quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Conselheira critica omissão do Conselho Tutelar

Alesandra Branches
Repórter


A conselheira Antônia Padilha está deixando o Conselho Tutelar de Santarém no começo de dezembro, quando tomam posse os novos membros eleitos para o conselho. Ela lamenta que mais casos de violência contra menores e situações de menores em risco poderiam ser dia- gnosticados se o trabalho fosse dobrado. De acordo com estatísticas do Conselho Tutelar de Santarém os números de fuga e rebeldia são os que mais crescem com o passar dos meses. Somados os atendimentos mais de 250 casos desta natureza foram registrados de janeiro a outubro de 2008.
Dona Antônia, como é conhecida, não poupa nem os demais conselheiros tutelares por falhas nas estatísticas. "Infelizmente falta mais disposição dos conselheiros. Nas gestões anteriores, nós saíamos de madrugada para visitar os mercados e feiras da cidade e evitar com que aqueles meninos que se dispõem a vigiar carro fossem pegos de surpresa. Atualmente, visitas como essa não acontecem mais. Eu saio do Conselho tutelar satisfeita com o trabalho que desempenhei nos últimos anos, mas peço aos conselheiros eleitos que trabalhem com seriedade e mais força de vontade", desabafou.
Os casos que mais preocupam os conselheiros são o envolvimento de menores com bebidas alcoólicas e drogas. Foram registrados mais de 50 durante esse ano. " A verdade é que por trás desses números existem muitos adolescentes que estão envolvidos com droga. Falta mais ação dos conselheiros. Sozinha não conseguia fazer nada", disparou.
Depois de desabafar, Dona Antonia fez questão de explicar o que é o Conselho Tutelar. "Ele é um órgão público municipal de caráter autônomo e permanente, cuja função é zelar pelos direitos da infância e juventude, conforme os princípios estabelecidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)", destacou explicando ainda que os conselheiros deviam ser o porta-voz das suas respectivas comunidades, atuando junto a órgãos e entidades para assegurar os direitos das crianças e adolescentes. São eleitos 5 membros através do voto direto da comunidade, para mandato de 3 anos.
Suas principal atribuição é atender às crianças e adolescentes que tiverem seus direitos ameaçados por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;por falta; omissão ou abuso dos pais ou responsáveis; ou em razão de sua conduta, além de receber a comunicação (obrigatória) dos casos de suspeita ou confirmação de maus tratos; de reiteradas faltas injustificadas ou de evasão escolar; após esgotados os recursos escolares; e de elevados níveis de repetência.
Assim como, requisitar o serviço social, previdência, trabalho e segurança, ao promover a execução de suas decisões, Atender e aconselhar os pais e responsáveis, podendo aplicar algumas medidas, tais como encaminhamento a cursos ou programas de orientação e promoção a família e tratamento especializado.
Para a conselheira Antonia Padilha o aumento é reflexo da falta de diálogo familiar, causando conflitos que geram danos maiores ao longo dos anos.
"Os pais já não conversam mais com seus filhos. O diálogo acabou. Diante disso, os filhos já não respeitam mais ninguém. Qualquer companhia é melhor do que a presença de algum membro de sua família, tanto é que o número de adolescentes envolvidos em conflitos nas escolas e na rua é muito grande, tudo é reflexo dos conflitos familiares", conta a conselheira tutelar, Antônia Padilha, lembrando que mais de além da fuga e da rebeldia, os casos de abuso sexual ainda se mantém no topo das estatísticas com mais de 42 casos registrados nos últimos 10 meses. "O abuso sexual e o estupro sempre estão entre os primeiros da lista, desde que eu comecei trabalhar como conselheira", contou Antonia.

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