sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Adesão do Pará é pouco lembrada

Hoje o feriado é comemorativo à Adesão do Pará à Independência do Brasil que foi assinada em 15 de agosto de 1823, há 175 anos. O país era dividido em duas Capitanias: A província do Grão Pará e Maranhão, no norte, e a Província do Brasil, no sul, havendo pouca comunicação entre eles. O Pará tinha forte ligação com Portugal e pouco se relacionava com outras províncias do país. Ambas pertenciam à Coroa Portuguesa, mas eram autônomas.
“ O processo em si não foi muito heróico. O herói da adesão foi o almirante John Pascoe Grenfell, de apenas 23 anos, que conseguiu a adesão com um blefe. Ele disse, a mando do imperador Dom Pedro I, que uma esquadra comandada por ele chegaria à província do Grão Pará e forçaria a aceitar a separação definitiva entre Brasil e Portugal”, conta a professora de História da UFPA e diretora do arquivo público do Estado, Magda Ricci.
Segundo ela, a “adesão foi feita por um inglês numa situação de blefe, nada tão heróico”, ressalta. O fato aconteceu quase um ano depois da Independência do Brasil. A esquadra de Grenffel não deveria ir até o Norte, se limitando apenas até o Estado da Bahia, mas em 11 de agosto de 1823 o almirante chegou ao Porto de Salinas. No mesmo dia, uma assembléia foi formada no Palácio Lauro Sodré entre os governantes do Grão Pará, quando ficou decidido aderir à Independência com a condição de que os postos e cargos públicos fossem mantidos.
O documento que foi assinado quatro dias depois da assembléia, data escolhida para o feriado, faz parte do Arquivo Público do Estado do Pará. “O processo de adesão foi fundamental para a junção do Estado do Brasil com a Província do Pará”, relata. Segundo Ricci, o significado da adesão é de “Luta política dela e de liberdade de expressão”. Para a professora, o “significado social e político da data é pouco divulgado. Deveriam chamar mais atenção neste momento para a cidadania”.
Três meses depois, aconteceu a revolta do Brigue Palhaço, onde 256 pessoas foram presas e mortas asfixiadas com cal dentro de um navio. “Não existiam prisões na época e os prisioneiros ficavam dentro de corvetas ou de navios. Essas pessoas mortas tinham aderido, mas foram reprimidas por fazerem uma revolta por terem visto que a Adesão não cumprira algumas exigências populares”, comenta Ricci.
(Texto: Liandro Brito/Diário do Pará)

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