terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Ex-editor da "Time" pede o fim do jornalismo gratuito na web

Em um momento em que a crise financeira afeta o jornalismo, será necessário encontrar um novo modelo de negócios que sustente os gastos das publicações. Seguindo essa linha de raciocínio, o ex-editor da revista americana Time, Walter Isaacson, defendeu em um artigo de capa da publicação que os jornais, revistas e redes de TV encontrem uma forma adequada de cobrar pelas notícias online para salvar seus veículos.
De acordo com Isaacson, apesar de o setor estar vivendo um período difícil, nunca os jornais tiveram tantos leitores. O conteúdo é mais popular do que nunca, especialmente entre os jovens. O problema é que as pessoas não estão pagando por isso e as organizações estão distribuindo notícias de graça por aí.
Segundo ele, um estudo da Pew Research Center constatou que o número de pessoas que leu notícias na web no ano passado é maior do que o número de pessoas que pagou pelo serviço, comprando jornais e revistas. Porém, segundo Walter, não há como culpá-los. Conforme o modelo atual, qualquer pessoa se sentiria um idiota pagando pelo serviço quando se tem uma gama de informações na web de graça.

Modelo de negócios sem sentido

Isaacson argumenta que o modelo de negócios dos jornais e revistas online hoje não faz sentido. A sobrevivência por meio dos anunciantes é uma prática que foi criada durante o boom da internet, quando os anúncios online caminhavam bem e esse era o futuro. Porém, quando a publicidade online caiu, no quarto trimestre de 2008, esse tipo de "jornalismo de graça" perdeu o sentido.
Atualmente, segundo ele, os jornais têm três formas de obter receitas: vendas em banca, cadastros de acessos online e publicidade. Walter acusa os jornais de "estarem focados apenas na última forma, e com isso, estarem submissos à publicidade, o que fere a idéia de bom jornalismo".

Futuro

Walter Isaacson afirma que será preciso encontrar, além de um novo formato de cobrança do conteúdo online, uma forma segura e eficiente para que o consumidor faça seus pagamentos por meio da própria internet. Ele afirma que os que já existem (PayPal, Flooz, Beenz, CyberCash, entre outros) ou são muito caros, ou complexos, ou ainda, inseguros. Ele faz um desafio: "Em uma época em que os jovens estão acostumados a gastar 10 centavos em uma mensagem de celular, porque eles não gastariam 20 em um podcast, revista ou jornal?"
Ele usa os exemplos de Steve Jobs, com o iTunes, e de Jeff Bezos, com o leitor de livros eletrônicos Kindle para provar sua tese de que, se o conteúdo for bom e a forma de aquisição simples, as pessoas serão capazes de comprar. Ele afirma que "os grandes portais e os provedores são os únicos a ganhar com o jornalismo de graça, afinal cobram uma taxa de assinatura para que o usuário se conecte à grande rede."
Para finalizar, Isaacson afirma que ama o jornalismo e por isso não quer ser visto como vilão, mas pensa que é necessário que o consumidor valorize o conteúdo que está consumindo. Segundo ele, "o jornalismo não pode ser baseado apenas em receitas publicitárias, mas na necessidade de valorização dos consumidores - permitirá que os meios de comunicação social definam sua verdadeira bússola para o jornalismo, que deve ser sempre sobre isso."

Fonte: Redação Adnews, com informações da Revista Time

Nenhum comentário: