domingo, 27 de abril de 2008

Frei Betto critica a postura da mídia

Larissa Oliveira
Repórter de O Estado do Tapajós

São Leopoldo(RS) - Frei Betto participou, ao meio-dia, do Bate-papo Jornalístico, promovido pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul, no Restaurante Capri, em São Leopoldo. Em meio aos participantes, falou por mais de uma hora sobre política nacional e latino-americana e seu envolvimento com a comunicação.
A agenda ficou apertada. Vindo direto do Aeroporto Saldado Filho, o encontro, que deveria começar ao meio-dia, ocorreu apenas às 12h40mim, por atraso na chegada do vôo. No local, cerca de 30 pessoas ligadas ao Sindicato e a veículos de comunicação da região metropolitana conversaram com o frei.
Marcado por sua história política - que se confunde em vários pontos com a história política do Brasil -, Frei Betto começou seu discurso com a afirmação de que "ser frade é uma condição de vida".
Dominicano, sua ligação com São Leopoldo é antiga. A experiência está relatada no livro Batismo de Sangue, com o qual conta o período em que viveu enquanto estudante seminarista com padres franciscanos na cidade, durante a ditadura militar. "Na verdade, eu estava contrabandeando gente, mandando perseguidos políticos para o Uruguai a pedido de Marighella", conta. Ele disse que sente pelos franciscanos acabarem tendo se complicado com o governo por sua causa, mas que não se arrepende do que fez.
Frei Betto sempre trabalhou com jornalismo. Estreou na extinta revista Realidade em 1967. Escreveu por 12 anos no Estadão. Atualmente, colabora em diversos veículos em todo o Brasil e na América Latina, entre eles, a revista Carta Capital e o jornal Correio Rio-Grandense, de Caxias do Sul. "Escrevo em média seis artigos por mês", conta.
Política
Frei Betto afirma que o governo Lula sustentou-se por muito tempo no Congresso e nos Movimentos Sociais. Contudo, desprezou o último, que foi quem o levou ao poder. "Hoje, ele se tornou refém do Congresso, onde o PT é periférico". O frei critica também a estratégia de governabilidade atual, que é a de "se manter no poder", como ele diz, ao invés de se construir um projeto histórico para o país. "O governo se preocupa apenas em manter as coisas como estão", defende.
Ex-assessor do primeiro mandato de Lula e um dos criadores do programa Fome-Zero, o Frei Betto diz que governo é diferente de poder, pois o poder transcende a mandatos. "A máquina do Estado brasileiro foi criada para servir à elite. A saída do Brasil passa por reformas fundamentais, como a política e a agrária. Senão, continuaremos como estamos hoje", afirma o homem que vê a solução no reforço dos movimentos sociais e na mudança das estruturas, que chama de "arcaicas do poder". E completa: "O PT e o governo Lula não são mais capazes de realizar isso".
"Entendi trabalhando no Planalto, por que as elites não fazem passeatas: elas têm a chave do poder"
Contudo, Frei Betto é contundente ao dizer que continua achando Lula o melhor para o Brasil e para a Antérica Latina hoje, como o único com viabilidade de mandato.
Para o Fome-Zero dar certo, o programa supunha uma reforma agrária, o que não aconteceu. Frei Betto diz ter saído do governo pelo o rumo que o programa tomou. "O que seria um programa emancipatório se transformou em compensatório por fins eleitorais". O livro Calendário do Poder fala justamente dessa experiência.
América Latina
Como não poderia deixar de ser, o tema América Latina foi recorrente durante o Bate-Papo. Sobre vitória do amigo Fernando Lugo para a presidência da Paraguai - Frei Betto esteve recentemente no país no anúncio da vitória - ele declara que não há como prever como será seu governo. "É muito cedo para saber, principalmente por não sabermos ainda qual será sua representabilidade no congresso, já que as eleições congressistas ainda não ocorreram".
"O Brasil criou uma tradição imperialista em relação à América Latina. Agora, os vizinhos estão cobrando"
Declarando que o Brasil sempre teve atitudes imperialistas diante de seus vizinhos latino-americanos, Frei Betto citou o caso do atrito entre Evo Morales e a Petrobrás, a única empresa compradora do gás boliviano a reclamar do aumento de preço. "Todos os outros países reconheceram que o preço anterior era explorador".
Ainda assim, Frei Betto se diz um apoiador da política externa do governo Lula, que julga inteligente por voltar a afirmar sua independência em frente aos blocos hegemônicos mundiais. Diz ser acertada a atitude de se aproximar de países da África, da China e de países árabes, enquanto os Estados Unidos se preocupavam com o conflito no Oriente Médio. "O Itamarati é uma escola exemplar de diplomacia. Com mecanismo como o Mercosul, o Brasil tem buscado uma reaproximação entre os países sul-americanos".
Imprensa
Frei Betto avalia que a imprensa brasileira passou por um processo de libertação, mas o jornalismo não. A explicação é que hoje repórteres se guiam pela linha editorial dos patrões e que há uma grande disparidade entre editores-chefe, editor, repórteres e estagiários, muitas vezes explorados.
Quando trabalhava na revista Realidade, diz que os jornalistas da época não se guiavam pela cabeça do patrão. "Havia grandes brigas nas redações para os repórteres fazerem o jornalismo que achavam correto, até que os anunciantes se juntaram para fazer com que a revista mudasse", lembra.
Sobre a diferença entre a imprensa latino-americana e a brasileira, ele diz não conhecer a primeira profundamente, mas tem a impressão de que a brasileira é mais democrática, apesar de estar organizada em algumas grandes empresas. "É mais organizada por se estruturar de forma capilar, talvez por ter mais meios ou mais tradição jornalística", comenta.
Quanto à editorialização dos veículos, defende que não se deve sacrificar informação por opinião, o que acontece freqüentemente. Frei Betto cita a revista Veja como exemplo deste processo. Por vezes, seus artigos foram publicados no Estadão com um editorial contra o que tinha escrito, mas ainda assim foi publicado.
Para ele, há uma dificuldade da imprensa brasileira em ser autocrítica e projeta: "Passarão o segundo semestre inteiro analisando como a mídia se comportou no caso Isabella, mas em quanto o caso está fresco é explorado ao máximo. Perdemos o senso da realidade pelo Ibope".
Frei Betto comenta que no dia seguinte ao assassinato da menina, a Polícia do Rio de Janeiro entrou em uma favela e matou nove jovens e nada foi noticiado. "Cadáver de classe média é mais importante do que um cadáver pobre. E esse ainda, mais grave, morto pelo braço do Estado".

Tuna é o próximo adversário do São Raimundo

Em jogo marcado para o próximo sábado, no Barbalhão, o São Raiundo enfrentra o time da Tuna.
O Pantera já disputou três jogos: perdeu dois( Paysandu e Ananindeua) e venceu um(Ananindeua).

Final: São Raimundo 0 x 1 Clube do Remo

Encerrrado aos 48'.
São Raimundo 0 x 1 Clube do Remo
Renda: R$ 37.500,00
Público pagante: 3.629 pagantes
Público total: 4.308

Fim do primeiro tempo: Remo 1 a 0.

Encerrado 1º tempo aos 46'.
São Raimundo 0 x 1 Clube do Remo.

São Raimundo 0 x 1 Clube do Remo

Léo Guerreiro, aos 19' do 1º tempo.
São Raimundo 0 x 1 Clube do Remo.

São Raimundo 0 x 0 Clube do Remo

17' do primeiro tempo.
São Raimundo 0 x 0 Clube do Remo.

Livro aponta políticas públicas de saúde

Kid dos Reis

Um mergulho profundo nas contradições das políticas públicas governamentais executadas por presidentes, governadores, prefeitos, secretários de Estado e Municipais, senadores, deputados e vereadores nas soluções para as questões da saúde pública voltada para brancos, negros e índios nos nove Estados da Amazônia Legal.
Este é o sentimento pesquisado racionalmente e que norteia o pensamento do diretor geral do Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza, da Universidade Federal do Pará (UFPA), doutor, mestre e especialista em saúde pública pela Escola Nacional de Saúde/FioCruz, no Rio de Janeiro, Paulo de Tarso Ribeiro de Oliveira, ao lançar o seu livro Desigualdade Regional e o Território da Saúde na Amazônia, nesta terça, 29, a partir da 14 horas, no estande do Instituto Evandro Chagas, durante a realização do XIV Congresso Médico Amazônico, no Hangar - Centro de Convenções e Feiras da Amazônia.
O diretor do Hospital Betina resolveu colocar o dedo na ferida destas políticas públicas aplicadas em todos os Estados da Amazônia Legal e apontar saídas para o cenário. “Sem introduzir variáveis fundamentais como a extensão territorial, densidade demográfica, ou seja, população por metro quadrado, além do sexo, idade, etnia, capacidade de arrecadação, acesso aos bens informacionais e levar em conta a realidade socioepidemiológica regional, não é possível construir, no mínimo, arranjos institucionais para dotar o sistema de saúde da complexidade necessária para atender a nossa Amazônia Legal doente”, enfatiza Paulo de Tarso.
O autor revela em seu livro que cidades amazônicas com até 50 mil habitantes possuem riscos altos de febre amarela, chagas, malária e dengue. Acima de 50 mil, os perigos são as doenças respiratórias, a contaminação pelo mercúrio e a dengue. Nas cidades com mais de 100 mil habitantes, a saúde é atingida pelas doenças crônicas degenerativas. “Esta realidade não é um número meramente matemático. É social, cruel e se entrelaça em toda a região, quer para quem vive nas áreas urbanas ou rurais. Já passou da hora de construir um olhar holístico sobre a saúde pública no Brasil e na Amazônia, a partir das especificidades de cada região. Não dá mais para pensar a saúde para a Amazônia como se estivéssemos em Brasília, no Rio de Janeiro ou no Rio Grande no Sul”, enfatiza.
Paulo de Tarso enfatiza que, por exemplo, o Ministério da Educação (MEC) não poderia determinar que não se crie mais Universidade ou Faculdades de Medicina no Brasil pensando somente com a cabeça do Sudeste ou do Sul brasileiro. “É uma irracionalidade e falta de visão do que é o Brasil amazônico. No Amapá não existe uma Faculdade ou Universidade de Medicina. Como o governador e os prefeitos vão encarar e resolver a questão da saúde pública naquele Estado? Como formar um profissional na região, se não tem instituição educacional? Como atender a população, se não existem médicos, enfermeiros e outros profissionais da saúde? Como atacar e combater as doenças e garantir este direito básico que é a saúde para o cidadão?”, questiona.
Ele acrescenta que se não for pensado mecanismos coletivos de combater os padrões de desigualdades sociais e econômicas, principalmente na Amazônia; resolver a questão da ocupação desordenada do latifúndio; ampliar a interiorização dos acessos aos recursos tecnológicos e investir profundamente na implementação do ensino médio e superior em todas as cidades da Amazônia Legal, a saúde corre o risco de se agravar ainda mais. “Os grandes equipamentos de saúde pública concentram-se nas cidades com mais de 100 mil habitantes e isto promove uma exclusão social da população dos seus direitos básicos e não se realiza um preceito básico constitucional, que é o direito à saúde para todos”, detalha.
O autor exemplifica que em 2005, segundo os dados do Ministério da Educação (MEC) e do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), a Amazônia Legal possuía 761 municípios. Em 2008, este número saltou para 775 cidades. “Dos 761 municípios, 80% eram compostos por menos de 50 mil habitantes. Já os 775 municípios possuem menos de 30 mil habitantes. Agora imagina que, por exemplo, no Pará, as UTIs neonatal estão concentradas praticamente na capital paraense, nem toda água consumida pela população amazônica e tratada, além do que o saneamento básico não é para todos”, aponta, acrescentando uma indagação: “ Dá para falar em cidadania neste cenário”?, questiona.
Para finalizar, Paulo de Tarso aponta um dado assustador. “Como posso construir uma política de saúde pública para Brasil, se os Estados da região - em especial os da Amazônia Legal - possuem taxas mal definidas sobre a mortalidade infantil e quais foram as verdadeiras causas dos óbitos de milhares de pequenos cidadãos brasileiros.Como vou traçar uma política de saúde para a infância, se não conheço a causa mortis

Público dependente do final de Fla x Botafogo

Aos 5 minutos do primeiro tempo ainda tem torcedor chegando ao estádio Barbalhão para assistir ao jogo São Raimundo x Clube do Remo.
Tudo por causa do jogo Flamengo 1 x 0 Botafogo que o torcedor preferiu assistir pela televisão e que começou as 15 horas.

Obina apaga o fogo do bota

Um rastilho de três toques de bola que começou com Leo Moura, alcançou Marcinho e acabou nos pés de Obina luquidou o Botafogo, ainda há pouco no Maracanã.
Mengão 1 x 0.

O eterno mocorongo

A seção de Cartas de O LIBERAL publica hoje, sob o título acima, a artigo a seguir, assinado por Laura Simões.
Leia abaixo e logo a seguir o complemente do Espaço Aberto:

No dia 25 de abril de 1918 nascia em Santarém do Pará Osmar Loureiro Simões, o inesquecível Radialista santareno. Seus pais portugueses se radicaram em Santarém, no princípio do Século XX: Antônio Simões Torres d’Albuquerque e Felisbina Loureiro Simões.
Ele, empreendedor nato, industrial e comerciante; ela, da nobreza portuguesa, tinha o brasão Loureiro em suas propriedades. Voltaram a Portugal para batizar o filho Osmar em Vianna do Castelo.
Osmar teve um irmão e uma irmã. O irmão Antônio, chamado Simõeszinho, teve o nome perpetuado na Avenida Antônio Simões, como reconhecimento pelos serviços prestados a Santarém. Sua irmã, professora Maria Hermínia, foi inesquecível mestra de duas gerações. Estudou interno no Colégio São Jerônimo da professora Clotilde Peixoto Pereira e concluiu o Pré-Médico no Ginásio Paes de Carvalho.
Ingressou na radiofonia paraense, na PRC-5, Rádio Clube do Pará, onde foi locutor, apresentador de programas de auditório, rádio-ator no auge das novelas e comentarista esportivo, bela voz e grande versatilidade.
Durante a II Guerra Mundial, serviu no 34º BC e recebeu a espada de Oficial da Reserva do Exército (CPOR). Em janeiro de 1954, casado com Laura da Cunha Simões e com três filhos, voltou para Santarém, a fim de assumir a gerência da Caixa Econômica Federal, onde desempenhou atividades importantes até aposentar-se.
Naquele tempo, Santarém sofria os atrasos de cidade do interior. A Rádio Clube de Santarém fora do ar em razão da morte de seu fundador Jonathas Almeida e Silva. Com sua preciosa experiência radiofônica, aceitou o desafio e conseguiu ajuda do amigo Adalberto Gentil e outros abnegados que colocaram a estação no ar, para deleite dos santarenos.
Era um entusiasta dos esportes, a ponto de custear a instalação da luz elétrica no Estádio de Futebol dos Franciscanos, proporcionando jogos noturnos, para satisfação dos aficionados do Futebol. Era azulino: seus clubes prediletos eram o São Francisco, em Santarém, e o Clube do Remo, em Belém. Foi sócio permanente do Asilo São Vicente de Paula, do Clube Recreativo e sócio fundador do Lions Club de Santarém.
Osmar possuía senso de justiça e coração magnânimo, revelando-se em episódios marcantes, como a solidariedade eficaz aos imigrantes nordestinos, que chegaram a Santarém, na década de 50, expulsos por implacável seca. Centenas vieram e se alojaram logo embaixo do trapiche municipal. Desespero, fome, miséria e alguma esperança, era o clima reinante entre eles. Chocado, tomou a iniciativa de sair às ruas pedindo o auxílio da população para os irmãos flagelados. Clamava pelo alto-falante e as ofertas iam surgindo: lençóis, redes, alimentos e roupas amenizaram a situação. Quem muito lucrou com a permanência dos emigrantes nordestinos foi Santarém, eis que pagaram com o trabalho honesto a acolhida fraterna que receberam.
Quando houve o roubo da imagem da Padroeira Nossa Senhora da Salvação, na comunidade de São Luiz do Guajará, Osmar, solidário, providenciou junto a talentoso artista sacro o entalhe de peça idêntica à primitiva, que lá chegou em caravana fluvial, sendo recebida com fogos e alegria pelos moradores devotos.
Osmar tinha arma poderosa a seu favor: o microfone! Com ele usava seu talento e destemor a serviço da comunidade. Seu programa de maior audiência era 'A Tribuna Popular', também o 'O Assunto é Este' e neles requisitava das autoridades serviços urgentes de segurança, limpeza de ruas, iluminação pública etc., tudo o que beneficiasse e tranqüilizasse a população.
Era homem de fé, amigo dos padres, do bispo, das religiosas, aos quais emprestava seus dons de radialista, gratuitamente, na divulgação das obras e efemérides da Igreja. Fez vários programas e recitais no Cristo Rei, no Centro Recreativo, no Cinema Olympia, apresentou o I Festival de Canções Santarenas, sempre lembrado pelo seu talento versátil, seu porte elegante e fluência verbal privilegiada.
Foi um dos fundadores da Rádio Rural de Santarém. Acompanhou a obra desde os alicerces até a inauguração, sendo diretor artístico, por muitos anos. Dirigia o departamento esportivo da Rádio Rural e seu programa de esportes era escuta obrigatória.
Alternava seus comentários com os de seus jovens pupilos, formando, com sua didática e exemplo, uma equipe de talentos fantásticos na qual despontaram Guarany Júnior, Herbert Tadeu Mattos, Santino Soares, Cláudio Serique, Oti Santos, Ércio Bemerguy, todos santarenos que hoje brilham no jornalismo, radiofonia e desportos da Capital.
Vibrava com tudo o que significasse progresso para Santarém. Visitava a construção da Hidrelétrica de Curuá-Una e as obras da abertura da Rodovia Santarém-Cuiabá. Fotos de mateiros, picadas abertas na selva, operários e tratores, tudo divulgado. Vinha esperançoso e, muitas vezes, doente.
Osmar Simões, o ardoroso mocorongo, faleceu no dia 4 de julho de 1986, uma sexta-feira. Morte súbita, dolorosa para seus familiares, amigos e para a comunidade mocoronga que lamentou essa perda pelo reconhecido valor que sua vida representava na Cultura e na Radiofonia da Pérola do Tapajós.
Paz a sua alma!
Nosso silêncio, nossa saudade!
Laura Simões

-----------------------------------------------
Laura Simões traçou de seu saudoso marido perfil dos mais verdadeiros. Aliás, dona Laura é uma artista que, com discrição proporcional ao seu talento, hibernou tanto para os círculos íntimos que sua arte é conhecida apenas de familiares e amigos mais chegados. Mas dá gosto ver seus quadros, como dá gosto ler as descrições que eventualmente faz de pessoas e daquela Belém de antigamente – das décadas de 40 para frente -, que se mantém viva em memórias privilegiadas como a dela.
Não é só a família Simões que tem seu Osmar vivíssimo em seus corações e em suas lembranças. Seus muitos amigos também. Os quarentões santarenos lembram-se dele como de alguém que, além da figura pública de radialista, fazia-se notar com uma personalidade que marcava presença onde quer que se encontrasse.
Osmar Simões era uma piadista de primeira. E não dispensava, claro, seus ancestrais patrícios português. Cinco minutos perto dele já eram suficientes para produzir boas gargalhadas. Era realmente, com destaca dona Laura, um apaixonado azulino – tanto pelo Remo como pelo São Francisco, o Leão mocorongo. Toda Santarém sabia disso, porque era ostensiva sua paixão. Mas toda a cidade também reconhecia a imparcialidade com que comentava as partidas de seu clube.
Osmar era tão fanático que freqüentemente - sobretudo em semanas de clássico, quando o São Francisco jogava contra o São Raimundo -, tão logo se encerrava o expediente na Caixa Econômica, na Travessa 15 de Novembro, ele partia para acompanhar o treino do São Francisco, num campo de chão batido que havia ali pelos lados de onde se situa o Iate Clube de Santarém. E se fazia acompanhar, nessas ocasiões, de torcedor que àquela altura tinha seus 10, 12 anos de idade e também nutria pelo São Francisco uma paixão tão intensa que chegava a tomar Passiflorine e água com açúcar nos dias de Rai x Fran, para aplacar-lhe as tensões. Quem muitas vezes insistiam em continuar.
Além dos vários programas que dona Laura mencionou, Osmar Simões também apresentou durante muito tempo um dos programas de maior audiência em Santarém, “O Poemas e Canções”, em dupla com o professor e poeta Emir Bemerguy. O programa era transmitido aos domingos à noite, pela então Rádio Educadora – hoje Rádio Rural -, quando a emissora ainda se situada no bairro do Carananzal.
Também foi o comandante do programa “Tribuna Popular”, no qual discorria sobre fatos variados, num português corretíssimo, que nem os improvisos eram capazes de macular. O “Ponto de Vista”, comentário que Osmar Simões fazia no programa de Esporte da Rádio Rural, no início das tardes, também atraía audiência incomparável, numa época em o rádio reinava absoluto, eis que a televisão ainda não havia chegado a Santarém.
Osmar Simões está vivíssimo. Para alegria de quantos jamais se esquecerão dele com muita saudade.

----------------------
Nota da redação:

Paulo Bemerguy, editor de Espaço Aberto, é o torcedor que àquela altura tinha seus 10, 12 anos de idade e também nutria pelo São Francisco uma paixão tão intensa que chegava a tomar Passiflorine e água com açúcar nos dias de Rai x Fran, para aplacar-lhe as tensões.

Maria desesperada (2)

Anônimo fez comentário sobre a postagem "Maria desesperada":

Você já notou o rosto da Maria, desfigurado pela incompetência de quem recebeu muito dinheiro e pouco fez.
Alguns petistas já admitem que tudo está perdido. Ontem estavam fazendo propaganda eleitoral em carro som pelas ruas da cidade.
Onde anda[sic] o Erasmo, o Hendersson?,
Será que já estão fazendo parte deste Governo de parte da elite?

Fuso e parafuso

De um leitor que se assina Vigilante:

Acordar cedo faz bem à saúde, diz o velho ditado.
Quem madruga, Deus ajuda.
Não entendo a histeria de uns bons vivant porque os relógios de Santarém vão adiantar uma hora no final de junho.
Curioso, quis saber quem eram esses seres pre-históricos refratários à unidade do horário brasileiro(exceção ao Acre).
Deparei-me com uma alcatéia, cujo membros são travestidos de intelectuais de meia-tijela.
O primeiro uivo que me chegou aos ouvidos foi de um funcionário público acostumado a chegar na repartição após oito horas, quando nos tribunais superiores o expediente já está no meio da manhã.
O segundo, de um notígavo inveterado, que advoga em, causa própria, per si, lamentando que suas noitadas irão se encerrar uma hora mais cedo, biologicamente falando.
O terceiro, inocente útilitário, embarca numa canoa furada de considerar apenas o nascer do sol como espetáculo da natureza. Talvez porque na hora do nascente ele esteja, ainda, se revirando na cama com as cortinas do quarto cerradas.

Palmeira é o indicado por Jader para a Eletronorte

Na coluna “Repórter Diário”, do Diário do Pará:

O engenheiro Jorge Palmeira é o indicado do deputado federal Jader Barbalho para assumir a presidência da Eletronorte. Palmeira já ocupou duas diretorias da Eletronorte – e, inclusive, a presidência, interinamente. Possui um dos melhores currículos do setor elétrico brasileiro, tendo feito quase toda sua carreira dentro da própria Eletronorte.
Além de paraense, Palmeira tem suas raízes familiares na política do Pará, sendo filho do ex-presidente da Assembléia Legislativa, deputado Geraldo Palmeira.

Socialistas em pé de guerra

Foi pedida proteção policial para os convencionais do PSB que estarão reunidos em congresso da legenda hoje em Santarém.
Há dois grupos 'socialistas' brigando de foice no escuro: do evangélico Reginaldo Campos e do aspone "Gaúcho', bate-pau do vice-governador Odair Corrêa, que deixou o partido no ano passado.

Contra o poder

Lúcio Flávio Pinto
Editor do Jornal Pessoal

As duas principais revistas de reportagem em circulação no Brasil são Brasileiros e Rolling Stone. RS é a que tem mais “pegada”, como se diz no boxe, porque Brasileiros se preocupa mais com a individualidade dos personagens e o enfoque positivo das questões, mais narrativa do que problematizadora. RS, mesmo dedicando a parte maior de suas páginas à música, sobretudo ao rock e derivados, tem bom espaço para longas reportagens bem escritas, mais críticas, no melhor exercício de jornalismo.
Por isso, fiquei agradavelmente surpreso ao encontrar, na última edição, a de número 19, uma resenha sobre meu livro Contra o Poder. O próprio editor da revista, Ricardo Franca Cruz, assumiu a tarefa de avaliar o livro, dedicando-lhe o maior espaço da seção, reproduzindo a foto que ilustrou matéria a meu respeito no número 5 (escrita por André Vieira) e dando o conceito excelente, com quatro estrelas (só os clássicos podem receber cinco estrelas).
Mas não se trata de hagiografia, muito pelo contrário, nem de ação entre amigos. Por isso, reproduzo o que Ricardo (a quem não conheço pessoalmente) escreveu:
Há 20 anos o jornalista e sociólogo paraense Lúcio Flávio Pinto se lançou em uma luta independente contra as mazelas sociais, políticas, econômicas e ambientais dos diversos cantos da Amazônia. A luta mostrou-se difícil, por vezes quase impossível, e tornou-se – apesar de exemplo de, mais que ética jornalística, conduta humana – solitária e ingrata. Lúcio Flávio, hoje com 58 anos, e seu totalmente independente Jornal Pessoal, que ele faz desde 1987, à unha, sozinho, sem publicidade – contando apenas com as charges do irmão, Luiz Antônio – não são exatamente adorados pela poderosa elite do Norte brasileiro. Com uma tiragem quinzenal que beira os 2 mil exemplares, o tablóide tem os dois primeiros anos de existência sintetizados em Contra o Poder.
A Jader Barbalho, político de olhar desafiador, o autor dedica um capítulo, analisando de perto a trajetória de um dos maiores e mais obscuros líderes do Pará. O assassinato do advogado “defensor de posseiros em conflitos fundiários” e ex-deputado estadual pelo PMDB, “embora fosse pública sua vinculação ao PC do B”, Paulo Fonteles, é esmiuçado, permitindo ao leitor acompanhar como o repórter revelou todas as camadas da sujeira que escondia as verdadeiras causas.
Os adversários dizem que Lúcio Flávio é vaidoso, arrogante, e que o JP é apenas um instrumento para exercitar seu ego. Mas é fortalecer a sociedade, municiando-a com as informações para o entendimento da Amazônia e do país, a busca maior desse jornalista, que sabe que seu JP é para e contra as elites e, a certa altura do livro, afirma: “Quando a sociedade é fraca, o poder – político ou econômico – é desmesuradamente forte”.