quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Mercúrio e chumbo afetam dieta das populações ribeirinhas do Pará

Pesquisa foi realizada junto a população ribeirinhas do Rio Tapajós e revelou que o pescado e a farinha - alimentos que fazem parte da dieta básica - estão contaminados

ENSP - EcoAgência

Estudo realizado pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (FCFRP-USP), a respeito da exposição ambiental a metais tóxicos nas populações ribeirinhas do Rio Tapajós, no Estado do Pará, revelou que o pescado e a farinha - alimentos que fazem parte da dieta básica da população local - estão contaminados respectivamente por mercúrio e chumbo. A pesquisa, que gera uma grande preocupação em relação aos hábitos alimentares dessas pessoas, foi coordenada pelo químico Fernando Barbosa, que esteve na ENSP para participar do Seminário David Capistrano da Costa Filho de Atualização em Saúde e Ambiente, no curso Metais no ambiente e saúde humana: aspectos toxicológicos e avaliação de exposição.

A pesquisa sobre a contaminação por chumbo é decorrente de outro trabalho, também inserido no Programa de Pós-Graduação em Toxicologia da FCFRP-USP, sobre a exposição ao metilmercúrio, provocada pelo consumo de peixes da região. O estudo foi desenvolvido com 453 ribeirinhos, em 13 diferentes comunidades, e, ao analisar o sangue da população para determinar a concentração de mercúrio, foi constatada uma concentração elevada de chumbo entre os moradores da região. "Nossa preocupação inicial foi verificar a exposição ao mercúrio a partir do consumo de peixes pela população e seus possíveis efeitos tóxicos. No entanto, após identificarmos altas concentrações de chumbo no sangue dos ribeirinhos, partimos para um trabalho de investigação a fim de analisar de onde vinha essa exposição", esclareceu Fernando.

O valor de referência para exposição ao chumbo, segundo o CDC-Atlanta e a Organização Mundial da Saúde, é de 10 microgramas por decilitro no sangue. Ao analisarem o sangue da população do Rio Tapajós, foram observadas concentrações entre 0,58 e 48,3 microgramas por decilitro, com uma média de 12. "Encontramos valores extremamente elevados e começamos a analisar as diversas fontes de exposição, com a coleta de aproximadamente 2 mil alimentos na região. Ao processarmos e verificarmos as concentrações de chumbo nos alimentos, constatamos que a farinha - essencial na alimentação dessas pessoas - era a principal fonte de exposição. Isso nos trouxe um grande problema, pois o peixe e a farinha formam as bases da dieta dessa população

Legislação para farinha não inclui chumbo como fator preocupante

Fernando revelou que foi necessário avaliar de onde vinha essa contaminação. Após análise do solo e de todo o processo de produção da farinha desde a plantação da mandioca, verificou-se que o chumbo se apresentava em grande quantidade depois do processo de torrefação. "Esse processo é feito em chapas metálicas em praticamente todas as comunidades. Daí ficou comprovado que o procedimento de confecção da farinha causava a contaminação. Chegamos a identificar farinhas com 1 micrograma por grama de chumbo."

Segundo os coordenadores da pesquisa, o futuro das crianças da região é preocupante, pois a base da dieta da população ribeirinha está contaminada por mercúrio e chumbo. "Nesse caso, existem dois elementos químicos extremamente tóxicos que fazem parte da cultura alimentar deles. Apesar de não termos uma análise profunda em crianças, supõe-se uma concentração elevada. Com a exposição, é esperada para crianças uma redução da capacidade intelectual e do crescimento, entre diversos outros problemas neurológicos.

Fernando admitiu que, no Brasil, existe uma legislação vigente da Anvisa para farinha de mandioca, mas ela não inclui valores máximos permitidos para chumbo. Entretanto, sabe-se que as legislações de outros países têm como referência para alguns alimentos a concentração máxima permitida de 0,1 micrograma por grama.

"Esse valor indica que encontramos farinhas com concentração de chumbo dez vezes acima do limite naquela região. Precisamos desenvolver ali novos estudos, sobretudo em relação às crianças, sendo também necessário adotar uma nova prática para a confecção das farinhas. É difícil mudar a cultura alimentar da população, mas podemos trocar as chapas metálicas e utilizar outros procedimentos que diminuam essa concentração. Estamos falando de uma população com problemas de saneamento, infraestrutura, e é fundamental que possamos atuar de forma multidisciplinar. Esses alimentos movimentam a economia dessa população. Devemos agir para modificar essa situação.

Cada recenseador visitará 300 domicílios em Santarém

O Censo Demográfico do IBGE de Santarém iniciou suas atividades segunda-feira (02) somente no bairro do Livramento. Mas apenas terça-feira(03) começou o trabalho de coleta de dados em toda a zona urbana da cidade. Houve um arrombamento na agência sendo levado apenas o notebook do chefe da agência Edilberto Figueira, mas isso não impediu que os 255 recenseadores dessem inicio as suas atividades.

Até dia 20 de outubro todos os recenseadores terão que visitar os 48 bairros da cidade. Sendo que a cada recenseador visitará 300 domicílios. Segundo Edilberto Figueira, os bairros de Santarém têm uma média de duas mil casas. "Haverá a necessidade de alguns recenseadores ultrapassarem a cota de 300", explicou o Edilberto.

Segundo o chefe da agência de Santarém por dia cada recenseador irar visitar de 10 a 15 casas. "Com o passar dos dias depois que tiver mais a vontade e com pratica com certeza farão acima de 15 casas visitadas por dia", informou. As visitas serão feitas pela manhã e tarde.

Quanto ao val- transporte dos agentes que trabalharão na zona urbana o IGBE não irá contribuir somente quando houver alguma necessidade. Mas no caso dos agentes que irão para a zona rural, várzea será de responsabilidade do IBGE. "Será ajudado no transporte para locais como o planalto, além disso, terá a contribuição para a alimentação dos mesmos, já que ficarão nas localidades de até 15 dias", afirmou. Os recenseadores irão se apresentar para os presidentes das comunidades, o IBGE já feito contato e os comunitários darão um lugar onde o agente possa ficar até completar o levantamento.

Edilberto afirma que também haverá uma negociação em alugar motos para facilitar o trabalho dos agentes. "Aqueles que tiverem transporte próprio iremos negociar no sentido da gasolina, quem não tiver iremos alugar o transporte até mesmo dos próprios moradores", informou o chefe preocupado para que nada atrase na coleta de dados. Mas as visitas as localidades mais distante iniciarão no dia 9 de agosto.

Entre as localidades distantes estão Cochoeira do Aruã, Maró, região do Curuai, Arapiuns e Mojui dos Campos, irão até o limite das cidades de Placas, Ruropolis e Belterra. Para várzea e planalto viajarão de 30 até 40 recenseadores.

"Qualquer pessoa dentro do domicilio pode da informação sobre os demais membros das famílias contando que saiba", afirmou Edilberto. São mais de 100 perguntas entre elas saber a característica do domicilio, os moveis e eletrodomésticos, como se mantém. "Essas são para ter uma noção do déficit habitacional do país", explica.

De acordo com a resposta perguntas surgirão, por exemplo, se a pessoa estiver desempregada perguntam se está procurando emprego e qual o tipo. No final do dia os recenseadores levam os PDAs para a agência para enviar as informações diretamente para o Rio de Janeiro.

Mas, os recenseadores sentem gratificados em participar do Censo é o caso de Ananias de Sousa. "Estou feliz que posso contribuir para o Brasil crescer, sei o quanto é necessários esses dadas para os investimento de políticas públicas e privadas. Principalmente na Amazônia já que não é tão integrada no país", enfatizou. Como já teve contato com o público e vontade de participar de uma pesquisa o sonho está sendo realizado.

Para o João Vicente Silva, está participando pela 3º vez do Censo Demográfico do IBGE, esteve no de 1996 e 2000. " Acho importante esse levantamento porque saberemos os pontos necessários para saber onde investir. Saberemos no que Santarém precisa para gerar emprego e renda", declarou.

Semi-liberdade concedida, mas a maioria dos detentos volta ao crime

Segundo a juíza criminal de Belém e vice-coordenadora do projeto Começar de Novo, Marinez Arrais, de cada 10 presos que são beneficiados ao livramento condicional, com o regime aberto e domiciliar sete voltam a delinqüir. "Com esse número preocupante estamos com o projeto Começar de Novo para inseri-los no mercado de trabalho", enfatizou a juíza que fez parte do Mutirão Judicial ocorrido entre os dias 02 a 04 de agosto em Santarém, sendo liberado mais de 50 presos para regime domiciliar e livramento condicional.

O mutirão judicial é especifico para preso sentenciado, ou seja, para quem foi condenado a culpado, mas está cumprindo com as normas da lei. "Durante três dias as juízas Luciana Ramos da 9º Vara de Santarém e juíza Marinez de Belém, executaram esse trabalho em conjunto", explicou a diretora do Núcleo de Execução Penal da Susipe, Geane Salzer.

De acordo com a diretora como Santarém não possui a casa de Albergado que recebe os presos em regime aberto, terão o direito de regime domiciliar. "Todo o condenado em prisão domiciliar deve se recolher das 22 horas e obedecer a vários critérios", informou. Dentre as condições estão, não cometer outro crime, não fazer arruaça, não andar armado, comprometer em ter uma ocupação e todos os meses ir ao Fórum assinar um documento de que se mantém na cidade e não cometeu nenhum delito. Para o livramento condicional as regras são as mesmas exceto se recolher em casa às 22 horas.

Para o livramento o preso recebe uma carteirinha de passe livre, assina o livro de ATA, dos compromissos que tem que cumprir. "A seleção dos presos é feita de acordo com a sentença que eles recebem, existe um calculo, por exemplo, se está condenado há seis anos e um ano pena cumprida tem o direito de progressão a regime se for crime simples, se for hediondo, já passa para dois anos", explicou a diretora.

Há um mês estava sendo feita uma triagem sobre o prontuário do penitenciário. É verificado, se não está envolvido nos últimos incidentes, motim, rebelião, confusão, tentativa de fuga, verificar os documentos, sentença, denuncia, comprovante de residência. "É muito importante saber realmente se há um endereço fixo que possa se fixar se realmente é verdadeiro. São critérios que foram cumpridos exigidos por lei", enfatizou a Geane.

Segundo ela o preso pode está com a ficha limpa, mas se não houver a residência fixa, ele não irá sair. "Há uma responsabilidade muito grande sobre isso. É um compromisso social não podemos jogar as pessoas na rua", ponderou a diretora da Susipe. Além disso, foi feita uma pesquisa, na internet em um link no site do Tribunal de Justiça se o condenado que está preso em Santarém, e está respondendo em algum lugar no estado, ou fora o impede de sair.(Aritana Aguiar)

Bombeiros alertam sobre perigo dos transporte de combustivel em barcos de passageiros

Aritana Aguiar
Free lancer


Com o cumprimento pela Delegacia da Marinha de Santarém da legislação que proíbe o transporte de combustível, inclusive botijões de gás, em embarcações de passageiros, os ribeirinhos e proprietários de barcos reagiram com indignação a essa medida preventiva. Mas, apesar da reclamação dos ribeirinhos o Corpo de Bombeiros alerta que o grande perigo em transportar gás de cozinha e combustível em locais fechados pode gerar uma explosão.

A Delegacia da Marinha de Santarém afirma que a legislação não prevê a mistura de passageiros com o transporte de mercadoria perigosa. Por conta do tamanho dos barcos esse tipo de produto fica sempre muito próximo aos passageiros. Somente barcos autorizados pela Marinha podem transportar o combustível e botijão de gás.

O proprietário de uma embarcação que mora na Comunidade de Maripá, afirma que está muito prejudicado com a nova lei. "Dependo do óleo, apesar de morar em próximo a vila de Alter-do-Chão, já passei por muitos apuros", desabafou. Ele conta que chegou está próximo a vila quando o motor do barco acabou, fez uma ligação e conseguiu que trouxessem o combustível. Em outra situação pediu ajuda de vizinhos colaborando com óleo para que pudesse ir a Alter-do-Chão e comprar combustível ao chegar lá não tinha e para voltar conseguiu óleo de algumas embarcações. Além disso, em sua residência o motor é desligado pela manhã para controlar o óleo. O mesmo acontece com os vizinhos. Ele acredita que é preciso entender a situação dos ribeirinhos antes de impor a lei, pois dependem disso.

O subtenente Nobre, do Corpo de Bombeiros faz uma alerta de periculosidade do transporte de gasolina e gás de cozinha, em especial. "Se colocar apenas um botijão de gás em um porão, corre um sério risco de explosão, devido o aquecimento do local", explica. Um dos problemas é que as botijas são às vezes mal manuseadas sendo jogadas nos locais como uma mercadoria sem risco, devido o material ser de aço sendo então um grande engano.

De acordo com o subtenente, o manuseio inadequado das botijas, pode danificar a válvula, com isso causa o vazamento gerando então uma explosão, se estiver em local abafado. "Um botijão de gás vazio é mais perigoso que um cheio, por está aberto o restante do gás sai. E se estiver em locais como porão de barco pode explodir devido o calor", informou. Alerta também que, durante a viagem de barco, ocorre atrito entre os botijões podendo danificar ou até mesmo explodir.

Uma comunitária de Maripá, afirma está passando um sufoco com essa situação de poder transportar pouco óleo. "Fica difícil fazermos várias viagens na cidade, gastamos muito", reclama que agora necessita ir a Santarém várias vezes para comprar óleo, pois nem sempre consegue comprar na vila de Alter-do-Chão. "Utilizamos muito a rabeta para atravessarmos o rio, colher mandioca, as crianças que vão para escola, tem atrapalhado os estudos", reclamou. Agora está racionando combustível, desligando o motor de luz à noite.

Mas a Capitania dos Portos permite que o gás de cozinha e o combustível seja levado somente no toldo do barco, ou seja, na parte de cima, sendo um local bem arejado, mas a quantidade é pouca.
Quanto à gasolina transportada o perigo também é constante. "A gasolina libera um vapor que não combina com locais abafados e calor. Isso vai gerar uma explosão. Muitos donos de barcos colocam as botijas de gás no porão, isso é uma verdadeira bomba", alerta o subtenente Nobre.

Um dos grandes perigos da gasolina também que ela é levada em recipientes de plástico. "O plástico não vai dissolver, mas a segurança é limitada", enfatizou. E completa: "quando coloca um plástico na tampa de vedação do recipiente retira o suspiro da tampa ao abrir o vapor sai de uma vez". O ideal é que a gasolina seja levada para os ribeirinhos em um fornecedor seguro. Segundo o subtenente não há na cidade um vasilhame seguro que possa transportar a gasolina.

Mas o comandante Nadir, que aluga seu barco para passeios reclama que houve uma queda de no transporte em 50%. "Antes eu levava óleo para abastecer durante o passeio já que íamos a locais distantes, agora o limite que posso levar não é suficiente", desabafa. E completa que se sente muito prejudicado e não sabe o que fazer se continuar assim.

Ele afirma que algumas localidades vários estudantes estão prejudicados. "Alunos estudam em outras comunidades e vão pra escola de rabeta, com a falta de óleo está indo na escola poucas vezes na semana", relata o comandante. Outra situação é que os moradores possuem motor de luz em suas casas com isso estão racionados já que não podem leva bastante combustíveis.
Nadir sugere que as embarcações levem os combustíveis em um local seguro e arejado no barco. Ou então que haja embarcações do governo que transportem os combustíveis para as localidades.

Só uma geriatra atende em Santarém

A cada dia aumenta o número de idosos no Brasil, mas existem poucos especialistas para cuidar dos pacientes da melhor idade. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) atualmente o país possui 900 geriatras que não supre a demanda. Em Santarém existe apenas uma médica geriatra, que é doutora Eliane Conceição. Enquanto o asilo São Vicente de Paulo não consegue o especialista os idosos são entendidos por um pneumologista.

Segundo a secretaria-administrativa do asilo Alda Nobre, toda quarta-feira o pneumologista Rubens Dourado, é quem atende os idosos. "Como o asilo não é um órgão público e nós mantemos com os órgãos sociais, conseguimos um convênio através do Rotary, então nós temos o médico para atendê-los", explicou a Alda. Quando há alguma emergência e um idoso necessita de atendimento imediato o médico sempre os atende. "Se o doutor Rubens estiver ausente nós vamos para o Hospital Municipal, e logo nos encaminham pro Hospital Regional", afirma.

Mesmo não sendo o especialista a enfermeira do turno da manhã Mara Cristiane, afirma que se houvesse um geriatra seria bem melhor. "Doutor Rubens tenta fazer o que pode, faz um excelente trabalho, mas o geriatra entende bem melhor sabe exatamente os problemas do idoso", declarou. Na entrevista Alda Nobre afirmou que em Santarém não há médico geriatra, mas a reportagem descobriu que há a doutora Eliane Conceição que atende no Hospital Sagrada Família.

O asilo possui três enfermeiras e uma técnica de enfermagem. Duas enfermeiras são pagas pelo asilo e outra juntamente com a técnica é paga pelo Governo Municipal.(Aritama Aguiar)

Moradores de rua e os riscos que correm durante a noite

Aritana Aguiar
Free lancer

Em Santarém é visível encontrar vários moradores de rua. Alguns pedem ajuda, enquanto outros catam lata ou trabalham de carregador quando conseguem.

O Ipea(Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), divulgou um estudo sobre pobreza e miséria. O Pará terá que reduzir seu índice em 3,1% até 2016. Já que no estado isso caiu de forma lenta nos últimos 13 anos. Em 1995 a pobreza absoluta era de 56,4% em 2008 o nível estava em 44,9%. Se a meta for atingida o Estado terá uma taxa de pobreza de 21,1% até 2016. Os dados revelados pelo Ipea mostra que a batalha contra a desigualdade econômica e social precisa ser enfrentada não apenas com vontade e coragem política, mas principalmente com planejamento.

A reportagem procurou alguns moradores de rua de Santarém para uma conversa, vários se recusaram, mas tiveram aqueles que não se importaram. É o caso de Rodrigo Gabriel Laurindo, 29, natural de Poços de Caldas Minas Gerais, e os santarenos, Aziel Monteiro,55 e Raimundo Pereira,59.

Raimundo Pereira, conta que há 20 anos vive nas ruas de Santarém. Já foi casado duas vezes. Desses dois relacionamentos teve três filhos e apenas um deles mantém contato com o pai. O restante Raimundo não sabe o paradeiro. "Meu filho às vezes me procura, mas não me dá alguma ajuda, ele vem saber como estou afinal ele também tem uma vida difícil", relatou.

Não querendo falar muito de seu passado antes de viver nas ruas, Raimundo afirma que sua ex-esposa não é a culpada por ele está nessa situação. "Eu estava muito desacreditado da vida, sem emprego, sai de casa e fui para as ruas", relembra.

Ao contrário de Raimundo. Rodrigo Gabriel sentiu-se a vontade e afirmou que para ele contar sua vida seria um desabafo. "Estou vivendo nas ruas há seis meses, perdi quase tudo em minha vida, menos a esperança", desabafou. Quando adolescente vivendo em Minas Gerais, Rodrigo levou uma facada do pai. "Ele trazia os problemas de casa para o trabalho, e descontava em toda a família", relembra. Como ele estava há um ano no exército recebeu dispensa pelo incidente já que não poderiam mantê-lo com uma lesão.

Aziel, que agora se encontra magro e desfigurado, afirma que nunca se casou, teve cinco filhos. Segundo ele três moram em Belém, uma no Ceara e outro em Itaituba. "Não faço idéia onde todos estão exatamente os meus filhos, o que está morando em Itaituba, o vi pela última vez na década em 1980", afirmou.

Rodrigo começou a trabalhar no Mercadão 2000, alugou uma casa, estava até bem, então foi assaltado sendo levados todos os documentos, exceto o registro de nascimento. "Quando quiseram assinar minha carteira, perdi o emprego, pois não tinha os documentos e não consegui tirar outros. Fiquei desempregado e o que ganhava, não pagava o aluguel da casa", afirmou. Foi então que passou a viver nas ruas.

Às vezes, Raimundo não tem o que comer. Devido à idade ele afirma que não consegue carregar acima de 40 kg, por isso sente dificuldades. A aparência desfigurada e magra não nega a necessidade que passa.

Rodrigo sente o medo em morar nas ruas. "Fico apavorado, não é fácil, sempre estou acompanhado, não é bom dormir sozinho em um local e nem passar muito tempo no mesmo", afirmou. No momento o dinheiro que ele consegue é como carregador. Assim como Aziel, gosta de beber cachaça quando não tem nenhum compromisso de trabalho.

PMS vai assumir vigilância das casas do PAC no Uruará

A prefeita Maria do Carmo anunciou ainda há pouco que a prefeitura de Santarém vai assumir a vigilância das casas construidas pelo PAC no bairro do Uruará, que estão abandonadas após terem sido concluídas.

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Maria do Carmo diz que se a Mello de Azevedo não recomeçar as obras do PAC no Uruará, na próxima semana, vai rescindir o contrato com a empresa e convocar a segunda colocada na licitação ou até fazer nova licitação.

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Restaurante popular. Ainda não há prazo para que a obra seja entregue à empresa que vai adminsitrar o restaurante popular de Santarém. Falta liberação do Ministério do Desenvolvimento Social(MDS).

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Turiano Meira. Prefeita parou de exigir que a empreiteira que atua em várias frentes de trabalho que concentre suas obras na Magalhães Barata e Borges Leal. O ramal do CR, como é chamada a antiga Turiano, não tem data para começar seu asfaltamento no trecho entre a Muiraquitã e Ismael Araújo.

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Maria do Carmo alega que empresas de Santarém não tem capacidade para concluir obras planejadas na área de infra-estrutura. "Ficamos nas mãos das mesmas empresas", resignou-se a prefeita.

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Prefeira diz que as obras anuncidas há 3 meses avançaram. Mas as mesmas obras anuncidas não foram concluídas ou nem mesmo iniciadas, como é o caso do ramal do CR, antiga Turiano Meira. Maria aproveitou para criticar o governo anterior e assumiu a paternidade da obra do cais de Alter do Chão, que foi executada pelo governo do estado, em 2006, após a Sedurb rescindir o convênio com a PMS, que não conseguia executar a obras.

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Pistas do trecho duplicado da avenida Fernando Guilhon vão ser pavimentadas até o Çairé, promete a prefeita Maria do Carmo. Mas não garantiu iluminação do local.

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Ana Júlia recebe apoio de diretores do Paysandu

Ana Júlia Carepa (PT), candidata à reeleição ao governo do Estado pela 'Frente Popular Acelera Pará' recebeu o apoio de diretores do Paysandu Sporte Club, na última quarta-feira, 11, durante o jantar de adesão à candidatura do ex-secretário estadual de Esporte e Lazer, Jorge Panzera (PC do B), que concorre a deputado federal, numa churrascaria de Belém. "Obrigado, Ana Júlia. A senhora deu um apoio muito grande ao futebol paraense", parabenizou, publicamente, o diretor e ex-presidente do clube Ricardo Rezende.

Ana Júlia também compareceu à inauguração do comitê de campanha da ex-secretária estadual de Desenvolvimento Urbano, Suely Oliveira (PT), que concorre a deputada estadual. O comitê fica no bairro Guamá, onde a candidata majoritária resumiu as principais obras realizadas no local: Bolsa Trabalho para 2 mil jovens; infocentros com curso básico de informática e acesso a computador com internet gratuitos; reforma das escolas Frei Daniel e Celina Anglada, a segunda recebeu salas refrigeradas; mais viaturas e policiais nas ruas; e retomada do projeto de revitalização do Tucunduba e Riacho Doce.

Jatene aponta prioridades do Pará para a agenda de José Serra

Desenvolvimento sustentável e regularização fundiária foram os temas principais do encontro entre Simão Jatene e sua equipe técnica com o coordenador nacional do programa de governo de José Serra, Francisco (Xico) Graziano. A reunião aconteceu na manhã desta quarta-feira (11) de agosto, no hotel Crowne Plaza, em Belém.
Xico Graziano está percorrendo o País para organizar um painel consolidado das demandas estaduais que serão incorporadas ao programa de governo do candidato tucano à Presidência do Brasil. No caso do Pará, Simão Jatene reforçou a necessidade de um esforço concentrado reunindo Estado e União para reduzir o caos fundiário como uma ação prioritária dentro do programa nacional.
“Com o Zoneamento Econômico e Ecológico, projeto aprovado no nosso governo, já podemos partir para a etapa da regularização fundiária, porque já teremos delimitados os usos de cada área, seja área de reserva ambiental, seja área para exploração econômica”, afirmou Jatene.
Outra demanda apresentada pelo candidato e sua equipe de técnicos foi a necessidade de estruturar os programas nacionais voltados para o Pará sob a ótica da sustentabilidade – que pressupõe o desenvolvimento socialmente justo, economicamente viável e ambientalmente correto.
Durante a reunião foram acertadas ainda linhas de trabalho onde o governo federal poderá unir-se ao Estado para reduzir os grandes déficits existentes hoje nas áreas de saneamento básico, transporte na região metropolitana, abastecimento de água, energia, saúde, segurança, educação, infraestrutura e habitação.

Pesquisa mostra quem são os estudantes paraenses

Cursos de Pedagogia e Educação Física concentram o maior número de estudantes que viveram em áreas rurais até os 14 anos: 8,76% /ALEXANDRE MORAES

Cursos de Pedagogia e Educação Física concentram o maior número de estudantes que viveram em áreas rurais até os 14 anos: 8,76% /ALEXANDRE MORAES




Amazônias
ARETHA SOUZA
Jornal Beira do Rio (UFPA)


BELÉM, Pará – Em que tipo de estabelecimento cursou o ensino fundamental e o médio? Qual o estado civil? Quantos filhos possui? Qual a renda líquida mensal pessoal e da família? Para a estruturação do recém-lançado Diagnóstico Socioeconômico e Cultural do Estudante da Universidade Federal do Pará (UFPA), o Grupo de Estudos em Educação em Direitos Humanos criou um módulo de análise de microdados, com o intuito de reunir as informações por unidades acadêmicas no campus de Belém.


Segundo a pesquisa, alunos matriculados nos cursos da área de educação são os que mais enfrentam dificuldade para concluir a graduação.

O Instituto de Ciências da Educação da UFPA concentra, percentualmente, a maioria dos alunos casados, com filhos, que estudaram por mais tempo em escolas públicas e viveram em áreas rurais até os 14 anos de idade. Do outro lado, a situação é mais favorável para estudantes do Instituto de Ciências Jurídicas e de Ciências da Saúde, os quais oferecem os cursos que, tradicionalmente, têm corpo discente com maior poder aquisitivo em relação aos demais.



O primeiro que aborda a orientação sexual


A partir da análise do Questionário Socioeconômico e Cultural dos Estudantes da UFPA, desenvolvido pelo Centro de Tecnologia da Informação e Comunicação, é o primeiro no Brasil a abordar a orientação sexual dos alunos. Foi respondido por mais de 12 mil alunos.


O formulário está disponível na página principal do site da Universidade e é constituído por 33 questões relativas à escolaridade, estrutura familiar e econômica dos discentes. Desse total, sete perguntas foram selecionadas para análise. Segundo a educadora Emina Santos, uma das coordenadoras da pesquisa, o diagnóstico é um importante instrumento de gestão para a direção da Faculdade e para a própria Reitoria.


— Por meio dele, é possível identificar o perfil da maioria dos alunos, planejar ações que contribuam para o seu êxito acadêmico e, ao mesmo tempo, apurar prioridades para a maioria do corpo discente, orientando políticas que vão além de reivindicações históricas já superadas pela realidade multicampi da instituição — explicou.


São fatores elementares para que isso ocorra: a capacidade de prover permanência na universidade (moradia, alimentação e saúde, por exemplo), desempenho acadêmico (material didático-científico, estágio, inclusão digital, ensino de línguas e participação político-acadêmica) e formação cultural (acesso a manifestações artístico-culturais, desportivas e de lazer, prevenção a problemas de meio ambiente, sexualidade e dependência química, além de orientação pré-profissional).


Este é o primeiro questionário universitário brasileiro a abordar a orientação sexual. Foi respondido por mais de 12 mil alunos.
Este é o primeiro questionário universitário brasileiro a abordar a orientação sexual. Foi respondido por mais de 12 mil alunos.


Alto índice de concluintes


Conforme uma simulação da taxa de conclusão de cursos de graduação, a partir da Plataforma de Integração de Dados das Instituições de Ensino Superior (PingIfes/2005), a média nacional era de, aproximadamente, 63%, mantendo o índice do século passado praticamente intocável.


No caso da UFPA, essa taxa é superior, 70,71%, uma vez que a quantidade de ingressantes é de 5.811 estudantes/ano e de concluintes, 4.109 estudantes/ano, o que garante à Instituição paraense a 15ª colocação no ranking das 50 Ifes brasileiras. Em relação ao número de ingressantes, a Universidade ficava em 3º lugar e, quanto ao número de concluintes, era a que mais graduava no País.


— Ao reconhecer o seu corpo discente, a UFPA tem a possibilidade de tratar as diferenças sociais com políticas públicas e, também, aplicar os seus recursos em demandas que correspondam às reais necessidades dos estudantes — argumenta Emina.


O professor Alberto Damasceno, também coordenador do Grupo, destacou a importância do tema:


— Outros estudos têm comprovado que a pobreza e a miséria no País não são resultantes apenas da escassez de recursos, mas também de fenômenos que, na verdade, refletem o perverso padrão de distribuição de renda, sobretudo porque, além de elevada, a desigualdade no Brasil tem demonstrado uma impressionante rigidez — assinalou.


Segundo o levantamento, os cursos de Pedagogia e Educação Física concentram o maior número de estudantes que viveram em áreas rurais até os 14 anos: 8,76%. Isso significa que, em tese, eles não contaram com uma rede de serviços que pudesse garantir melhores oportunidades para a sua formação básica.


Quando analisados os dados por instituto, também estão no Instituto de Ciências da Educação os alunos que estudaram por mais tempo em escolas públicas (78%) e os que já possuem filhos (22,3%). A partir desses dados, é possível concluir que esses estudantes têm responsabilidades adicionais em relação aos que não precisam dividir o tempo dos estudos com cuidados com crianças e adolescentes.


Em contrapartida, dos 11 institutos da UFPA, o Instituto de Ciências Jurídicas é o que concentra a maioria dos estudantes com renda líquida mensal acima de dez salários mínimos (3,53%).


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