sábado, 15 de março de 2008

São Raimundo é goleado em Marabá

Terminou o jogo em Marabá.
Águia 4 x 0 São Raimundo.
Marclésio, artilheiro do campeonato paraense, fez os quatro gols da partida.
Renda: R$ 16 mil
Público:1.492 torcedores pagantes.

àguia 4 x 0 São Raimundo

Marclésio, de pênalti, aos 45 do segundo tempo faz Águia 4 x 0 São Raimundo.

Governo determina adição de 3% de biodiesel a partir de julho

Com capacidade instalada para produzir o triplo da necessidade atual, as usinas de biodiesel vão ganhar um reforço na demanda a partir de 1º de julho. A partir dessa data, será elevada de 2% para 3% a quantidade de biodiesel que deve ser obrigatoriamente misturado ao óleo diesel oferecido nos postos de todo o país.
Nas contas do Ministério de Minas e Energia, as 37 usinas autorizadas pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) poderiam fornecer até 2,5 bilhões de litros de biodiesel por ano, quantidade suficiente para abastecer a frota nacional com misturas de até 5%. Por enquanto, com a mistura de 2%, o consumo é de aproximadamente 840 milhões de litros por ano.
O aumento de um ponto percentual, portanto, deve elevar a demanda para mais de 1,2 bilhão de litros anuais. Para o governo, um dos benefícios imediatos é a redução proporcional nas importações de óleo diesel, pois o país compra no exterior 7% do combustível utilizado.
Quando começou a valer a obrigatoriedade da mistura de 2%, em janeiro, a expectativa era de uma economia, já em 2008, de até US$ 900 milhões.

Águia vai derrotando São Raimundo:3x0

Em Marabá(2ºTEMPO)ÁGUIA 3 X 0 SÃO RAIMUNDO
Águia 1X0:Marclésio 2'1º
Águia 2X0:Marclésio 11'1º(100ºgol no campeonato)
Águia 3X0:Marclésio 9'2º(gol olímpico)

São Raimundo x Águia

Pela 8ª rodada do Parazão 2008, no estádio Zinho de Oliveira em Marabá, às 18h30, Águia e São Raimundo fazem o segundo jogo da rodada no sábado, que começou de manhã com a vitória do Ananindeua sobre o Pedreira por 2x1.

Defensoria Pública em Santarém

Do site Agonia ou Extase

O NAECA - Núcleo de Atendimento Especializado da Criança e do Adolescente da Defensoria Pública do Estado do Pará estará sendo implantado em Santarém, no próximo mês.A Prefeitura Municipal local não ofereceu nenhum apoio ao treinamento da equipe interdisciplinar formada por Defensores Públicos e técnicos da área social, que irão prestar atendimento jurídico-social, inclusive auxiliando os Defensores Públicos do Estado nas áreas da infanto-juvenil, mesmo a prefeita sendo uma promotora pública e sabedora da necessidade desta atenção.
Deveria ser orientada pelo gestor de Augusto Correa, que montou toda a infra-estrutura, contratou técnicos para que o programa funcionasse naquele município.

MADEIRA

No R-70 deste sábado:

Enfim
A primeira reunião do Grupo de Acompanhamento da crise do setor florestal, este ano, está marcada para esta segunda-feira, no Conselho Estadual de Meio Ambiente. Prefeitos, deputados, trabalhadores, empresários e profissionais do setor florestal vão discutir soluções para a liberação de planos de manejo e de licenças ambientais pendentes na Secretaria do Meio Ambiente.
Pilha
Desta vez, o secretário de Meio Ambiente, Valmir Ortega, estará presente e ouvirá os questionamentos do setor, além de apresentar as medidas tomadas pela sua secretaria para conter a crise. Na última reunião do grupo, que ocorreu em dezembro, foi apresentado um balanço que, na época, apontava a existência de mais de 900 planos de manejo florestal e 104 projetos de reflorestamento aguardando liberação, sem contar os processos de renovação de licença de operação, que passavam de 500.

Tribunal do júri condena agricultores

Os agricultores da comunidade de Santana do Ituqui, Marcilio Siqueira Santose Gilvane Néris Santos foram condenados na madrugada de hoje pelo Tribunaldo Júri da 6ª Vara Penal, por terem assassinado à pauladas o tambémagricultor Cleiton Guimarães, em 18.08.2005.
A sessão se arrastou até às três da manhã, depois de serem ouvidas 10 testemunhas.
Os defensores públicos Adleer Sirotheau e Danylo Colares defenderam a tesede negativa de autoria, mas os sete jurados do Conselho de Sentença acatarama tese defendida pela promotora Érika Oliveira, de homicídio duplamentequalificado, cometido por motivos torpe e fútil, e sem dar condições dedefesa à vítima, que estava embriagada.
O juiz Alessandro Ozanan, da 6ª Vara Penal, definiu a pena dos condenados em 18 anos e 6 meses de reclusão para Marcílio e 17 anos e 6 meses de reclusãopara Gilvane. A defesa não se pronunciou se vai recorrer da decisão.
(Fonte: 6ª Vara Penal)

Ingresso para ouvir Miriam Leitão em Belém custa R$ 150,00

"Conjuntura Econômica e Perspectivas".
Este é o tema da palestra que a jornalista Miriam Leitão, comentarista do Bom Dia Brasil e Rádio CBN, colunista do jornal O Globo, e entrevistadora da Globo News fará em Belém, dia 17 de março, segunda-feira, no salão Karajás do Hilton Hotel.
Quem quiser assisitir à palestra de Mirian Leitão terá de pagar R$ 150,00.

PONTUANDO - José Olivar

O resultado da votação para Desembargador, pelos advogados, para escolha da lista sêxtupla não causou muita surpresa, exceto a quem pensava que certos candidatos não lograriam êxito. Eis a lista dos seis mais votados, pela ordem: Haroldo Guilherme, Edílson Dantas, Paulo Klautau Filho, Ana Maria Barata, Paulo Weyl e Leonam Cruz. Vamos aguardar a lista tríplice do TJE. * A entrevista concedida a esta coluna pela Desembargadora Albanira Bemerguy tem gerado comentários positivos pela firmeza das respostas. * A posse do suplente do PSDB, Francisco de Sousa (Chiquinho da UMES), que ganhou a vaga de vereador com a decisão do TRE contra o Luiz Alberto, foi efetivada quarta-feira, pela Presidência da Casa, após o novo Vereador comparecer ao Plenário com a documentação necessária. * O STF, infelizmente, manteve decisão da 16ª Vara do Distrito Federal que julgou ilegal greve dos advogados públicos federais deflagrada desde 17/01/08. * Atenção advogados: o TST decidiu, pela 6ª Turma, que a multa de 10%, do art. 485-J do CPC, incidente nas execuções, não se aplica ao processo trabalhista *Você sabia que medida provisória pode regulamentar lei? O STF decidiu positivamente. * Os usuários de telefones fixos querem saber qual a razão de se discar o número e só completar a chamada após se discar a segunda vez, Com a palavra a OI/TELEMAR. * O sinal da Tim é igual caprino: não pode ver chuva que se esconde. Que sofram os usuários! * O deputado Lelo Coimbra do PMDB/ES, quer criar um cadastro nacional de condenados por atos de improbidade administrativa para que todos os cidadãos tenham acesso. * Está em estudo na Câmara Federal projeto de lei que inclui nos concursos públicos a obrigatoriedade de questões sobre o Estatuto da Advocacia. * Mais de 1,2 milhões de contribuintes em todo o Brasil, já entregaram a declaração do Imposto de Renda na primeira semana após o início do envio de informações. * O brusco falecimento do Vice-Prefeito Delano Riker pegou a todos de surpresa. Meus pêsames à família. Sua morte desfalca o PDT do Vice-Governador Odair Corrêa. * Têm pessoas que escondem nas lágrimas e na cara triste as traições e maldades do passado. Quanta perfídia! * Quem votou na Ana Júlia já deve ter se arrependido muito, principalmente quem precisou do Hospital Regional para tratamento de alta complexidade inexistente naquele Hospital, pois até hoje só funciona na propaganda.

MANCHETES DA EDIÇÃO IMPRESSA DE O ESTADO DO TAPAJÓS

MP NOTIFICA EMPRESAS QUE MEIA-PASSAGEM É ILIMITADA

ALTA DO PEIXE PODE LEVAR AO CONSUMO DE CARNE NA SEMANA SANTA

PROMOTORA INSPECIONA TERMINAL NA SEGUNDA-FEIRA

86 CASOS CASOS DE VIOLÊNCIA CONTRA MENOR

INCRA INICIA LEGALIZAÇÃO DE ASSENTAMENTOS

HOSPITAL REGIONAL NÃO TEM AUTONOMIA, DESABAFA MÉDICO

Lojistas culpam prefeitura pelos estragos causados por forte chuva

Lojistas do chamado Belocentro, a avenida Lameira Bitencourt, tiveram enormes prejuízos com a chuva que caiu esta madrugada sobre Santarém.
Revoltados, os comerciantes responsabilizam a prefeita Maria do Carmo pelos prejuízos causados pela enxurrada que invadiu as lojas.
Só em uma tradicional sapataria foram perdidos 2 mil pares de calçados.
Segundo os lojistas, o nível alto do passeio e a falta de uma drenagem adequada no calçadão faz com que as lojas fiquem vulneráveis à invasão da água da chuva.

Memória de Santarém - por Lúcio Flávio Pinto



Santarém 1943 - O primeiro ginásio

Santarém estava mesmo muito longe de tudo, até da capital do Estado, conforme atesta esta notícia. Era preciso ter paciência para esperar qualquer providência vinda de fora e ainda ficar alegre quando ela, mesmo ainda sem estar realizada, pelo menos se encontrava em andamento. A nota também revela como foi difícil criar o primeiro ginásio do município.
Depois de longas semanas de espera, a diretoria do Ginásio Dom Amando recebeu a grata notícia de que o Ministério da Educação havia designado para fazer a verificação local do Ginásio Dom Amando ao Inspetor do Colégio N. S. do Carmo Teodósio Rosa. Com esta designação, a luta de longos anos pela criação dum ginásio em Santarém foi coroada com uma brilhante vitória, que é tanto mais significativa porque alcançada em tempos tão difíceis como os que vivemos.

Dom Amando, 65 anos

Paulo Bemerguy

(...)
Ninguém que tenha passado pelo Dom Amando se esquecerá da professora Edith Bemerguy, a secretária. Com sua voz mansa e doce, sua letra de beleza incomparável que emoldurava os boletins que os alunos recebiam, seus passos cadenciados, sua elegância sóbria, a atenção permanente que tinha em relação a qualquer um - tudo isso cativava os alunos que passaram por lá. Olhar para aquelas janelas – aquelas duas, do lado esquerdo de quem fica de frente para o colégio – é ver Edith na secretaria, primeiro acompanhada de dona Adahil, depois de Elaine Kzan, Maria José e outras que o tempo não permite mais lembrar.
Ninguém se esquecerá do professor Emir – o Emir Bemerguy, que ali lecionou por muitos anos, em várias passagens alternadas durante sua carreira no magistério.
Ninguém que tenha passado pelo Dom Amando se esquecerá da professora Gersa, a mestra Gersonita Carneiro – que distribuía os “avisos” durante a oração do início das aulas e arrematava com os “deméritos” logo depois.
Não haverá quem não se lembre de irmão José Ricardo Kinsman, o diretor que inspirava terror para muitos e respeito a outros tantos, mas que cultivou amizades que se mantiveram duradouras para sempre.
Não haverá quem não se lembre de irmão Kevin, um dos “professores de disciplina” de mais longa “gestão”; de irmão Leonardo, com ser ar imponente que escondia o bonachão que sempre foi; de irmão Ronaldo, com seu enorme coração; de irmão Haroldo, com suas preleções religiosas que às vezes tomavam as aulas inteiras de inglês; de irmão Ernesto, com seu esforço para fazer a turma compreender aquelas fórmulas incompreensível de Física; do irmão Tomé – que fazia da Física e da Matemática obstáculos às vezes intransponíveis para quem estudava com ele; da professora Rosinete Amaral - com suas aulas de geografia e os mapas que ela passava como trabalhos de casa, para que os alunos soubessem onde ficavam os mais remotos recantos do planeta; do Bernardo (de História) – por onde andará o Bernardo?; da professora Alciete, que ensinava Biologia; do professor Olindo Neves, de Português e Literatura; da professora Celeste Guerreiro (também de Geografia, que falava uma aula inteira sem consulta uma anotação sequer).
Ninguém que tenha estudado no Dom Amando – lá pela década de 60 e 70 – dirá que não conhece Maria Alves Bastos, a dona Maria, a do lanche; a dona Maria da cantina, que criou 11 filhos graças, em boa parte à labuta de encher a pança de esfomeados estudantes que não se continham diante de seus croquetes, de seus sanduíches, de seus pastéis, dos sucos deliciosos que vendia. Maria Alves – quem olha pra ela ainda hoje, aos 86 anos e já longe de Santarém, vê a alma preciosa, nota logo o heroísmo das mães que, como ela, fizeram do colégio a extensão de sua casa e deram exemplos magníficos de humildade, trabalho e inteireza moral a tanta gente.
Ninguém que tenha estudado no Dom Amando se esquecerá do Bianor (o “Tuba” – como o chamavam pelos cantos, para escaparem de sua reação não muito amistosa), do Abdala nas aulas de educação física, da dona Ester e de dona Bibliana, que por muitos anos trabalharam na clausura da congregação.
No Dom Amando, muito encontraram suas esposas e maridos. Hoje, muitos dos que estão fora de Santarém não deixam de apresentar o colégio aos filhos e filhas.- Foi ali que estudei – é o que dizem às “crianças”.
Eles e elas olham para o Dom Amando, fazem uma pergunta ou outra, mas logo procuram outras paisagens, talvez o azul do Tapajós que se esparrama em frente à cidade.Não são nem capazes de imaginar que aquilo ali não é um prédio qualquer. É vida, é saudade, é gente, são lembranças – ternas e inesquecíveis.
“Meu Colégio Dom Amando / fonte do saber / tua fama está aumentando / como o meu querer / Salve, salve, alma mater / Glória do Brasil...)
Meu Colégio Dom Amando. Que passou por lá, jamais deixará de tê-lo como seu.
Para toda a vida.

Quem tem medo do lobo mau?

Bellini Tavares de Lima Neto
Articulista de O Estado do Tapajós

“O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta quarta-feira (12) que o Produto Interno Bruto (PIB) teve crescimento de 5,4% no ano de 2007. O valor monetário chegou a R$ 2,6 trilhões.”

Hoje a corte federal está em festa. Os especialistas esclarecem que esse crescimento se deve, por exemplo, ao crescimento do consumo das famílias. Isso, por sua vez, decorre de aceleração do crédito e da massa salarial real. Ouvi o Ministro da Fazenda explicar que isso se deve aos investimentos de longo prazo efetuados no país. Entenda-se aí por investimentos internos e externos.
Eu confesso que não entendo absolutamente nada de economia. Mas, como qualquer um, sou curioso e tenho o péssimo costume de perguntar o porquê das coisas. Considerando que desde 2003 ouço o ocupante do Palácio do Planalto dizer que agora, sim, as coisas iam decolar que nunca neste país se fez isto ou aquilo, que ele recebeu uma herança maldita do governo anterior, aí é que a minha curiosidade cresce mesmo.
Afinal, o que realmente mudou nessa tal economia além do cenário internacional que, segundo os entendidos, vive um momento quase inédito de prosperidade e tranqüilidade? Os juros eram altos, os mais altos do planeta. Continuam altos. A inflação estava controlada desde 1994. Continua controlada. O ocupante do Palácio do Planalto vivia dizendo que o Brasil não deveria pagar a dívida externa, pois isso afrontava o povo. Também criticava duramente o tamanho da carga tributária e quase pegou em armas quando da criação da CPMF. Agora, recentemente, vejo o próprio festejando porque pagamos a dívida externa. Também vejo o distinto xingando céus e terras porque não prorrogaram a maldita CPMF que ele tanto odiava.
Durante anos a fio o partido do nosso homem, comandado por ele, se reservava o monopólio da ética, tanto na sociedade quanto na política. A marca do discurso era o rigor absoluto e incondicional no combate à corrupção e a todas as velhas práticas usuais entre os políticos brasileiros. De repente, tudo o que era alvo da fúria da turma virou a prática da turma. Até o velho caixa 2 passou a ser uma prática comum na política.
O que será, então, que aconteceu no país para estimular o investimento interno e externo? Aí começo a me lembrar do clima de catástrofe que tomou conta do Brasil às vésperas das eleições em 2002. O caos já estava no horizonte porque “ele” estava em vias de ser eleito. O dólar foi às alturas, falava-se em inflação dos tempos do Sarney (um dos grandes inimigos) e retorno dos controles de preço, além dos riscos de desapropriações pelos MST da vida. Aí, “ele” ganhou, se instalou no Palácio, mudou a face do programa Bolsa-Familia para distribuir um dinheirinho aos necessitados (um percentual imenso da população), manteve tudo o que existia antes, inclusive as velhas práticas tradicionais na política nacional. Ora, medo do que? Se o único perigo para o velho “status” nacional era aquele, vamos lá, minha gente, vamos lá por que “ele” é um dos nossos.
Não acho que não haja méritos nessa corte federal. Os entendidos dizem que na conjuntura mundial, era possível fazer muito mais. Ora, não vamos ser ranhetas. Alguma coisa já avançou. O que fica difícil, mesmo, é continuar ouvindo essa ladainha do “nunca neste país”. Seu moço, se o senhor tivesse feito ou tentado fazer só um pouco daquele barulho que fazia antes, não tinha nem federal, nem corte. Corta essa, moço. E deixa o Raulzito em paz porque ele estava falando de outra coisa.
12 de março de 2008

Memória de Santarém - por Lúcio Flávio Pinto

Everaldo e Selma Martins, im memorian
Centro Recreativo em festa

Em outubro de 1965 o Centro Recreativo realizou uma grande festa-dançante (com o conjunto musical de Lélio Henriques, de Belém) para comemorar os seus 31 anos de existência e a posse (a uma e meia da madrugada) da nova diretoria, que era a anterior, reeleita. O presidente era o prefeito, Everaldo Martins. O vice, José Batista Capeloni. Como 1º secretário, Raimundo Ivan de Vasconcelos; 2º secretário, Luiz Vasconcelos Lisboa; 1º secretário, Raimundo da Silva Vasconcelos; 2º tesoureiro, Izaías Vasconcelos Lisboa; diretor social, Wilson da Costa Pereira; diretor artístico, Sebastião Nogueira Sirotheau; diretor de sede, Antônio Carlos de Melo.

PROPAGANDA

O adeus impresso
Anúncio de 1952:
"Júlio Rodrigues Costa e família, retirando-se deste Estado para o interior do Estado de Pernambuco, onde vai fixar residência, na impossibilidade de despedir-se pessoalmente dos seus amigos de Brasília Legal, Itaituba, Fordlândia, Belterra, Santarém e Cacual Grande, o faz por este meio, agradecendo a todos as atenções dispensadas durante o curto espaço de 23 anos vividos nesta Tapajônia magnífica e hospitaleira, ficando à disposição dos amigos na nova residência".
VENDE-SE Aprazível Vivenda
Situada à margem esquerda do Tapajós, no distrito de Boim, com ótima casa residencial de dois pavimentos, coberta de telhas e muito ventilada, com o magnífico rio e esplêndido igarapé corrente em frente, possui milhares de pés de seringueras, castanheiras e variadas espécies de árvores frutíferas diversas. - Para melhores esclarecimentos, dirigir-se ao sr. Rui, à Travessa Silvino Pinto, nesta cidade, das 12 às 13 e das 18 às 20 horas. (1952)
Ofertas do restaurante
Restaurante Pálace, de M. S. Pinho & Cia. Serviço de lanches, com cozinha de 1ª ordem, pratos especiais em cardápio variado. Saboreie sempre os deliciosos pratos regionais. Café, leite, Nescau, Toddy, Vic-Maltema com bananas, Bananamalte, chá, Milo, coalhada, viúvas, carapinhadas, sandwiches, refrescos, saladas de frutas, omeletes, fritadas, salada de bacalhau, camarão, sardinhas, salsicha e filets. Cervejas, guaranás, Coca-Cola, quinados portugueses, vinhos, água mineral e a saborosa Cuba Libre. O ponto chic para as pessoas de bom gosto. Conforto, higiene e distinção. Aberto até as 24 horas. (1953)
AVISO
A reunião semanal das Senhoras da Caridade (obrigatória para a diretoria e visitantes) se realizará sempre nas quintas feiras, às 4 horas da tarde, no Salão Paroquial.
A reunião mensal terá lugar na segunda e quinta feira de cada mês, às 4 horas da tarde, no Salão Paroquial. Essa reunião é obrigatória para todas as associadas, visitantes e honorárias.

ANTOLOGIA

Um domingo na Santarém de 1952
O "Diálogo com um visitante", escrito sob o pseudônimo de Chris e publicado na edição nº 9 do jornal O Baixo Amazonas, é um retrato bem humorado e realista de Santarém no ano de 1952. A partir de um São Raimundo x São Francisco, o Rai-Fran, clássico do futebol, ele mostra como era a vida naquela cidade acanhada. Mas, a rigor, mudou muito de lá para cá?


Domingo, manhã amena, céu límpido, pouca ventilação, perguntei-me: o que fazer?
Vai à missa.
Depois?
A não ser o ambiente mesclado de álcool e fumo dos salões de snooker [sinuca em inglês] dos botequins, só as praias, que, aliás, por todos os motivos, é o lugar mais aconselhável.
E depois?
Almoças, dormes a tua sesta até as 15 horas, depois apanhas um carro, dás umas voltas pela cidade, tomas umas cervejas...
E depois?
Depois! Ah! Hoje há jogo no Estádio Municipal; e que jogão, e entre os maiorais do futebol da cidade - S. Francisco x S. Raimundo.
Ótimo. Então, lá nos encontraremos.
Feito. Até.
Até.
Às 16 horas, no Estádio Municipal.
Olá, já por aqui?
É verdade; segui os teus conselhos, saiu tudo OK. Que praias bonitas, que garotas formidáveis. As ruas é que são mal tratadas parece que os prefeitos daqui não lhes têm prestado a menor assistência.
Não só as ruas, mas quase todos os problemas que se prendem ao conforto público.
Que tristeza; é uma cidade bem grande e bonita... vamos entrar?
Dê-me duas entradas.
Está curto, meu caro amigo!
Curto por quê? Não custa CINCO CRUZEIROS cada uma?
Não, senhor! OITO CRUZEIROS.
Mas por quê?
O senhor não sabe que o jogo hoje é de reconciliação entre os dois grandes que estavam brigados a quase cinco meses, e este será o jogo para ratearem os laços de cordialidade esportiva?!
Formidável!!! Sendo assim, vale mais de Cr$ 8,00 porque vamos ver uma partida de futebol 100%.
Bonito campo; que arquibancadas confortáveis. Cimento armado, não?
É, são de cimento armado.
Vem cá; esta parte aqui avançada não prejudica a visão dos assistentes das extremidades? Para que é isto?
Isto é para as autoridades.
Mas por quê? As autoridades daqui são míopes que precisam estar mais à frente que os outros?
Não; é que o construtor do Estádio achou que estas deviam ficar em plano mais destacado.
Muito bem: só sendo mesmo. Mas sim, são 16,30 e não começa. O BIG jogo?
Parece que está faltando ÁRBITRO.
Mas o juiz não foi escolhido pela LIGA?
Que Liga. A Liga daqui, não liga. Os seus organizadores trabalharam demais, não concluíram nada; cansaram e consta-me que já largaram ou vão largar.
Graças, já agarram um para apitar.
É, para apitar mesmo, porque para ser juiz de futebol é preciso conhecer bastante regra, ter prática e muito jeito, porque não é qualquer mal-enjambrado que se desincumbe de mediador de um grande jogo como o de hoje. Olha, este bando de camisa azul, é o S. Francisco, "o maioral", e o outro, que tem o uniforme parecido com o do Vasco, é o S. Raimundo. Já escolheram o campo, 16,40 (ao trilar do apito).
Que saída boa. Ataca o S. Raimundo. Este rapaz joga bem! Como é o nome dele?
DêDê. Upa; foul.
Quem é este zagueiro?
É o Manoel Luiz.
Ele joga forte, não é?
É.
Vê o rapaz como ficou todo ferido.
O encontro foi casual, ele feriu-se nas pedras.
Nas pedras!? E há pedras no campo?
Repara: há grama, areia e pedras.
Mas por que tanta areia e pedras?
Isto precisa de muito tempo para explicar. Olha como está sangrando.
E a ambulância?
Que ambulância... Isto aqui é artigo de luxo, quando um atleta se machuca como aconteceu com este, ele que se arranje. Os companheiros de clube é que acodem. Ministram os curativos de emergência com o medicamento melhor que se encontra no campo: "gelo". Ataduras são pedaços de fraldas de camisa de torcedores ranzinzas e... abnegados. Goal [gol] do S. Francisco. Um a zero.
Que bonito gol.
Saída, ataque do S. Francisco; 2º goal. Nova saída, outra investida do S. Francisco e 3º goal.
Eh! Este tal S. Raimundo não agüenta.
É, eles estão jogando mal; aliás, eles têm melhor padrão de jogo. Não sei o que há com eles hoje; estão quase desarticulados.
O juiz está apitando bem.
Upa! foul [falta] do S. Raimundo. O juiz marcou. Confusão no campo; parece que o juiz expulsou alguém.
Expulsou mesmo. Ele não quer sair.
É do S. Francisco, não é?
É. Então não sai.
Mas não sai?
Não.
E a polícia?
Que polícia!
É verdade, ainda não vi nenhum policial no campo. Por quê? Não há policial nesta terra?
Há. Polícia há, meu velho. Acontece que, além de ser deficiente para vigilância total da cidade, que não é pequena, os organizadores do prélio não requisitaram seus serviços. Segundo ouvi aquele senhor gordo, se "slack" estar dizendo.
E agora, o que se faz, vamos embora?
Não, vamos esperar; pode ser que eles cheguem a uma conclusão.
Eh! bolo na bilheteria; o pessoal quer devolução do dinheiro.
Ora! Por certo; apenas 20 minutos de jogo.
Olha, tu disseste que não havia polícia. Está aí.
É; estão apreendendo a renda.
E o que eles fazem destas "gaitas"?
São para o Asilo.
E os promotores do match, o big jogo de confraternização?
Ah! os clubes daqui são ricos, não fazem caso de dinheiro; jogam por jogar.
Ótimo. Esta vai para o meu caderno.
Eh! o juiz está apitando mais que "canário belga".
Não resolve. Nem os jogadores, nem os dirigentes dos clubes, nem o público em geral se apercebe do "trilar do apito".
É, estou vendo que não adianta nós ficarmos aqui; a polícia já levou a renda, inclusive os Cr$ 16,00.
O rapaz não saiu e nem o jogo prossegue.
Ele ia sair, não viste? Chegou a tirar a camisa; mas os diretores do clube o impediram.
É por estas e outras que há vários elementos indisciplinados nos esportes.
Isto é em toda parte.
Sim, em toda parte e de um modo geral.
Ouve: o juiz ainda está apitando, já agora não parece canário belga, mas sim uma triste coruja.
Coitado... fica de beiço inchado e ninguém dá a menor importância ao "trilar do apito".
Bem, vais mesmo ao cinema?
Vou.
Então, até por lá.
Até.