem tomadas, e no que os indicadores contribuiriam para diminuir os problemas encontrados no local.
A coordenadora relatou que os indicadores são somente ferramentas para mostrar a realidade local e a partir deles ficará fácil saber onde agir em situações futuras, sendo que os dados não resolvem os problemas sozinhos. O representante da pastoral diocesana de Santarém Marivaldo Santos, pede que a FGV se preocupe mais com os problemas que estão acontecendo agora, de maneira a tomar providências imediatas e não apenas a computar dados, como no caso do desmatamento, que pode aumentar ou diminuir ao longo dos anos, mas que precisa ser parado o quanto antes. Santos também salienta que teme a Alcoa deixar a parceria no projeto e questiona como ficará o futuro da região.
Para o FGV, a Alcoa não é a base do projeto, e sim os cidadãos de Juruti e garante que o trabalho continuará com ou sem o apoio da empresa.

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