domingo, 10 de fevereiro de 2008

Santarém na Fotosfera

Ponta do Cururu, Alter do Chão, Amazônia, Brasil. Foto: Olavo Neves

Paysandu x São Raimundo (2)

O Paysandu conquistou sua primeira vitória no Campeonato Paraense, derrotando o São Raimundo, de virada, por 3 a 2. Os bicolores lideram o torneio ao lado de Castanhal e Pedreira, porém, o Japiim desponta na primeira colocação por ter marcado um gol a mais do que os alvicelestes.
Todos os gols saíram no primeiro tempo. O São Raimundo saiu na frente, com João Pedro. Samuel empatou em seguida, mas Anderson voltou a deixar o Pantera na frente. Porém, logo em seguida Fabrício empatou para o Papão e Samuel voltou a deixar sua marca, garantindo a virada. Na próxima rodada, o Paysandu encara o Vila Rica/Cametá na próxima rodada. O jogo pode ser realizado domingo, em Cametá, ou se o estádio não for aprovado passará para o Mangueirão, no sábado.(Bola)

Paysandu 3 x 2 São Raimundo

Diante de cerca de 15 mil espectadores, o São Raimundo foi derrotado hoje à tarde por 3x2 pelo Paysandu, no Mangueirão.

Confusão no Mangueirão

Muita confusão e empurra-empurra na entrada dos torcedores no Mangueirão, para assistir a partida de estréia do Papão no Campeonato Paraense 2008, contra o São Raimundo.
Uma pessoa foi presa e outra saiu ferida, segundo a Polícia Militar. A PM ordenou a abertura dos portões.
O tumulto começou cerca de 15 minutos antes do início da partida. Uma pessoa saiu ferida no empurra-empurra na entrada de um dos portões. Um homem foi detido por suspeita de estar vendendo ingresso na porta do estádio. 'Como ele estava com grande quantidade de ingressos, a suspeita é que seja cambista, por isso foi detido e será encaminhado à polícia civil', explica o Major Vianna, responsável pelo policiamento do jogo pela PM. (Portal ORM)

Celpa castiga em todo lugar

Do site Espaço Aberto, contando mais estripulias da Celpa.

Comemoração pífia

A prefeitura de Santarém, sem ter o que comemorar, está alardeando que por causa do carnaval a cidade recebeu 3.600 turistas.
Duas grossas mentiras.
Primeiro. A maioria dos turistas prefere a cidade nesta época porque ainda é tempo de praia, já que a enchente do rio Tapajós ainda não atingiu a cota máxima.
Segundo. Óbidos, com uma população menor que Santarém, recebeu mais de 10 mil turistas para seu carnaval do Mascarado Fobó.

Carta aberta à população

Simão Jatene

A cada dia, os desafios da sociedade moderna vêm impondo a todo cidadão, independentemente de credo, classe ou cor, uma maior responsabilidade coletiva, sem a qual se torna insustentável viver em grupo. Essa exigência, por razões óbvias, é ainda maior para os homens públicos, especialmente os políticos, para os quais coerência e compromisso com a realidade e com os fatos devem ser, cada vez mais, princípios fundamentais.
A atitude de achar que no exercício político é aceitável dizer qualquer coisa, banalizar a acusação irresponsável e a promessa irrealizável que, para alguns, chega a ser sinônimo de sagacidade e até competência, tem contribuído para aumentar as suspeitas sobre os homens públicos em geral e o descrédito nas instituições, desqualificando a atividade política como capaz de promover transformações necessárias.
Agravando o quadro, essa compreensível e até justificável desconfiança vem sendo estrategicamente manipulada e potencializada até mesmo por alguns políticos que, com história pouco ou nada recomendável, têm maior chance nas disputas eleitorais quanto mais sucesso obtiverem patrocinando a idéia de que 'todo político é igual'. O que remete as escolhas eleitorais para o dramático e pantanoso critério do 'menos pior', ou até mesmo do 'rouba mas faz'.
Nesse cenário, a desinformação e, ou, controle e manipulação da informação se tornam armas fundamentais, fazendo da 'opinião pública' presa daqueles que podem impor, ainda que temporariamente, suas versões sobre os fatos, mesmo quando essas, muitas vezes, são escandalosamente conflitantes com a realidade.
A mentira e o proselitismo, inclusive na conhecida estratégia de transferir responsabilidades para esconder fragilidades, surgem como elementos decisivos para o reforço da perversa 'lógica' de que o que importa é a versão e não o fato. Sem limites, a idéia de que 'os fins justificam os meios', além de discutível, abre caminho para o império da violência nas suas mais diversas formas, fazendo com que ela se afirme como princípio aceitável de comportamento social. Instala-se a sociedade do 'vale tudo', do 'cada um por si', num cenário onde todos se acham apenas com direitos e sem deveres.
Reagir a isso é, pois, a razão maior dessa carta.
Por todo o ano de 2007, assisti paciente e silenciosamente a membros do governo, inclusive a Governadora, com maior ou menor grau de virulência e sensacionalismo, reproduzir o velho bordão da 'herança maldita', para se esquivar e justificar toda e qualquer crítica a erros e omissões cometidas pelo governo atual.
Até pela condição de ex-governador e, como tal, conhecedor da tão honrosa quanto árdua tarefa que é governar o Estado, mesmo correndo o risco de ser avaliado pela máxima, nem sempre correta, do 'quem cala consente', preferi o silêncio, creditando o comportamento do novo corpo dirigente à sua necessidade de responder, de alguma forma, às enormes e nem sempre sustentáveis expectativas criadas em campanha.
Tal dedução nos parecia a mais razoável, inclusive pela forma absolutamente democrática e transparente como foi realizada a transição, que é bom lembrar, conforme noticiado á época, sugeri, até para evitar manipulação política, que a mesma fosse acompanhada por órgãos externos ao poder executivo, inclusive pelo Ministério Público, o que não foi aceito pelo governo eleito.
Todavia, passado um ano, além de manobra para desviar o foco de fatos desgastantes e a dificuldade de se justificarem face a um desempenho claramente insatisfatório e cheio de trapalhadas, a recorrência aos mesmos pretextos parece ser uma deliberada e orquestrada campanha difamatória e de desconstrução de imagens, o que torna impossível calar, sem se curvar à esperteza. Uma mentira repetida à exaustão pode até, para alguns, parecer verdade, mas continuará sendo, sempre, mentira.
Assim, sem qualquer interesse em polemizar e contribuir com a desatenção da Governadora para com tarefas inerentes ao cargo, mas por princípios e valores que acredito necessário preservar, e em reconhecimento ao respeito e carinho que sempre recebi do povo do Pará, vamos aos fatos.
Após um ano de governo, além do claro descompasso entre promessas, discursos e as realizações, estamos assistindo, num típico clima de campanha fora de época, a um festival de manifestações que tentam confundir, desqualificando tudo o que foi feito na gestão anterior, e alardeando estar entregando à população obras e serviços que já lhe pertenciam.
Num claro esforço de torturar a realidade para que ela confesse não ser real, temos visto ser reafirmado que 'agora sim, os hospitais regionais saíram do papel', como se as populações de Santarém, Redenção, Altamira, Marabá e até da Região Metropolitana de Belém, em especial a de Ananindeua, que acompanharam o surgimento e conclusão de cada uma dessas obras, tivessem sido acometidas de delírio, e que tais obras não tivessem passado de miragem, surto de esquizofrenia coletiva.
Como, a não ser violentando os fatos, apagar o discurso proferido pela prefeita de Santarém, do partido da própria Governadora, quando da visita às instalações do Hospital Regional do Baixo Amazonas, diante da qualidade das obras e, particularmente, dos equipamentos de última geração instalados e a muito requeridos pela região? Fato presenciado por dezenas de lideranças e centenas de pessoas.
Ao negar isso, o atual governo, por motivação que só pode ser política, não engendra apenas uma nova inauguração, ou evita o desconforto de ter que admitir como falso seu discurso de campanha, dizendo que os hospitais não estavam sendo construídos. Mais que isso, retira da população o direito de contar com um serviço que já poderia estar disponível. E aí reside a gravidade maior de tal comportamento.
A verdade que parece incomodar é que a 'Agenda Mínima', por nós apresentada no início do governo, trazia como compromisso a construção de 5 hospitais de média e alta complexidade, e os mesmos foram construídos e equipados. Apesar do atual governo, em confronto com os fatos, tentar negar.
Além desses, e é bom que se diga, estavam ainda em construção o Hospital do Marajó, em Breves, com 75% das obras físicas já realizadas, e um hospital geral em Tailândia, com 90% concluído, sem falar do Hospital Oncológico Infantil, em Belém, este, sim, apenas iniciado.
Importante ainda é esclarecer que, por conta de contrato assinado com o BNDES, ficaram garantidos em torno de 40 milhões de reais para conclusão desses últimos, o que certamente poderia ter ocorrido já em 2007, se o governo estivesse menos preocupado em tentar apagar o passado do que em realizar investimentos que atendam à população, fazendo, na prática, da saúde, uma prioridade.
E aqui não é possível deixar de fazer referência ao constante discurso de que o Estado foi encontrado completamente desequilibrado, um verdadeiro caos, com mais de 250 milhões de dívidas e apenas pouco mais de 1 milhão de reais em caixa, recorrentemente utilizado pela Governadora e alguns de seus secretários, todas as vezes que procuram justificar o desempenho da sua administração.
Tais afirmações, que tentam passar para a opinião pública a imagem de balbúrdia, 'cofre vazio' e 'terra arrasada', conquanto possam ter algum efeito publicitário, não encontram qualquer correspondência com os fatos.
Antes de tudo, é bom lembrar que nas justificativas de vários decretos, como os de número 029 de 28 de fevereiro de 2007, ou 030 datado de 1 de março de 2007, entre outros, todos publicados no Diário Oficial do Estado, Sua Excelência Governadora assina o seguinte texto: 'O Estado do Pará tem conseguido cumprir as metas do Programa de Reestruturação e Ajuste Fiscal da Secretaria do Tesouro Nacional', o que por si só é absolutamente incompatível com o discurso do caos. Desse modo, sem pretender ser indelicado, e até com certa perplexidade, cabe perguntar: onde está a verdade? Nos discursos para os meios de comunicação ou nos documentos oficiais assinados e publicados?
Por outro lado, como uma administração em completo desequilíbrio não desencadeia forte programa de contenção de gastos, especialmente correntes, permitindo que em 2007 as viagens só para o exterior tenham sido de quase uma centena, e os gastos com publicidade fossem 20% superiores aos de 2006?
O fato que os paraenses precisam saber é que mesmo tendo sido fortemente discriminado pelo Governo Federal, que no período 2003/2006 deixou de transferir para o Estado aproximadamente 1,3 bilhão de reais, procuramos honrar compromissos assumidos com a população e registrados na Agenda Mínima.
Só como exemplos, enquanto em 2002 as transferências constitucionais para o governo do Pará já somavam, a preços constantes, 3,003 bilhões de reais, em 2003 foram de apenas 2,292 bilhões de reais, ou seja, mais de 700 milhões de reais a menos. Em 2004, 2,546 bilhões de reais, em 2005, 2,828 bilhões de reais e, só quatro anos depois, isto é, em 2006, voltaram para o nível de 2002, alcançando 3,075 bilhões de reais. Os números estão disponíveis para quem quiser constatar. E aqui, mais do que autopromoção, aproveito para agradecer à equipe de governo e, especialmente, aos servidores públicos que nos ajudaram a enfrentar essas dificuldades.
Assim, sem quebrar princípios inerentes à administração pública e às questões de Estado, na 'conta única', bem como nas várias outras contas vinculadas do Governo, no Banco do Estado do Pará, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, ficaram depositados mais de 250 milhões de reais. Tais recursos, quando somados aos recursos de 2006 que só ingressaram nos cofres públicos em 2007, conforme também é admitido em decretos assinados pela própria Governadora, dentre os quais os anteriormente citados, garantiram o equilíbrio das contas públicas, mesmo tendo sido realizados investimentos importantes, como o 'Hangar', fartamente criticado em campanha e hoje assumido como obra exemplar e ícone do Estado.
Por outro lado, sem pretender abusar da paciência dos que nos lêem, registre-se ainda que o nosso governo, após longas negociações, contraiu operações de crédito no valor de, aproximadamente, 790 milhões de reais. Destes, foram utilizados apenas pouco mais de 250 milhões, ficando então disponíveis para o governo atual mais de 500 milhões de reais, para construção de pontes, pavimentação de estradas, saúde e saneamento, além de apoio aos municípios. Recursos cuja não visibilidade ou utilização ano passado não tem explicação razoável, a não ser uma deliberada estratégia de ganhar tempo para tentar desvincular sua origem do nosso governo.
Finalmente, mais uma vez agradecendo a atenção dos leitores, e me desculpando por ter que vir a público tratar destas questões que podem parecer de menor importância, quero reafirmar minha inabalável crença de que o Pará é maior que qualquer partido ou liderança política, desejando que o Estado continue crescendo e enfrentado seus maiores desafios que são a redução da pobreza e das desigualdades. Nos meus 60 anos de vida, dos quais mais de 35 como servidor público, continuo a crer que certas manobras políticas, fundadas na esperteza, podem até gerar alguns votos de desavisados, mas jamais conquistam o respeito. Sem menosprezar o voto, há muito fiz minha opção. Prefiro continuar tendo o respeito.

Al Quaeda paraense

Pelos menos 20 trabalhadores sem-terra do Pará estão sendo treinados em Mato Grosso, com R$ 7 milhões liberados pelo Incra, no curso de Líder Rural. ( R-70 de O Liberal)

Ressaca sertaneja

Os promotores de festas dançantes, ontem à noite, nos clubes de Santarém, amargaram um enorme prejuízo.
É agora que está repercutindo nos bolsos dos festeiros o dinheiro gasto no show de Zezé Di Carmago & Luciano, que retirou da popupança dos santarenos nada menos que meio milhão de reais.

Cela adaptada

O Tribunal de Justiça do Estado autorizou a transferência do radialista Luiz Araújo, preso na Americano III para a penitenciária Centro de Recuperação do Coqueiro.
A direção do Sistema Penal paraense pediu prazo para que a cela em que vai ficar trancafiado o acusado de participar do assassinato dos irmão Novelino seja adaptada, já que o radialista é deficiente físico.

Dengue

Depois de Belém, Itaituba é o município em que foi registrado o maior número de casos de dengue no Estado do Pará.

Supemercados tem um janeiro de vendas em baixa

Os setor supermercadista em Santarém viveu este ano seu janeiro negro.
As vendas caíram mais de 40% em relação a dezembro de 2007.

A nomenklatura do discurso oficial

Lúcio Flávio Pinto

Um dos mais pungentes livros que li na vida foi A Confissão. Seu autor, Arthur London, foi preso como traidor quando era vice-ministro das relações exteriores da Tchecoslováquia, em 1951. Antes de chegar ao posto, foi membro da Juventude Comunista, aos 14 anos, e seu dirigente, aos 19. Combateu como voluntário ao lado dos republicanos na guerra civil espanhola. Repatriado, participou da resistência aos nazistas e ao regime colaboracionista de Vichy, em Paris. Ele e a mulher foram presos, torturados e enviados a campos de concentração. Seu filho nasceu atrás das grades. Sobreviveu.
Quando parecia que ia participar como herói da instalação do socialismo em seu país, pelo qual tanto batalhara, foi preso e passou por torturas semelhantes às dos nazistas. A diferença é que enquanto enfrentava as primeiras, movido por um ideal, sob as segundas o ideal se desfazia brutalmente. A espantosa resistência de London às agressões físicas e psicológicas ruiu. Ele tentou o suicídio da forma possível naquela masmorra: fazendo uma greve de fome não declarada. Depois de 18 dias à base de pouca água, o que o reanimou foi lembrar que outro resistente se suicidara, como ele pretendia. Ao invés de reparar a memória, foi desonrado de vez. Restara-lhe a acusação de traidor, aceita pela própria mulher.
Em que consistiu de fato a traição desses personagens com biografia de rara nobreza? Não se amoldarem à forma do "socialismo real" que lhe impunham. O drama de London se explica no contexto dos "processos de Moscou", uma tenaz perseguição aos hereges do socialismo pelo inquisidor-mor, "papá" Stálin. Hoje, os autos desses processos estão disponíveis, mas quando o acesso aos documentos originais era escasso, o livro de Arthur London se apresentava o mais comovente testemunho sobre essa barbárie política.
Ele resistiu a longos anos de prisão, em condições anti-humanas, graças à sua força interior, à sua honradez, à sua dignidade. Quando foi libertado, voltou a Paris, que fora seu abrigo e seu front contra os nazistas. Mas não se tornou um adversário rancoroso e dogmático, como Arthur Koestler, por exemplo: seus ideais permaneciam imaculados e sua alma, livre. A Confissão é ainda mais comovente porque quem a relatou é um espírito superior: vê cada animalidade daquele sistema totalitário sem se deixar contaminar pelo veneno da sua brutalidade. Não existe documento individual mais devastador contra o "socialismo real" e a opressão política em geral.
London ainda teve a satisfação de ver seu livro transformado num grande filme por outro combatente das ditaduras, o grego Costa Gavras, e se ver representado por um ator do porte do francês Yves Montand. Morreu pobre, mas em paz, em 1986. Ter chegado aos 71 anos depois de tantos desgastes, sendo tuberculoso, é a prova de que a mente, conjugada à alma (ou à anima), é um instrumento de vitalidade superior aos exercícios das academias de ginástica e aos regimes de saúde total, nos quais se condicionam os fanáticos dos nossos dias, negligenciando seu principal patrimônio: a inteligência.
Não é por isso, entretanto, que falo de A Confissão, mas porque o livro me veio à memória ao acompanhar um novo capítulo da triste novela, que já dura seis anos, sobre o assassinato do prefeito de Santo André (SP), Celso Daniel. Sem entrar no mérito da polêmica, ainda sujeita a muitas controvérsias, o que me espanta atualmente é a condição de exilado político de um dos irmãos do então prefeito, Bruno Daniel. Depois de quatro meses sob a proteção da polícia paulista, ele decidiu ir embora do Brasil, junto com a família, e conseguiu convencer o governo francês a recebê-lo como refugiado político, no início de 2006.
No mês passado, ao falar à imprensa sobre a insólita situação, o chefe de gabinete da presidência da república, Gilberto Carvalho, disse que a transferência da família de Bruno para a França era uma "opção pessoal" (como fora pessoal a opção de outro irmão, João, de vender tudo no Brasil e se mudar com a família para a Itália, onde vive e trabalha atualmente). Não há dúvida de que as duas decisões foram pessoais. Mas as circunstâncias que as explicam se relacionam à ordem pública.
Bruno e João se declaravam ameaçados de morte por sustentar que o irmão foi assassinado por seus amigos e correligionários, à frente o empresário Sérgio Gomes da Silva, e não num crime comum, de assalto. O empresário é acusado de estar por trás de uma engrenagem de corrupção, que resultaria em contribuições para o caixa dois do PT, o seu partido, contra a qual o prefeito teria tentado reagir. Sérgio tem o sugestivo apelido de "Sombra".
Ao invés de dar de ombros sobre a história, o governo do presidente Lula devia se preocupar em demonstrar que a alegação da família do prefeito assassinado é falaciosa (ou fantasiosa). A gravidade da questão não cabe no desdenhar do seu auxiliar, tão próximo que, no caso, representa a voz do dono: como pode haver exilado político em uma democracia? Afinal, estamos mesmo numa democracia, ou ela apresenta contornos que, mesmo ainda de forma embrionária e sutil, têm algo a ver com o paraíso irreal do stalinismo, um irracionalismo (ou anti-razão) que fez de London um traidor?
O grande desafio da esquerda é conviver com a oposição, a crítica, a pluralidade, a alternância - em uma palavra, com a liberdade. Em sua manifestação mais contemporânea, esse conflito começou a adquirir forma quando os marinheiros do Kronstadt se rebelaram, ainda na metade da primeira década da gloriosa revolução russa, e foram violentamente reprimidos. Trotsky, comandante (civil) do Exército Vermelho, consentiu em dar a ordem da repressão.
No eco dessa ordem, ele, seus adeptos e sucessores também passaram a ser tenazmente perseguidos por Stálin. Trotskista passou a ser sinônimo de traidor, herege, infiel. A sentença, refratária ao debate das provas, caiu como lâmina mortal sobre muitas preciosas cabeças, como a de London, que resistiu, como exceção à regra do massacre. Quando o monstro da intolerância sai das grades, ninguém está protegido. O inventor da guilhotina morreu guilhotinado na revolução francesa, a matriz da esquerda moderna.
Bem ou mal, nosso regime é o democrático. Não estamos sob uma ditadura, portanto. Mas alguns dos homens mais poderosos da república têm impulsos de intolerância e despotismo. Se pudessem, calariam os personagens que lhes são incômodos e bloqueariam os canais da livre circulação de informações e idéias. Isso não pode acontecer.
A prova dos nove do paradoxo de termos o primeiro refugiado político em plena democracia tem que ser realizado pela via da demonstração, em juízo ou fora dele, não por uma declaração de descompromisso tácito, como a de Gilberto Carvalho, falando por Lula. Declarações assim eram dadas ao público, enquanto pessoas dignas como Arthur London eram perseguidas. A contradição pode servir à direita, mas ela aparece como indignidade na boca de personagens altivos, como Hélio Bicudo, um dos fundadores do PT e símbolo de um Ministério Público atuante.
A prova dos nove em democracia se faz pelo exercício da demonstração da verdade, com tese, antítese e síntese. Todos falando e todos perguntando até que o distinto público esteja esclarecido. Isso é uma utopia, mas sem ela testemunhos como o de London se tornarão inutilidades patéticas. A nossa ubíqua tradução - e supina frustração.

Promessas de campanha

Na campanha eleitoral, em 2004, ao lado de Luiz Dulci e José Genoíno, a então candidata Maria do Carmo garantiu, na televisão, que o presidente Lula iria asfaltar a Br-163.
O resto dessa história todo mundo já sabe o final.

Aterro irregular

O aterro sanitário do Perema, em Santarém, funciona sem licença ambiental da SEMA.