sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Cidadãos reprovam Justiça brasileira

Ullisses Campbell
Correio Braziliense

São Paulo — A segunda pesquisa feita pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) sobre a confiança que os brasileiros têm na Justiça revela que os laços que ligam os cidadãos ao Poder Judiciário são fracos. Numa escala de zero a 10, o Índice de Confiança na Justiça ficou em 5,6. Comparando à taxa anterior, aferida no segundo trimestre do ano, houve uma queda de 5%.

Em Brasília, os dados são “gravíssimos”, conforme avaliação da coordenadora do estudo, Luciana Gross Cunha, professora de direito da FGV. Entre os brasilienses, 93% acham a Justiça do Distrito Federal muito lenta; 83% reclamam dos custos para abrir um processo e 67% dizem que os juízes são imparciais e nada confiáveis (veja quadro). “Se a pesquisa fosse uma prova escolar onde a média para passar fosse 6, como ocorre na maioria das escolas, a nossa Justiça seria reprovada”, diz a pesquisadora.

Na média nacional, 94,5% dos entrevistados nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, Salvador, Brasília e Porto Alegre responderam que o Judiciário resolve os conflitos de forma lenta, 70% dos consultados desconfiam da honestidade e da imparcialidade do poder e 64,5% mostraram ceticismo em relação à capacidade da Justiça de solucionar desavenças.

As capitais que apresentaram maior índice de confiança na Justiça foram Porto Alegre, Belo Horizonte, Brasília e Rio, com nota de 5,7. Salvador e São Paulo deram como nota à Justiça 5,6 e Recife, com a pior avaliação, 5,4.

Segundo o estudo, 89% dos brasileiros procurariam a Justiça para solucionar conflitos relacionados ao direito do consumidor e 82,2% recorreriam em casos envolvendo o poder público.

Radiografia do Judiciário

# No Brasil

83,2% - dos brasileiros dizem que os custos para acessar o Judiciário são muito altos

81,7% - disseram que o maior problema da Justiça brasileira é a desonestidade e a parcialidade

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