quinta-feira, 24 de junho de 2010

Roque Lima, entalhe em madeira das mais variadas formas

Aritana Aguiar
Free Lancer

Talvez muitos ainda não conheçam Roque Lima, um escultor santareno que há 37 anos vem esculpindo verdadeiras obras de arte em madeiras e tendo suas peças distribuídas mundo afora.

Roque Lima perdeu a conta de quantos prêmios já recebeu pelo seu trabalho. O primeiro foi em 1980, pela revista americana Forum, na época saiu uma matéria sobre o seu trabalho, recebeu um certificado por honra ao mérito. Sua primeira exposição foi em 1979, no colégio Álvaro Adolfo da Silveira. Há cinco anos foi escolhido por unanimidade para fazer parte da Academia de Letras e Arte de Santarém.

Seu trabalho começou quando tinha 15 anos. "Meu pai era carpinteiro, fazia moveis, então eu mexia escondido no material dele. Com a curiosidade, e também acredito ser um dom, passei fazer esculturas em madeira", relembrou Roque Lima. Desde pequeno gostava de se envolver com a arte, pintava em papel, depois passou para telas, mas a verdadeira paixão foi com madeira.
Com o tempo o próprio pai passou ajudá-lo em seu trabalho. Afinal, tinha mais movimento do que produção de moveis. "Primeiro, passei a fazer esculturas sacras. Então os padres gostaram do meu trabalho e passaram a preparar encomendas, a partir daí que fui crescendo", relembrou o escultor. Depois disso, Roque se dedicou a esculpir peças com motivos da flora e fauna da Amazônia, ofício em que permanece até hoje. "São araras, tucanos, passarinhos, muiraquitã, entre outros. Nossa floresta é muito rica, tem bastante coisas a oferecer", orgulha-se Roque Lima.

Sua primeira escultura foi uma casinha e um santo, São Pedro. Roque afirma ter se sentido uma pessoa que queria levar esse trabalho mais longe. O trabalho cresceu rápido com a divulgação feita pelas igrejas, mas não teve apoio governamental. "A arte em Santarém não é muito valorizada, vendo meus produtos para turistas, reclamou. E completa que ainda sente dificuldade em vender as esculturas e a falta de apoio do poder público. "Não há incentivos apenas convite para alguma exposição, quando tem algum evento", desabafa.

Quanto aos turistas estrangeiros, segundo roque, sempre compram alguma escultura. "A grande preferência são temas amazônicos, mas também levam alguns santos, os turistas de outros estados sempre comparecem, e nunca de deixam de levar alguma pela", relata Roque Lima.

Roque sempre é procurado para fazer exposições. Todo o ano tem presença confirmada na Feira da Cultura Popular, e no Terminal Turístico, além de receber constantes convites para fazer exposições. Nunca chegou a sair do país, mas levou seu trabalho para várias cidades vizinhas, como: Monte Alegre, Alenquer, Trairão, Itaituba, e também Belém e Manaus. "Atualmente estou com vários trabalhos, já não tenho tanto tempo para viajar, autorizo a levarem minhas esculturas para ser feita exposição fora da cidade", justificou o escultor.

Roque admite gostar de ministrar aulas. "Eu completei todo meu ensino médio, cheguei a fazer magistério e contabilidade, mesmo se trabalhasse como professor seria somente na área de artes, esculturas", explicou. Sempre é convidado pelo Sebrae para ministrar mini cursos, viajando até para cidades vizinhas.

Dos tipos de madeiras que utiliza para esculpir afirma que o cedro é o melhor tipo. " Qualquer madeira pode ser trabalhada, mas dependendo do que será feito é exigido um tipo de resistência", explicou. Além disso, o escultor gosta de trabalhar com cerâmicas, galhos de madeira, mas não é sempre.

Atualmente Roque trabalha com dois irmãos que também são escultores. Os filhos também gostam desse trabalho e sabem fazer esculturas. Mas até o momento não decidiram em seguir a carreira do pai.

Roque, enfatiza que faz seu trabalho com muito amor e dedicação, e não se arrepende da carreira que escolheu.

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