terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Atualização precária

Por causa das constantes panes de energia provocadas pela Rede Celpa, que nem os nobreak's deste jornal suportaram a oscilação de fases, a atualização do Blog do Estado foi prejudicada nesta terça-feira.
Este site volta a ser atualizado amanhã.

Lúcio Flávio Pinto: Brasil e China no novo ciclo da nossa pilhagem


Indo ou vindo do Brasil para a Amazônia, ou vice-versa, passando por Belém, Larry Rohter me avisava para que pudéssemos conversar. Nunca deixei de atender seus convites, mesmo que fosse para um contato rápido. Não tendo mais a mesma desenvoltura que o New York Times lhe dava, e que O Estado de S. Paulo me possibilitou durante quase duas décadas, aproveitava para me atualizar sobre o que acontecia nos locais que ele tinha percorrido. Ao mesmo tempo, verificava se minhas observações de província resistiam à confrontação com um observador cosmopolita.

Fiquei feliz ao receber um exemplar de Deu no New York Times com a seguinte dedicatória de Rohter, datada ainda do Rio de Janeiro, em novembro (o volume só me chegou há duas semanas, quando já o lera): “Durante 30 anos você tem sido meu professor de assuntos amazônicos. Quero agradecer todos os bate-papos lá em Belém, as dicas e os conselhos. Devo muito a você, e o capítulo sobre a Amazônia deve muito ao nosso diálogo permanente”.
De fato, muitas das idéias e informações que transmiti ao correspondente do NYT, sem qualquer reserva nem economia, estão por trás das conclusões que ele tirou ao submetê-las à sua própria apreciação. Fiquei ainda mais feliz porque ele me citou não no capítulo amazônico do livro, no qual sou presença anônima, ainda que bem detectável, mas quando trata de ciência e economia. É uma das partes mais relevantes da obra – e não por acaso. Larry Rohter se dedica há muito tempo à China. Até fala o mandarim.
Por isso, suas observações sobre a relação do Brasil – e em especial da Amazônia – com a China merecem uma atenção à parte. Infelizmente, nem os brasileiros em geral nem os amazônidas em particular têm dado à questão a relevância que ela tem. Como é uma importância real, ela vai produzir seus efeitos, ainda que não atentemos para a sua evolução rápida e profunda. Mais uma vez, alguém poderá alegar que Larry Rohter (como eu?) está fazendo o jogo dos Estados Unidos contra a China, tentando criar rivalidades, antagonismos e incompatibilidades exageradas ou inexistentes.
Mais de uma vez ouvi de interlocutores a sugestão de não procurá-lo. “Vai ver, é agente da CIA”. Se fosse, merecia uma medalha por tanto tempo de serviço em missão num país que um agente americano consideraria desinteressante, fora do eixo central do poder – e ainda por cima quente e úmido. Larry casou com uma brasileira e teve com ela dois filhos. Seu interesse pelo país é sincero e decidido. Seu livro é mais uma prova nesse sentido. Aconselha os adversários ou antagonistas a procurarem um motivo mais sólido para contraditá-lo.
Decidi transcrever esta parte da introdução que ele escreveu para o capítulo dedicado à ciência e à economia como um convite ao leitor para que atente com mais para esse novo momento da história da Amazônia e do Brasil. Diz Rohter:
Mas uma pergunta ainda mais importante a ser feita é se a China vê o Brasil como um parceiro e aliado, e a resposta, acho, é não. A China vê o Brasil mais do que qualquer outra coisa como uma fonte de matérias-primas para suas fábricas, e secundariamente como um mercado para seus produtos acabados. Os riscos para o Brasil numa situação como essa são óbvios: se a atual situação não for controlada, a China vai se servir das enormes reservas brasileiras de ferro, alumínio, cobre e madeira, sem oferecer nenhum valor agregado e deixando para trás a poluição como sua única contribuição.
Discuti muitas vezes esse fenômeno crescente com meu amigo Lúcio Flávio Pinto, de Belém, que considero o analista brasileiro mais sensato de todas as coisas amazônicas, e concordo com sua tese. No século XVI, ele argumenta, o Brasil forneceu as matérias-primas que possibilitaram que as casas reais de Portugal e Espanha se tornassem enormemente ricas, mas teve ele próprio poucos benefícios. No século XIX, o Brasil forneceu muitas das matérias-primas essenciais que capacitaram a Grã-Bretanha e os Estados Unidos a se industrializarem rapidamente e se tornarem potências mundiais, mas só se beneficiou marginal e tardiamente por ter cumprido esse papel.
Agora estamos no século XXI, e desta vez é a China, observa Lúcio Flávio, que tem um apetite insaciável pelos recursos do Brasil e de outros países latino-americanos. Seria de pensar que os brasileiros tivessem aprendido a amarga lição de suas duas experiências anteriores como fornecedores de matérias-primas, mas talvez não tenham. O essencial é o seguinte: o Brasil não pode simplesmente se dar ao luxo de cometer o mesmo erro pela terceira vez. Para seu próprio bem, ele deve fazer uso do poder de barganha que ainda tem e insistir em que a China receba em seus portos não somente matérias-primas enviadas do Brasil, mas também produtos acabados feitos no Brasil, que propiciem empregos e lucros aos brasileiros.

Traição à vista

Osmando Figueiredo e sua trupe se ofereceram na sexta-feira para apoiar a candidatura de Alexandre Von(PSDB).
Foram vetados.
Mesmo assim, Osmando finge que é Rocha desde criancinha.