quarta-feira, 29 de setembro de 2010

O lixo e as fichas limpas

Adenauer Góes
adenauergoes@gmail.com 
     

Este é um tema que sempre me interessou de perto. O lixo tem tudo a ver com a falta de saúde, dignidade, de compromisso com a urbanidade e com tudo que não presta. Quando fui vereador de Belém,apresentei um projeto de lei que foi aprovado pela Câmara Municipal.Este projeto definia o que eram atos que sujavam a cidade, e aplicava multas a quem assim procedesse.Entendo que infelizmente, é preciso fazer doer no bolso para que um número significativo de pessoas passe a ter consciência e  respeito.
Infelizmente o Prefeito de então em Belém no quadriênio 1993 a 1996 que era o Sr. Edmilson Rodrigues vetou o projeto e desta forma perdemos uma ótima oportunidade de legislar a respeito desta questão da maior importância e que daria ao gestor público mecanismos que lhe permitiriam um controle maior sobre a produção do lixo nosso de cada dia, o qual funciona como verdadeira epidemia.
A produção do lixo e seu manuseio estão intimamente ligados à educação e a cultura de um povo. A impressão que se tem é a de que ninguém se sente responsável pela limpeza, quando na realidade, todos deveríamos ser responsáveis por ela.
Todos sujam, em todas as classes sociais, e muitas vezes o rico suja até mais que o pobre, pois acaba por ter uma produção maior, pelas oportunidades que tem.  Como não existe compromisso social e nem sentimento de urbanidade e convivência unindo as pessoas através dos aglomerados humanos nos quais as cidades se transformaram, a lei que acaba prevalecendo é justamente a do salve-se quem puder, com boa parte da população sujando e quase ninguém se preocupando com isto.
Basta prestar atenção para o dia a dia da cidade, em relação ao que acontece em seu entorno, para que o cidadão que tenha o mínimo de compromisso fique de boca aberta com o que presencia a todo o momento. São pessoas que jogam lixo pelas janelas dos carros e dos ônibus,que descarregam tudo que querem descartar nas esquinas, tirando muitas vezes de seus quintais ou de suas casas,que no exercício de suas atividades jogam papéis nas calçadas, ou as utilizam para consertar equipamentos, enfim,que não zelam pelos espaços públicos.
O poder público não tem conseguido reverter esta tendência ao longo do tempo. Tem lhe faltado capacidade, eficiência e políticas públicas de médio e longo curso, que contemplem mudança de cultura e educação continuada principalmente para as crianças e adolescentes. Por isto a importância das medidas punitivas, as quais seriam aplicadas nos adultos, que pela força do costume são mais difíceis de se modificar.
A atividade turística é uma das que mais sofre com a sujeira das cidades, sendo a natureza também extremamente prejudicada. Nossas praias e rios vão morrendo pouco a pouco pela ação predatória do ser humano, considerado pelo mesmo o único ser racional.Imagina se não fosse.
Mas, a questão maior que se coloca, é a de que, nós sujamos deliberadamente o espaço em que vivemos. Nós mesmos nos auto agredimos,damos tiro no próprio pé,promovemos e incentivamos ambientes propícios á doenças contra nos mesmos.
No fundo, no fundo, nos faltam cidadania e dignidade. Mas, penso que pra tudo existe solução, embora difícil, o caminho da recuperação é visível aos nossos olhos, se não de todos, mas pelo menos daqueles que querem ver a realidade de frente e fazer por onde dar sua parcela de contribuição para melhorar a sujeira de nossas cidades,  da natureza, e porque não, de nossas vidas.        

Deve ser por isto que a Lei das fichas limpas está fazendo sucesso nestas eleições.                                                                                                    
       
 

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