quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Paysandu segue invicto

O Paysandu derrotou hoje à noite por 1 x 0 o Águia de Marabá, com gol de Beá aos 43 minutos do segundo tempo.
Com esta vitória, a terceira seguida, o Paysandu chega aos nove pontos ganhos e assume a liderança isolada do campeonato paraense.

Governo do Estado decide anular concurso da Seduc

O governo do Estado decidiu anular por completo o concurso público C-126 para cargos de nível superior da Seduc, realizado pelo Centro Federal de Educação Tecnológica do Pará-CEFET, no último dia 27 de janeiro. A decisão foi anunciada na tarde desta quarta-feira.
O motivo principal seriam as freqüentes reclamações de candidatos.Cinco concursos já haviam sido anulados - para fonoaudiólogo, nutricionista, economista, estatístico e bibliotecário -, e as reclamações continuavam chegando.
A principal delas é plágio nas provas. Após avaliar o caso a Secretária de Estado de Administração, Maria Aparecida Cavalcante, decidiu pela anulação das provas.
O novo concurso, que teve a participação de 6.425 pessoas, ainda não tem data de realização.
(Com informações do Portal ORM)

O público e o privado

O Bradesco já é o maior banco do estado do Amazonas, todo mundo já sabe.
No Pará, o banco avança sobre contas de prefeituras antes concentradas em bancos oficiais.
Em Itaituba, bem na surdina, o prefeito Roselito Soares mudou da Caixa e do Banco do Brasil para o Bradesco o pagamento dos servidores municipais.
Em contrapartida, o banco vai aplicar R$ 3 milhões em obras e serviços públicos em Itaituba.

Eclipse da lua hoje

Se o tempo melhorar - chove em Santarém desde a noite de ontem- o santareno poderá assistir a um belo espetáculo a partir das 20h37.
Trata-se do eclipse total da lua, que terá a duração de 50 minutos. A fase será perceptível a olho nu.
Todo o fenômeno terá a duração de mais de três horas..

Governadora cogita usar coleta à prova de balas para enfrentar madeireiros

A governadora do Pará, Ana Júlia Carepa endureceu o discurso contra a ação de madeireiros"inescrupulosos" que saqueiam os recursos da floresta paraense. Ela se referiu diretamente aos madeireiros de Tailândia, sudeste doEstado, onde o governo executou a operação "Gardiões da Amazônia", em parceria com o Ibama, com o objetivo de combater o desmatamento ilegal na região.
"Vamos continuar a operação contra o desmatamento ilegal, nem que eu tenha de andar de colete à prova de bala", disse.
Ana Júlia Carepa disse que a operação vai continuar, "doa a quem doer".
Ela acusou os madeireiros de usar a população de Tailândia para agir contra a ação do governo. "Não vamos nos intimidar", disse ela.
(Com informações da Agência Pará)

Jonas Pinheiro era um entusiasta do asfaltamento da Br-163

De Antenor Giovanni, sobre o senador Jonas Pinheiro(DEM-MT), falecido hoje:

"Com certeza a agricultura brasileira perdeu um dos seus maiores baluartes e defensores. Se a BR era um sonho com ele vivo, com sua morte a coisa fica mais distante pela perda de um grande batalhador."

Juiz indefere liminar para anular eleições da Uepa

O juiz José Torquato Araújo de Alencar, da 1ª Vara da Fazenda da Capital, indeferiu nesta quarta-feira a concessão de liminar requerida pelo professor Sílvio Gusmão para anular as eleições para reitor da Universidade do Estado do Pará (Uepa), nas quais o autor do pedido foi o primeiro colocado.
A decisão do juiz, que pode ser acessada no sistema de consulta on-line da Justiça Estadual (clique aqui e procure o processo número 200810104501) não encerra, todavia, a questão debatida em juízo. Ele apenas negou a concessão da liminar, mas mandou citar os réus, no caso o professor Bira Rodrigues, segundo colocado no pleito para reitor, e o vice em sua chapa, Jofre Jacob da Silva Freitas.
Mais detalhes aqui no EspaçoAberto.

Presidente da AMB visita Belém

O presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), juiz Mozart Valadares Pires, estará em Belém-PA nesta sexta-feira, dia 22 de fevereiro, para participar da solenidade de posse da nova diretoria da Associação dos Magistrados do Estado do Pará (AMEPA).
Esta será a primeira visita oficial do atual presidente da AMB ao Pará. Eleito em novembro com 82,65% dos votos, Valares tomou posse no dia 12 de dezembro de 2007, em cerimônia realizada em Brasília-DF.

Pesquisa mineral na Calha Norte (2)

Denominada Curuá, a nova província mineral é um achado que surpreendeu até mesmo os diretores da Rio Tinto. O potencial é de pelo menos 4 bilhões de toneladas de bauxita de boa qualidade, o que garante a produção por mais de 400 anos.
A empresa teve que parar as atividades de pesquisa na região desde a criação Estação Ecológica Grão Pará, n final do governo Simão Jatene.
A estação ecológica bloqueia entre 85 a 90% da nova província mineral, impedindo qualquer avanço na pesquisa. O restante ficou dentro da Floresta Estadual (Flota) Paru, onde é permitida a exploração, mas o prosseguimento da pesquisa nesta pequena área ainda dependia de uma licença da Secretaria de Meio Ambiente do Estado. Até mesmo o acampamento montado pela empresa no meio da selva ficou dentro da Esec, impedindo o seu uso pelos pesquisadores.
A área total onde a Rio Tinto estava realizando a pesquisa é de 120 por 9 quilômetros, totalizando cerca de oito mil quilômetros quadrados.
De acordo com Cláudio Coimbra, gerente de projetos da empresa, apenas 22% desta deste território seria a área de lavra, onde a maior quantidade de bauxita está concentrada. A área de pesquisa representa apenas 0,7% de todas as áreas de proteção ambiental do Pará e 2,8% de todas as áreas de proteção integral do Estado.
Pelas pesquisas realizadas até agora é possível prever a implantação de um mega projeto de mineração na região, que inclui a extração da bauxita em mais de 70 platôs (área mais alta onde o minério está localizado), processamento inicial da bauxita e a fabricação da alumina, com a instalação de uma refinaria. A expectativa da empresa era que dentro de quatro a oito anos o projeto já estivesse em fase de instalação,
Segundo Cláudio Coimbra, a empresa já investiu 9,5 milhões de dólares nas pesquisas e tinha mais 17 milhões de dólares previstos somente para o ano passado.
(Com informações de Paulo Leandro Leal)

Pesquisa mineral na Calha Norte

A Rio Tinto vai recomeçar em abril as sondagens geológicas que estavam suspensas desde o ano passado, na província mineral Curuá, localizada entre os municípios de Monte Alegre e Alenquer, a 250 quilômetros de distância do Rio Amazonas.
O empreendimento é superior ao da Alcoa em Juruti.

Pará vai sediar exposição internacional de mineração

O Estado do Pará será sede, de 10 a 13 de novembro deste ano, da Exposição Internacional de Mineração da Amazônia (Exposibram Amazônia 2008), que será realizada no Hangar, em Belém. O evento será realizado pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), com apoio do Governo do Estado e Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa).
(Paulo Leandro Leal)

Coluna do EStado - 20/02/2008

Democracia à moda dos Martins
O líder do PV na Câmara de Vereadores, Valdir Matias Jr (PV) destaca como melancólico o pronunciamento da prefeita Maria do Carmo, na última quarta-feira (13), no inicio dos trabalhos legislativos da Câmara Municipal, quando disse que, se a população não votar nela, seria uma injustiça.
Valdir disse que a afirmação da prefeita é desrespeito à vontade do eleitor que deve escolher, pelo voto livre e secreto, quem deseja ver no comando do município.

Efetivo pequeno
O vereador Reginaldo Campos (PSB) lamenta a fragilidade da Policia Militar em nossa região, aonde a violência vem aumentando de forma assustadora. "Apenas 180 homens não são suficientes, precisamos de no mínimo 500 para nossa região", disse o parlamentar.

Pé frio
O vereador Henderson Pinto (DEM) anotou que foi só chegar o final o pronunciamento da prefeita Maria do Carmo, garantindo que a dengue estava controlada em nosso município, e que no mesmo dia, um tenente da Marinha e um jovem de 7 anos, morreram com dengue hemorrágica.

Contra-ataque
A líder do PT na Câmara, vereadora Odete Costa (PT) criticou as pessoas que não atendem os agentes de saúde da prefeitura, não permitindo a entrada dos mesmos em suas residências. Sem ter muito que contestar as críticas da oposição, a vereadora partiu para o ataque, alegando que os 40 milhões de dívidas deixados pela administração passada foram pagos, caso contrário a prefeitura não poderia receber recursos dos governos federal e estadual.

EXPRESSAS

Advogados do Diretório Nacional do Democratas estão debruçados desde janeiro analisando a aplicação de resolução do Conselho Nacional de Justiça, tomada em 2006, que veda a filiação de promotores de justiça a partidos políticos, a exemplo do que já acontece a outros integrantes da magistratura. Planejam esquentar a campanha eleitoral em Santarém impugando a candidatura à reeleição da prefeita Maria do Carmo, se a Justiça Eleitoral paraense não o fizer antes. Aldir Viana, promotor criminal que atuou em Santarém e era filiado ao PSDB, partido pelo qual se elegeu deputado estadual, teve de pedir desfiliação atendendo à resolução do CNJ. *** Breves parece que está reclamando a naturalidade de Odair Corrêa. Sábado, o vice-governador recebeu o título de cidadão daquele município. O pai de Odair nasceu em Breves e isso foi suficiente para a câmara conceder-lhe a comenda. Santarém agradece. *** A prefeita Maria do Carmo tira com uma mão e dá com a outra. Foi o que aconteceu com a contratação emergencial de 30 agentes de saúde para o combate à dengue. A medida deveria ser elogiada, mas os agentes contratados depois das mortes por dengue hemorrágica servem, apenas, para suprir a demissão de outros 30 agentes da Semsa. *** Quer dizer: por causa da demissão de 30 agentes, a cidade ficou desprotegida, já que contava até o ano passado com 80 agentes, ficando o quadro de agentes de combate à dengue reduzido a 50 agentes.*** Agora, com a casa arrombada, a prefeita quer colocar tranca na porta. *** O ex-deputado federal José Priante passou a defender o lançamento de candidatura própria do PMDB à Prefeitura de Santarém, a exemplo do que já vem pregando o advogado Helenilson Pontes. *** O deputado Antônio Rocha, presidente do partido, tem dito a militantes do partido que está disposto a se candidatar a prefeito se puder liderar uma ampla coligação, inclusive, contando com o apoio da oposição ao PT no município. *** Mas Helenilson Pontes também tem dito a amigos que é candidato a prefeito e que esse foi o acordo firmado com o presidente do PMDB, deputado federal Jader Barbalho, para que o advogado ingressasse nos quadros do partido. *** Quando se espera que o Pará avance, eis que somos surpreendidos por medidas que já foram adotadas há mais de 30 anos e não deram certo, mas que voltam como fórmulas salvadoras para combater os crescentes índices de violência. *** É o caso do balão de ensaio da 'requisição' de um militar do exército para comandar a PM paraense. *** Para refrescar a memória dos que estão inventado a pólvora neste governo, Alacid Nunes também testou a fórmula por algum tempo e viu que a medida não fedeu nem cheirou. *** Ao contrário de Halmélio Sobral, a nova secretária de saúde do estado Laura Rosseti é bastante amável com a imprensa e não se furta a responder a nenhuma pergunta dos repórteres, mesmo aquelas indigestas para ela. *** Rosseti está em Santarém desde sexta-feira montando um plano para por, finalmente, em funcionamento o hospital regional do Baixo-Amazonas, cuja previsão agora é até o final do ano, incluindo os serviços de oncologia. *** Imóveis alugados de parentes da prefeita Maria do Carmo para a prefeitura estão com contratos vencidos, mas os pagamentos dos aluguéis estariam em dia. A conferir. *** Artigo do deputado estadual Alexandre Von sobre os escândalos que envolvem a administração do hospital regional está publicado à pagina 2 desta edição. *** Nada justifica a baderna ocorrida em Taliândia por causa da demissão de empregados da indústria madeireira, alvo de fiscalização cerrada do Ibama. Se fosse por isso, Santarém era uma praça de guerra tantas que foram as demissões efetivadas no município pelo mesmo motivo. *** Durante a posse da nova diretoria do Sindicato dos Radialistas, sábado à noite, na sede do Veterano Esporte Clube, chamou a atenção um tópico da ata lida aos presentes: as mensalidades de associados aquela entidade recolhidas em folha pela TV Santarém não são repassadas aos cofres do sindicato. O texto lido e aprovado falava no nome de Marlio Cunha como sendo o responsável retenção indevida do dinheiro que pertence aquela entidade sindical.

Onde mora o perigo

Faixa afixada no Colégio Frei Ambrósio.
Apesar do perigo, as aulas reiniciam amanhã.

MINÉRIO - A Vale nos vale?

Lúcio Flávio Pinto
Editor do Jornal Pessoal e articulista de O Estado do Tapajós

O Pará é uma das bases do enriquecimento da Vale do Rio Doce e do seu futuro. Mas não consegue partilhar os benefícios da empresa. Ela cresce cada vez mais, enquanto o Estado segue em rota oposta. Há como conciliar os dois sentidos ou estamos condenados a ser um detalhe na grandeza da corporação?

Quando a mina de Carajás começou a produzir, em 1984, cada tonelada de minério valia 15 dólares. Até que a China entrasse vorazmente no mercado internacional, na passagem do milênio, modificando de forma tão drástica o perfil do setor, o preço do produto nunca fora além de US$ 25. Hoje, o rico minério de Carajás embarca no porto da Ponta da Madeira, em São Luís do Maranhão, a US$ 50, mas chega à China a US$ 140. O frete marítimo, de US$ 90, é quase o dobro do valor de produção do minério e do frete terrestre, para transportá-lo pelos quase 900 quilômetros da ferrovia de Carajás.
Sem o "fator chinês", cuja dimensão nenhum futurológo pôde prever, os 100 milhões de toneladas que a Companhia Vale do Rio Doce extraiu no ano passado da melhor mina de minério de ferro do planeta (de um total de 300 milhões de toneladas de sua produção) lhe renderiam, numa hipótese provável, 2 bilhões de dólares. Mas a empresa faturou em 2007, só em Carajás, como mineradora de ferro, US$ 5 bilhões brutos (sua receita global deve ter superado US$ 32 bilhões). No entanto, quanto arrecadou de frete, através da sua empresa de navegação? Certamente mais do que como mineradora. Os números exatos, porém, ninguém conhece. Essa é uma informação que a Vale não gosta de partilhar com a opinião pública.
Mais de 30% da produção de ferro de Carajás vai atualmente para a China. Incluindo o Japão, a Ásia é o destino de quase 60% dessa montanha de minério, transferida entre mares de um continente para outro. Nesse caso, o valor do frete asiático ultrapassa em 10% os US$ 5 bilhões de receita bruta da Vale com a venda do minério de Carajás. Parte considerável desse valor entra para os cofres da ex-estatal, através da sua própria empresa de navegação, que trocou de razão social provavelmente para permanecer à sombra da holding. A outra parcela é paga a terceiros. Admitindo-se, para efeito de raciocínio, que o frete médio para os 40 milhões de toneladas restantes da produção de Carajás, destinada principalmente à Europa, represente um terço do custo asiático, o transporte internacional de minério ainda movimentará mais US$ 1,5 bilhão. Conta final dos fretes de Carajás: uns US$ 8 bilhões.
Somadas as duas contas, só o minério de ferro de Carajás representou, no ano passado, 13 bilhões de dólares. Quanto desse valor ficou para o Estado do Pará? Se forem incluídos na avaliação itens como a massa de salários, a compensação financeira, o royalty e compras locais, a percentagem pode ir a algo próximo de 10%, se tanto. O índice podia crescer significativamente se a Vale pagasse ICMS, do qual foi poupada pela nefanda lei Kandir (por coincidência, entrou em vigor no ano da privatização da CVRD), que desonerou os exportadores de matérias primas e produtos semi-elaborados. E subiria muito mais se, no estabelecimento de algum equilíbrio entre a empresa e o Estado, fosse considerado como parâmetro o PIB do minério de ferro.
O que a Vale está deixando em território paraense é uma pequeníssima parte da riqueza que o Pará lhe possibilita alcançar. Ainda mais se considerados os outros bens minerais que a empresa já está explorando ou vai começar a explorar (e em escala aceleradamente intensificada) em Carajás: cobre, níquel, ouro e manganês, que, somados, em pouco tempo, ultrapassarão o valor da conta do minério de ferro, se forem destinados a mercados de boa receptividade. Considerados ainda a bauxita, a alumina e o alumínio, o Pará é o reduto por excelência da diversificação que a Vale busca para sair da dependência do minério de ferro, ainda a sua principal mercadoria.
O futuro da Vale tem sua matriz no Pará, mais do que em qualquer outro Estado brasileiro e qualquer das regiões do mundo nas quais a empresa já se fixou (Canadá, Moçambique e Indonésia). Depois de ter adquirido em 2006 a canadense Inco, dona da maior reserva de níquel e segunda maior produtora desse metal, por 19 bilhões de dólares (o maior negócio já feito por uma empresa da América do Sul), a Vale está se propondo um lance de valor mais de quatro vezes superior (entre US$ 80 bilhões e US$ 90 bilhões): a compra da anglo-suíça Xstrata, a sexta maior mineradora do mundo, com presença forte em cobre, níquel e carvão. As jazidas de cobre e níquel de Carajás deverão contribuir bastante para colocar a Vale no topo do ranking internacional dessas substâncias, em associação com os novos depósitos adquiridos em outros países pela companhia.
Desta vez, ao que parece, a opinião pública está mais atenta do que durante a operação com a Inco. Mas não parece tão bem informada para avaliar adequadamente o significado desse negócio. Apesar das declarações tranqüilizadoras do presidente da Vale, Roger Agnelli, sugerindo que sua empresa já tem porte suficiente para encarar um desafio internacional de tal envergadura, deve-se recear pela evolução no grau de desnacionalização da antiga estatal. A característica original dessa desnacionalização não é a perda do controle formal da empresa, já que, na pior das hipóteses, as ações ordinárias representarão metade do capital total da monstruosa corporação que resultaria da simbiose entre a Vale e a Xstrata, com valor de mercado batendo próximo de US$ 200 bilhões. O controle nominal do capital continuaria com o fundo de previdência Previ (dos funcionários do Banco do Brasil), o Bradesco e o BNDES.
Alívio para os nacionalistas? Só para eles. Um olhar mais rigoroso sobre os papéis evidenciará de imediato que a Mitsui, mesmo sendo uma compradora de minério da Vale, passou por sobre as normas da desestatização e hoje tem seu naco de ações ordinárias, que lhe conferem participação nas decisões da empresa. O Bradesco, principal agente da modelagem da venda, em 1997, também transformou em pó as salvaguardas do edital de alienação e hoje é o segundo maior acionista. E o Bradesco, através de sua cria de maior sucesso, Roger Agnelli, fez da criatura sua imagem e semelhança. A Vale está se tornando uma típica paper company dos novos tempos, entidade de marca mais financeira do que econômica, apesar de seus volumosos ativos materiais.
O significado desse novo perfil (de velha conformatura, mas com ênfase original) pode ser aquilatado pelas aventuras do empresário Eike Batista, o alquimista do papel. Ele usa uma fórmula-padrão: junta informações privilegiadas, recruta gente estrategicamente situada, tirando-a de seus empregos com salários vantajosos e participação na receita, e investe como um bólide em setores de risco - mas de futuro - para aplicar golpes de audácia fantástica. Em um ano criou uma empresa de mineração e a está vendendo à Anglo American por incríveis US$ 5 bilhões, 50% a mais do que o valor de compra (US$ 3,2 bilhões) do controle acionário da CVRD, que hoje vale US$ 140 bilhões.
Se a MMX é pouco mais do que papel (sua única jazida real está no Amapá), por que a Anglo se dispôs a gastar tanto? Provavelmente para conquistar posições no país (ainda) sede da Vale, justamente a empresa que a destronou do segundo lugar dentre as maiores mineradoras mundiais. Seu foco está na infraestrutura, que poderá montar com o controle de uma empresa de grande potencial, e na detenção de informações privilegiadas.
A Vale não apenas tem jazidas valiosas no Brasil: possui uma logística sem pararelo em qualquer outro país. Essa rede de transporte e de energia só pôde ser formada graças à sua condição de empresa estatal. Quando foi privatizada, esse fator foi equivocamente considerado circunstancial e sub-avaliado, como todo processo de privatização, uma das chagas abertas no coração dos interesses nacionais pelo governo do príncipe Fernando Henrique Cardoso, nosso tardio déspota esclarecido.
A desnacionalização, camuflada, mas poderosa, vem a reboque dessa teia de engrenagens financeiras, tecida por personagens como Agnelli em gabinetes e bolsas espalhados pelo planeta, sem muita consideração por sedes territoriais e governos nacionais. Quando comprou a Inco, por pressão do governo canadense, a Vale cedeu o poder decisório sobre o níquel, que agora está no Canadá. Apenas transitoriamente? É o que a Vale declara, mas por enquanto não pode oferecer como garantia mais do que palavras. De fato, Carajás passou a ser um elo da engrenagem do níquel comandada a partir do Canadá.
O mesmo, em escala multiplicada, poderá acontecer com a incorporação da Xstrata, se a compra vier a se consumar. Só que, por seu tamanho, a operação será ainda mais intrincada. Dos 80/90 bilhões de dólares de que precisará, a Vale já tem a garantia de um consórcio de bancos para US$ 50 bilhões. Espera amealhar US$ 30 bilhões com a troca de ações preferenciais com os acionistas da Xstrata para manter seu endividamento num valor aceitável pelas agências de risco (que seria em torno de US$ 35 bilhões, mas deverá estourar esse limite). O restante virá por outras vias (o BNDES de sempre, agora ainda mais disposto, e geração de caixa).
Os jogadores de Wall Street já têm dois terços das ações preferenciais, que representam 40% do capital global da Vale (e chegarão a 50% se a transação com a Xstrata for realmente realizada). Ao invés de pulverizar suas ações no Brasil, tornando-se uma empresa do tal capitalismo popular, a Vale será, cada vez mais, um braço das paper company e seus boys de ouro. O que elas querem? Dividendos e mais dividendos, negócios e mais negócios, preços sempre mais elevados, lucros e lucros.
Essa sofreguidão é tanta, ao sabor das selvagens regras do mercado financeiro, que cada notícia de compra de empresa pela Vale é seguida por uma queda das suas ações. É o reflexo da expectativa de redução do pagamento de dividendos, que todo investimento de expressão provoca a curto e médio prazo. Perder posição na classificação de risco afeta a imagem da companhia em Nova York, a principal bolsa de comercialização de seus papéis, onde a Vale foi a empresa estrangeira mais negociada no ano passado.Se montanhas de commodities continuarão a ser sugadas do Pará no rumo da China insaciável, deixando buracos no ponto de origem, isso é detalhe, ou circunstância. É nisso em que nos estamos a transformar - e a reduzir. Não é um destino glorioso, nem justo. Mas o tempo passa e a possibilidade de reverter esse quadro se torna mais remota, inclusive porque os patamares elevados de preços não se manterão e a crise, mesmo com a poderosa demanda chinesa, está batendo à porta. Quando se for abri-la, ela revelará uma surpresa: o que podia ser uma fonte de riqueza será uma forma de pobreza.

Jarbas Passarinho - Os cartões e a ditadura

Tenho um amigo fraterno que acha inútil a defesa dos incessantes ataques ao período militar quando descabidos e alimentados só pela vendeta. Não prosperam, para os radicais da esquerda, as provas irrefutáveis. Os militares venceram as guerrilhas comunistas, mas perderam a batalha das comunicações. Não me contenho diante da litania, que inclui falsidades históricas, repetidas há mais de duas décadas desde o fim do ciclo militar. Maniqueísmo puro. Desmascarada, porém, a propaganda mentirosa não pára. Agora, à falta de outras fantasias, a "ditadura" é responsável pela existência dos cartões corporativos criados em 2001, e a culpa recai no Decreto-Lei nº 200,que, pelo talento de Hélio Beltrão, mudou a estrutura administrativa do Estado.
O marechal de França Louis-Lyautey dizia que certas idéias ou pessoas são comparáveis à lagosta: "Tira-se dela a carne, mas permanece a carcaça". É o caso do PPS, nova sigla do antigo PCB, após o colapso da União Soviética. Acaba de descobrir que Lula, em nome da segurança nacional, quer sejam sigilosos os gastos feitos pelos cartões corporativos da Presidência da República. "Escorou-se" - diz ele - no Decreto-Lei 200, "um decreto da ditadura, editado num tempo em que a Constituição mudava de acordo com os interesses da doutrina da segurança nacional". O decreto é de 1967, proposto ao presidente pelo democrata
Hélio Beltrão para modernizar a administração. Foi publicado normalmente. A imprensa era livre, como nunca foi nos países comunistas, ainda hoje em Cuba, na China e na Coréia do Norte - e assegurados os direitos fundamentais que os marxistas dizem formais.
Todos os países democráticos dão tratamento secreto ao custo da segurança nacional. No atual governo, despesas secretas consumiram R$ 37,5milhões, jamais comparáveis a cartões corporativos para pagar despesas emergenciais que nada têm com segurança nacional, ainda que se sustente que as peças de roupa do presidente da República, entregues para lavar, podem comprometer a segurança nacional. Se conhecidas as características de um colete à prova de bala, o inimigo estudará como perfurá-lo, diz-se. E se na lavanderia houvesse araponga, de que adiantaria a cautela governamental? E a lavanderia seria parte do palácio ou decorreria de uma licitação (coisa em que o PT é mestre) em que o edital exigisse segredo quanto à peça protetora? O melhor, mesmo, é não amarrotar os ternos do famoso estilista Armani, caríssimos, com coletes balísticos, que, se usados, fariam Lula se parecer com um fuzileiro americano, combatendo no Iraque sem vencer.
Aliás, de nada têm valido os coletes diante da detonação de bombas de muçulmanos suicidas. Ademais, o traje também não se prestaria para cerimônias solenes ou simples mas com a participação de presidentes, como se deu nas águas do Oiapoque recentemente. Enquanto Sarkozy, que trajava paletó e gravata, como burguês, Lula teria sido prejudicado porque o colete desfiguraria a bela camisa de meia-manga caribenha com que recebeu o colega francês. Também, não procede a necessidade de evitar que bebidas finas e destiladas incluídas nas compras para as adegas governamentais pudessem sugerir a um repórter maldoso concluir que é prova de alcoolatria. De resto, além da maldade, essa conclusão seria uma tolice e provaria a ignorância histórica do intrigante.
Yeltsin não apenas bebia muito; era alcoólatra, assim reconhecido pela mídia universal. Mas de cima de um carro de combate, sóbrio ou não, abortou o golpe frustrado de 1991, que pretendeu depor Gorbachev, e antecipou o colapso da União Soviética, de que têm tanta saudade Fidel Castro, as Farc e muitos "companheiros" do Foro de São Paulo, de que Lula foi um "olheiro" apenas, decepcionando depois as viúvas de Marx e os filhotes de Lênin. Nas dezenas de países que já visitou, também não teria cabimento apresentar-se encorpado no colete, pois seria insultuoso para com os visitados.
O que é preciso, sim, não é justificar o injustificável. Quem tem razão é Jefferson, não o de 1776, mas o desbravador do mensalão, ou outro figurão da política: "A culpa não é dos cartões, mas dos seus portadores". E maior será, ainda, dos políticos da suposta oposição se não derem curso à CPI mista só porque os governistas (muitos dos quais trocaram as mensalidades pelas indicações de postos e funções na máquina governamental) usaram um instrumento constitucional da minoria, não do governo, dispondo da maioria dos seus membros, o presidente e o relator. Ou estão negociando um acordo capaz de impedir a investigação por medo de jogarem pedra no seu telhado, ou suas vozes terão repercussão nacional se a mídia cumprir seu papel. Basta que um deles proponha algo que o governo, se negar, estará confessando a culpa. Do contrário, o melhor é atacar o decreto-lei da ditadura que não existia em 1967, todas as liberdades fundamentais asseguradas.

Hospital regional: mais um ano de espera

Entrevistada por O Estado do Tapajós, a secretária estadual de saúde Laura Rosseti admitiu que o Hospital Regional do Baixo-Amazonas só vai funcionar plenamente no final de 2008, isto é, dois anos após ter sido inaugurado.
Ainda no assunto: o deputado estadual Alexandre Von esmiuça os escândalos ocorridos na administração daquele hospital, como resume o site Espaço Aberto.

Manchetes da edição impressa desta quarta-feira de O Estado do Tapajós

DINHEIRO CHEGA ATRASADO E ATOLEIROS IMPEDEM
TRÁFEGO NA TRANSAMAZÔNICA E SANTARÉM-CUIABÁ

AGENTES DE SAÚDE VÃO APONTAR TERRENOS BALDIOS QUE SERÃO MULTADOS

AULAS RECOMEÇAM NO FREI AMBRÓSIO MESMO SOB RISCO DE DESABAMENTO

JUÍZES SUGEREM CONSTRUÇÃO DE CADEIA FEMININA EM SANTARÉM

Aquino e mais 10 têm sigilo bancário quebrado e bens bloqueados

Notícia de primeira do 5ª Emenda:

A Justiça Federal tornou indisponível os bens do notório Pedro Aquino, o morubixaba da DS petista no oeste do Pará, e do chefe da Divisão de Desenvolvimento do INCRA na área, Luiz Edmundo Leite Magalhães, que terão tornados indisponíveis R$ 2,7 milhões de seus bens com o objetivo a ressarcir os cofres públicos.
Belo patrimônio, hein?A medida também espatifou os dados bancários de todos os envolvidos nas irregularidades conhecidas como assentamentos de papel, os nacionais Sílvio Carneiro de Carvalho, Dilton Rego Tapajós, Raimundo Guilherme Pereira Feitosa, Bruno Lourenço Kempner, Brunilda Meurer Nascimento, Samuel Ribeiro Figueiredo e José Wilson de Aguiar.