segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Passar em concurso depende de tempo e dinheiro

Marco Antônio Uhl
Repórter

O sonho de se tornar um servidor público no Brasil é um desafio difícil de ser conquistado e além de tudo, muito custoso.
Muitos jovens recém formados e profissionais que não encontram colocação segura nos seus ramos profissionais optam por fazer um concurso público e ingressar nos quadros do funcionalismo municipal, estadual ou federal.
Hoje no Brasil não existe uma regra específica para quem deseja entrar para o funcionalismo. Segundo professores de cursos preparatórios, é preciso, porém, uma dedicação mínima de um a dois anos de estudos e provas para alcançar o objetivo, que é a aprovação no exame, ou seja, quanto mais estudo e dedicação, mais perto do objetivo o candidato fica.
Em Santarém os cursos preparatórios para os candidatos que desejam fazer provas em concursos públicos, são efetivados de acordo com os concursos divulgados pelas instituições públicas, o que nem sempre dá o tempo necessário para o candidato assimilar as matérias, apesar de toda a sua dedicação, já que na maioria das vezes os candidatos dividem seu tempo com o estudo, o trabalho e a família. No Oeste do Pará é alto o índice de jovens que constituem família cedo, e esta responsabilidade acaba tirando uma boa fatia do seu tempo que seria inicialmente dedicada aos estudos.
Além da falta de tempo e da necessidade de trabalhar para financiar os estudos, os candidatos têm custos altos para chegar até as provas, que são as mensalidades de cursinhos preparatórios, que variam de R$ 150 a R$ 500, geralmente, por, dois meses de estudo dedicado ao tema do concurso.
As turmas estudam durante a noite de 19 horas até as 22:30 horas de segunda a sábado e uma média de 130 alunos procuram todas as vezes que é divulgado o edital para um novo concurso. Além deste custo durante o curso em si, existe a possibilidade, para aqueles que possuem condições e sentem necessidade de ingressarem ainda, na turma de revisão do curso, que em média, aumenta o prazo de estudo em 2 semanas e onera ainda mais os custas antes do ingresso no sistema público de trabalho.

Gastos adicionais são contabilizados
Além do gasto direto que o candidato tem com o curso preparatório e a taxa de inscrição para realização da prova, outros gastos se somam durante o período que antecede o primeiro salário após a aprovação no concurso público.
Alimentação, transporte, Internet para consultas e pesquisas e compra de bons livros, são gastos que devem ser agregados ao investimento que o candidato tem que fazer antes de chegar ao seu objetivo que o início no trabalho desejado. Outro investimento, mesmo depois de aprovado no concurso é a autosustentação no período em que aguarda a convocação, que pode chegar a até dois anos dependendo do caso.
Recentemente, a prefeitura de Santarém realizou concurso público que mobilizou um grande número de interessados, que mesmo aprovados, ainda não foram chamados e não têm qualquer segurança de que de fato serão convocados, e até lá, todos terão que sobreviver por sua conta e risco, e nesta roda vida, muitos, mesmo tendo sido aprovados no concurso realizados pela Prefeitura de Santarém, acabam fazendo outros concursos enquanto espera a definição, o que gera mais custos e aumenta o desestímulo e a incerteza do que virá no futuro dos jovens estudantes do Baixo Amazonas.
"Nos que estudamos para entrar no funcionalismo público esperando mais segurança e rentabilidade no futuro e temos também a esperança de conseguir a aprovação. Eu gastei cerca de R$ 300 para o concurso dos Bombeiros, mas não fui aprovado, agora, estou investindo R$ 500 para a PM e acredito que vou atingir meu objetivo. Já o concurso da prefeitura eu não fiz, eu não acredito muito nele, acho o da PM é mais sério e sem muita influência política, até porque, é uma instituição do Estado", declara do comerciário Edigelson Farias, de 21 anos, casado e pai de um filho.

Nenhum comentário: