sábado, 10 de abril de 2010

Canção do Sonho Acabado

Cecília Meirelles:

Já tive a rosa do amor
- rubra rosa, sem pudor.
Cobicei, cheirei, colhi.
Mas ela despetalou
E outra igual, nunca mais vi.
Já vivi mil aventuras,
Me embriaguei de alegria!
Mas os risos da ventura,
No limiar da loucura,
Se tornaram fantasia...
Já almejei felicidade,
Mãos dadas, fraternidade,
Um ideal sem fronteiras
- utopia! Voou ligeira,
Nas asas da liberdade.
Desejei viver. Demais!
Segurar a juventude,
Prender o tempo na mão,
Plantar o lírio da paz!
Mas nem mesmo isto eu pude:
Tentei, porém nada fiz...
Muito, da vida, eu já quis.
Já quis... mas não quero mais...

Definições partidárias

Lúcio Flávio Pinto:

O PR do vice-prefeito licenciado de Belém, Anivaldo do Vale, deverá se aliar ao PT do Pará na eleição deste ano. É o que sugere a movimentação de Anivaldo, que poderá vir a ser o companheiro de chapa da governadora Ana Júlia Carepa. Ele é responsável pelo preenchimento de vários cargos da administração federal no Estado, que não pode dispensar, sob pena de enfraquecer seu partido e inviabilizar seus projetos pessoais de poder, que incluem o filho, o deputado federal Lúcio do Vale.

Por isso, o PR se dissociou do PTB, com o qual fez a coligação vitoriosa para a última eleição municipal. Não foi um rompimento aberto e definitivo, mas o PTB não acompanhará seu parceiro. O prefeito Duciomar Costa não será candidato a nada neste ano, permanecendo no cargo até o prazo de desincompatibilização para a eleição seguinte.

O lançamento do nome do empresário Fernando Yamada como candidato do partido ao governo, ainda que seja apenas uma manobra de sondagem do terreno, pode indicar que o PTB não apoiará a reeleição de Ana Júlia (mesmo sendo aliado nacional de Lula) nem embarcará na canoa do PMDB no 1º turno. Terá candidato próprio e depois negociará com aquele que tiver melhor oportunidade de vencer no 2º turno, o que inclui o PSDB de Simão Jatene (que o ajudou a eleger-se prefeito), além do PT e do PMDB. É Duciomar, como sempre, procurando o maior rendimento possível.

Engana-se quem pensa que Fernando Yamada não tem aspirações políticas. Além de ter integrado a administração do governo Hélio Gueiros (1987/1990) como secretário de indústria e comércio, ele nunca se desvinculou de políticos e sempre cultivou sua presença em público. Mas aquilo que o torna economicamente forte o enfraquece politicamente: sua empresa, dona da maior rede de varejo do Pará, dentre vários negócios. Num palanque, ele se tornará vulnerável a determinados ataques, sobretudo em matéria de sonegação de impostos e desvio de dinheiro, acusação que já lhe acarretou uma prisão temporária pela Polícia Federal.

Motivado pelo convite de Duciomar, Fernando deve estar avaliando a tentação de entrar na política, pela qual voltou a ser atraído quando se filiou ao PTB, no final do prazo legal para poder participar da eleição de outubro. A filiação surpreendeu o mundo político, que supunha Fernando desinteressado do poder. Ele pode dar o passo que custou tão caro ao também empresário Sahid Xerfan, quando deixou os bastidores e entrou no palco aberto. Ele foi prefeito, disputou (e perdeu para Jader Barbalho) o governo do Estado e agora só consegue votos para se eleger vereador, tendo sacrificado suas empresas.

Fernando também pode desistir da aventura. O convite em si, porém, já bastaria para transmitir um recado do PTB: nada com o PT no 1º turno no Pará. A não ser que tudo não passe de mais um lance para surpreender a opinião público com o inverso do que é declarado (como uma dobradinha Ana-Fernando). O que não seria nenhuma novidade na temporada atual, nesta como nas anteriores,