sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Quem tem medo da ex-delegada da Itaituba?

Paulo Bemerguy
Espaço Aberto

Com todo o respeito, mas é um escândalo esse caso da ex-delegada de Polícia Civil Anna Shirlene Modesto Falcão, exonerada do cargo no dia 14 de janeiro pela governadora Ana Júlia, mas que até ontem não havia devolvido uma viatura que integra o patrimônio da Delegacia da Mulher de Itaituba, conforme informou O Estado do Tapajós.
Por que é um escândalo? Porque ela retém uma viatura que é patrimônio público. Retém indevidamente, portanto, eis que afastada sob acusação – grave, notoriamente grave – de envolver-se com uma menor no município de Medicilândia.
Não passa – e nem pode passar – despercebido o fato de que a ex-delegada, segundo se informa, reclamou em entrevista a uma emissora de rádio de Itaituba que estaria sendo perseguida. E deu-se ao desplante de avisar a quem interessar possa que todos os que estavam ou estão contra ela ainda vão se arrepender.
Ao que tudo indica, a ex-delegada sabe de muita coisa comprometedora contra gente que, tendo poderes e competências para agir dentro da lei e reaver o carro que está em poder da ex-policial, remancheia, pula pra cá e pra lá, desconversa, faz que vai mas não vai, enfim, nada faz para responsabilizá-la por mais um crime, além do assédio à menor: o de reter consigo um bem público que, além dessa condição, é essencial para as ações de rotina na área da segurança em Itaituba.
A polícia pode alegar que já instaurou inquérito e ainda vai pedir que a Justiça expeça um mandado de busca e apreensão para tirar o carro que está em poder da ex-delegada. Mas só agora, decorridos mais de 30 dias da exoneração da ex-delegada e da retenção do veículo? Só agora?
Deve a polícia, neste caso, trabalhar com a mesma celeridade com que trabalha quando precisa resolver crimes de ampla repercussão. Nesses casos, inquéritos são instaurados e instruídos rapidamente. Provas essenciais são colhidas sem demora e os acusados e testemunhas ouvidos sem delongas. Feito isso, o inquérito é relatado e remetido às vezes em menos de 30 dias à Justiça. Pronto. E ponto final.
Assim deve ser agora, até mesmo para preservar a autoridade da polícia. Quanto mais demorar em resolver situação de tão fácil solução, todos haverão de pensar, justificamente, que a ex-delegada mete medo a muita gente na polícia.
Mas por que, afinal, a polícia teria tanto medo da ex-policial?

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