quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

CMN libera apresentação do CCIR para produtor de Paragominas conseguir crédito

 
Bem que a prefeita Maria do Carmo poderia entrar em campo para confirmar o prestígio que julga possuir em Brasília e usá-lo em benefício de centenas de produtores rurais de Santarém que estão impossibilitados de contratar empréstimo bancário oficial por causa de ausência do CCIR, que é expedido pelo Incra.
 
Basta Maria seguir o exemplo do prefeito de Paragominas.
 
Adnan Demachki informou ao Blog do Estado que "em razão da Portaria do MMA-Ministério do Meio Ambiente que retirou Paragominas da lista do desmatamento e declarou a cidade prioritária para receber financiamentos e incentivos do Governo Federal, face os produtores estarem impossibilitados de receberem creditos bancários pela ausência de CCIR ( ineficiência do INCRA) postulamos ao CMN-Conselho Monetário Nacional, que DISPENSASSE os nossos produtores de apresentarem o CCIRg.
Pois bem, o CMN acatou o pleito, e SOMENTE OS PRODUTORES DE PARAGOMINAS, EM TODA A AMAZÔNIA ESTÃO DISPENSADOS DE APRESENTAR PARA OS BANCOS O CCIR. Em substituição ao CCIR, basta apresentar o requerimento do certificado."

MP confirma falta de médicos plantonistas no Pronto Socorro Municipal


O Ministério Público de Santarém, por meio do Promotor de Justiça José Frazão Sá Menezes Neto, emitiu duas recomendações aos gestores do Hospital Municipal  de Santarém (HMS).  O documento foi uma das conseqüências da visita de uma equipe de seis promotores de justiça no hospital na sexta-feira, 26 de novembro.  As recomendações são relacionadas às condições de atendimento da demanda de pacientes e à rotina de higienização do hospital.
O MP também visitou o Hospital Regional, cujo procedimento ainda está em andamento.  O objetivo é traçar um diagnóstico do atendimento em saúde em Santarém, conforme o estabelecido no Plano de Atuação da instituição para 2010 e 2011.  As reclamações relacionadas à área da saúde são inúmeras no Ministério Público. O órgão tem duas frentes de ação no âmbito municipal: uma cível, da qual faz parte as recomendações, e outra criminal, que está ainda em apuração, e trata de casos de omissão de socorro no local.

A primeira recomendação do MP considera o grande número de reclamações de demora no atendimento médico de urgência e emergência prestado no HMS, sendo constada na visita que uma das causas do problema é a ausência de médico plantonista.
Por isso a promotoria recomenda que a direção do hospital estabeleça e execute, de imediato, as condições necessárias ao atendimento da demanda média de pacientes , “em tempo razoável à preservação da saúde e da dignidade da pessoa humana, evitando-se sofrimento desnecessário”, diz o documento. O MP recomenda ainda que sejam cumpridas as disposições do Regimento Interno do hospital, e o Código de Ética Médica, no que se refere aos regimes de plantão.   

A segunda recomendação diz respeito à higienização do hospital, uma vez que na vistoria foi constada a ausência em diversos pontos, de sabão ou anti-séptico próximo às pias de assepsia dos profissionais de saúde. Também foi constatada a precariedade da higiene do local, em condições mínimas “como o piso de várias enfermarias, que apresentava vestígio de dejetos, além de banheiros sujos, lixo mal acondicionado, lixeiras sem tampa e teias de aranha no teto”.

O MP considera a obrigatoriedade dos hospitais em constituir Comissão de Controle de Infecção Hospitalar , para prevenção de infecções hospitalares. Por isso o promotor recomenda que a direção do hospital estabeleça e execute de imediato a rotina de higienização e limpeza no ambiente hospitalar  “de forma regular e eficiente” , realizando as adequações que se fizerem necessárias ao atendimento do padrão exigido pelas normas sanitárias”. E que disponibilize o material necessário à assepsia de funcionários e pacientes.

As duas recomendações foram enviadas à direção do Hospital e à Secretaria Municipal de Saúde nesta quarta, 1 de dezembro. Em caso de não cumprimento o MP pode tomar novas providências no âmbito judicial.(Com informações de Lila Bemerguy)

Pedido de eleição para o Senado: Ação do PMDB anda rápido na Justiça Eleitoral


Paulo Bemerguy, do Espaço Aberto:
 
Pode andar com muito maior rapidez do que se imagina a representação do PMDB, que pede novas eleições para o Senado Federal.
A alegação é que de os senadores eleitos Flexa Ribeiro (PSDB) e Marinor Brito (PSOL), obtiveram menos votos que os sufrágios atribuídos a Jader Barbalho (PMDB) e Paulo Rocha (PT), o primeiro considerado inelegível pelo Supremo, o segundo pelo TSE.
O juiz federal Daniel Sobral, do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), já mandou citar Flexa, Marinor e seus respectivos partidos.
Assim que as contestações forem feitas - e o prazo para isso começará a partir da citação -, o Ministério Público será chamado a dar seu parecer. Feito isso, o processo está pronto para ser levado a plenário.
Se a tramitação tiver seguimento no ritmo em que está se processando, até antes de 17 de dezembro, data da diplomação dos novos eleitos, o TRE decidirá se deve ou não haver nova eleição.
Já se sabe qual será o posicionamento do Ministério Público, externado publicamente pelo próprio procurador regional eleitoral, Daniel Avelino.
Ele entende que maioria absoluta (metade mais um dos votos) só é exigível para a eleição de candidatos a cargos no Executivo, como é o caso de governador e presidente da República, e não para senador.
Assim, se a tese do MP for acolhida, não haveria nova eleição.

As belezas de Santarém e Alter do Chão


O Estado do São Paulo:

As águas quentes do Rio Tapajós seguem seu curso sem pressa. Verdes, transparentes. Passam por Santarém e levam barcos pela floresta. De um deles, não muito longe da orla, você vê chegar com força um Rio Amazonas de águas frias e rápidas. Barrentas.
O primeiro encontro é um fracasso, ainda bem. Por alguns quilômetros, você vai poder ver as águas correndo sem se misturar. O motivo - diferença de temperatura, densidade - pouco importa. Prepare a câmera porque logo um boto vai saltar.
É bem na divisa entre os dois rios que os botos ficam de boca aberta, à espera de tucunarés, pintados, dourados... Os peixes perdem habilidade na mudança de águas, os botos aproveitam e você clica.
Ver de perto esse encontro é necessário e emocionante. Mas o espetáculo continua a qualquer hora do dia, em vários pontos de Santarém. A cidade é toda voltada para o Tapajós - e tem outras atrações.
Ao descer da embarcação, corra para a Feira do Pescado, que funciona todas as manhãs em um trapiche de madeira à beira-rio. Ali, uma variedade de peixes amazônicos. Fresquinhos. Tome tempo para observar o divertidíssimo vaivém.
Depois entre na cidade para ter outro encontro. Dessa vez, com personagens históricos. Em casarios antigos, da época da colonização portuguesa, funcionam o Centro Cultural João Fona e o Museu de Dica Frazão.
No Centro Cultural, peças pré-históricas e cerâmicas tapajônicas contam a história de região. Mas nada substitui o papo com o artista plástico e idealizador do centro, Laurimar Leal. Aos 87 anos, cego, ele passa o dia ali, defendendo a cultura local.
Dona Dica Frazão é outra figura. No auge de seus 90 anos, ela faz questão de mostrar aos visitantes cada uma de suas criações. "Vocês nunca viram isso". Dona Dica confecciona vestidos e objetos com materiais da Floresta Amazônica. "Não tem tecido, é tudo natureza." Orgulhosa, ela conta que criou uma roupa para a rainha da Bélgica e mandou uma toalha para o Vaticano.
Para terminar o dia como se deve, tome açaí e vá ao mirante, no centrinho da cidade. Enquanto jovens com seus computadores aproveitam o Wi-Fi gratuito na praça, você senta e observa a orla agitada. As águas verdes do Tapajós. E a faixa barrenta do Amazonas, ao fundo.

Beleza singular

Praias de areia branquinha como você nunca pensou, águas cristalinas e rios que correm sem se misturar. Surpreenda-se em Alter do Chão e Santarém. A hora é agora


Camila Anauate/ ALTER DO CHÃO
 
Você ouviu dizer, viu fotos e chegou a imaginar as praias fluviais de Alter do Chão, no Pará. Mas no primeiro piscar de olhos diante do Rio Tapajós descobrirá que não era nada disso o que esperava. É mais cor, mais vida, mais natureza. Muito mais. É um fenômeno singular.
Nos meses secos, entre agosto e janeiro, o nível do rio baixa drasticamente, e extensas faixas de areia se revelam. Não qualquer areia. Mas branca, branquíssima. Aparecem galhos aqui e ali. Árvores, flores, barracas de palha. Aparece gente. A Ilha do Amor, enfim, ganha vida - e status de praia.
Então se esticar ao sol e mergulhar nas águas quentes e cristalinas do Tapajós é quase um delírio. Mas também vale aproveitar a época de seca para explorar melhor o rio e toda a Floresta Amazônica a seu redor. Alter do Chão, a 30 quilômetros de Santarém, é uma das principais vilas da região. A partir dali, de barco, dá para fazer passeios rio abaixo, visitar comunidades ribeirinhas e suas casas de palafita, invadir igarapés, ver botos e conhecer outras praias igualmente belas, mas um tanto mais selvagens.
Como a Ponta de Pedras, com um cenário absolutamente poético (vide a capa desta edição). Pisando na areia fofa, ao som das ondas (sim, há ondas!), você será capaz de descobrir cenas lindas e humanas. Como a criança - e seu cachorro - que ajudam o pai a pescar.
Tranquilidade. A Ilha do Amor é a mais conhecida e movimentada de Alter do Chão. A partir da orla da cidade, dá para chegar de barquinho ou caminhando mesmo, se o rio estiver bem baixo. É só dar alguns passos para ver aparecer no horizonte guarda-sóis coloridos, cadeiras de praia, caiaques e barzinhos à beira-rio.
Procure o da Suzete Lobato e se prepare para um banquete: peixes fritos, assados, recheados. Arroz, pirão, camarão. E muitas frutas fresquinhas. Nada por mais de R$ 30. Suzete só trabalha durante a temporada de seca e capricha na cozinha para conquistar os clientes. Tarefa fácil, basta provar.
Emoção. Depois de comer tão bem, dá uma certa preguiça de sair dessa paisagem. Mas guarde um pouco de disposição - e espere o sol baixar - para subir a Serra da Piroca. Você vai logo entender o porquê.
A trilha começa na própria Ilha do Amor. Uma caminhada leve entre árvores e sombras. Vento nas folhas, no rosto. Uma sensação gostosa, que vai diminuindo conforme a serra sobe. É hora de escalar a montanha. Degraus de terra, de pedras. Você se concentra tanto no percurso, na respiração, que quando para um momento para tomar fôlego e, sem querer, vira a cabeça, mais uma vez se surpreende.
Árvores a perder de vista, águas que cortam a floresta e bancos de areia. Respira e sobe. Mais rápido, mais alto. Lá no pico, faça um giro. Você vai ver a Ponta do Cururu, um braço fininho de terra que avança no rio. E ter a real noção de que, mesmo baixo, o Tapajós é quase mar.
A descida é tranquila e rápida. O sol já está caindo, mais ainda faz calor. O desejo, agora, é só cair na água. Mas, atenção, é preciso ter cuidado com as arraias, que costumam ficar por lá. Entre no rio cutucando a areia com um galho e depois relaxe.
É preciso estar em total sintonia para ver o sol se pôr. Quanto mais a bola de fogo se esconde atrás do Tapajós, mais as águas ficam prateadas. Brilham até arder seus olhos. Você insiste, desacredita. Mais um fenômeno, outra surpresa.
Como chegar: É preciso voar até Belém ou Manaus para ir a Santarém. O trecho SP-Belém-SP custa a partir de R$ 756 na TAM, R$ 818 na Gol e R$ 828 na Azul. Ida e volta de São Paulo a Manaus sai por R$ 648 na TAM, R$ 1.068 na Azul e R$ 1.078 na Gol
Melhor época: Se a ideia é curtir praia, vá de agosto a janeiro
Pacotes: Veja sugestões de roteiros por Santarém e Alter do chão no blog: blogs.estadao.com.br/viagem
O que levar
Repelente
Seja para caminhar na mata ou dormir em redes ao ar livre, passe repelente. Ainda mais se for época de chuva
Protetor solar
Não esqueça jamais - ou você vai se arrepender ao sentir na pele o sol a pino
Remédio contra enjoo
Para não sucumbir ao forte balanço do barco
O que trazer
Artesanato
Cerâmica tapajônica e peças feitas com materiais da floresta o turista encontra em todas as lojas. Dica:
Castanha do Pará
No mercadão de Santarém, 100 gramas por R$ 10
Doces amazônicos
Bombons de cupuaçu, açaí e castanha em lojas e vendas

Transparência Hack Day PA



No Pará, o primeiro Transparência Hack Day acontecerá em breve em conjunto com a Maratona Internacional de Dados Abertos, no próximo dia 4 de dezembro, buscando promover maior abertura dos dados governamentais no estado e no país.

A derrota anunciada de Ana Júlia

Lúcio Flávio Pinto

Os marqueteiros, com seus egos inflados, duelam entre si atrás de culpados pela derrota de Ana Júlia Carepa. Mas se há um responsável pelo resultado desastroso da eleição para o PT no Pará é a própria governadora. Ela encerra um ciclo que nem começou.

Uma fogueira está ardendo em Belém muito antes da quadra junina: é a fogueira das vaidades. Marqueteiros políticos trocam alfinetadas e espalham brasa ardente para o lado de concorrentes e adversários. Um aponta o outro como responsável pela derrota da governadora Ana Júlia Carepa. Embora partam da mesma premissa, de que o marketing é importante, mas não elege ninguém, chegam a conclusões diferentes e contraditórias, como se a mágica, à maneira das bruxas, nas quais não se acredita, mas é melhor não mexer com elas, pudesse ter produzido no Pará o milagre desacreditado nos outros lugares.
Dezenove governadores tentaram a reeleição neste ano. Dez deles conseguiram esse objetivo já no 1º turno, superando a marca maior, de 9 reeleitos, de 2006, desde que a peçonhenta reeleição foi introduzida na vida política nacional pela constituição federal de 1988. Dois dos governadores preferiram apoiar candidatos dos seus partidos – e venceram. Quatro foram derrotados já no 1º turno. E quatro perderam a reeleição no 2º turno, dentre os quais Ana Júlia era a única governadora do PT, partido que reelegeu os dois outros governadores da legenda que disputaram a eleição, no 1º turno (Bahia e Sergipe). A governadora do Pará foi a maior derrotada do PT em todo país. Terminou como começou: em meio a escândalos, às vezes pequenos, mas simbólicos, e sem conquistar a aprovação da maioria dos habitantes do Estado.
Esse destino estava contido no elevado índice de rejeição de Ana Júlia, que só obteve avaliação superior à de quatro outros governadores, todos eles derrotados. Essa alta rejeição resistiu a tratamentos de choque aplicados às vésperas das eleições de 1º e 2º turno pelos marqueteiros trazidos da Bahia. Mas para a péssima avaliação deram sua contribuição os marqueteiros do Pará, que serviram a administração estadual durante os três anos anteriores.
Há muito tempo os governadores paraenses acham que podem compensar suas deficiências e insuficiências com propaganda massiva, que tem como alvo o eleitor, embora nem sempre de forma direta. Tornou-se prática contumaz tentar convencê-lo através da grande imprensa, cujo apoio pendular depende do peso das ofertas que lhe são oferecidas. Compra-se tudo. Menos, ainda, a realidade. O espelho continua a mostrar a nudez do rei para quem quiser – ou puder – vê-la.
Um dos elementos da rejeição foi justamente o contraste entre a propaganda oficial – abundante e vazia de conteúdo – e a realidade, que mantém o Pará no rabo da fila (e crescendo como rabo de cavalo, para baixo) das unidades federativas brasileiras. O governo que cuida das pessoas, que faz o Pará acelerar, que mudou o horizonte do Estado, que tem comando firme, só existiu na retórica do discurso publicitário. Depois de ter sido embromado e manipulado durante três anos, o povo perdeu a confiança no governo do PT e se tornou refratário e impermeável às suas promessas, até mesmo às obras concretas que iniciou, a maioria delas depois da undécima hora.
Qualquer observador podia constatar o fato, mesmo que não dispusesse das pesquisas qualitativas pelas quais os partidos, os políticos e os empresários se orientam. Não precisava ser aprendiz de feiticeiro, como se apresentam determinados marqueteiros, embora sem trajar os devidos paramentos. Qualquer um que representasse o oposto de Ana Júlia a derrotaria. Não qualquer um: “aquele um”, como diz o caboco.
O predestinado havia de ser Simão Jatene, injustiçado em 2006, quando era candidato natural do PSDB à reeleição e foi atropelado pelo reserva do time, o ex-governador Almir Gabriel, que já se dizia recolhido à aposentadoria nos metafísicos jardins de orquídeas da sua periclitante imaginação. O povo ligou o efeito reverso e retornou a quatro anos atrás para tentar refazer a história, como se fosse possível. O enredo que se seguiu à eleição de 2006 o desagradou. Foram quatro anos quase inteiramente perdidos na história do Pará.
O previsível naquela época e diante do contexto nacional e local que se constituiria, era a vitória e não a fragorosa derrota de Ana Júlia, que, por circunstâncias, não aconteceu já no 1º turno. Ela era do partido do presidente mais popular que a república brasileira já teve. O Estado era um dos principais destinos dos investimentos federais e empresariais do país.
Tão forte Ana Júlia se apresentava em Brasília que dispensou a renovação da aliança com o seu principal parceiro na vitória de quatro anos atrás, o PMDB de Jader Barbalho. Formou o maior arco de alianças partidárias da federação, superior à do PT no plano federal. Seus maiores adversários ou estavam isolados, como o PMDB, ou com uma coligação frágil, como o PSDB (acrescido do PPS e do DEM, este depois da defenestração do casal Pires Franco). Lula veio mais ao Pará do que a Estados com colégios eleitorais maiores. Dilma, idem.
Dilma Rousseff teve 343 mil votos a mais do que a governadora no 2º turno. Observe-se que a vantagem imposta por Jatene a Ana Júlia no 1º turno (12,87%) teve ligeira diminuição no 2º turno (11,48%), mas o movimento foi inverso na disputa presidencial: Dilma subiu de 47,92% para 53,05%, mas a evolução de Serra foi maior: de 37,7% para 48,35%, encurtando bastante a diferença, que foi muito menor do que no plano nacional. Mais um pouco de gestão petista e talvez o tucano fosse o vitorioso no Pará.
Um dado expressivo é que a votação alcançada pela candidata do PT à presidência da república no Pará foi inferior à média que obteve no país (56,05%), enquanto a parte do candidato do PSDB no Estado superou a sua votação nacional (de 43,95%). Outro número sugestivo é a existência de 9 mil votos brancos e 20 mil votos nulos a mais na disputa governamental sobre a presidencial, o que indica que o eleitor teve interesse ligeiramente maior por Dilma e Serra do que por Jatene e Ana. Pudera: não sai da gangorra das lideranças no Pará, que se alternam sem largar a rapadura.
Esses números mostram que tudo foi feito, até a última hora, para tentar levantar a governadora, mas esse esforço acabou por prejudicar a campanha presidencial do PT, contaminada pela rejeição a Ana Júlia. Nem o carisma do PT e a máquina oficial conseguiram enquadrá-la numa margem que permitisse maior área de manobra pelo marketing político. O que a governadora não fez em três anos, a maioria do povo paraense não acreditou que ela pudesse fazer na fração final do seu mandato. Tendo sido sempre uma eficiente palanqueira, ela cometeu o erro fatal de não descer para a condução eficiente da administração pública. Talvez por não saber como se conduzir na chefia do executivo. Não lhe faltaram disposição e boa vontade. A escassez foi mesmo de virtudes pessoais.
Os indícios são de que a história tratará de apagar a memória dos anos ruins em que Ana Júlia Carepa governou o Pará. Mas a própria personagem parece bem distante de se convencer desse vaticínio. Continua a acreditar, embalada pela maquilagem publicitária, que sua administração foi um divisor de águas e que algum quinhão lhe cabe da hipérbole presidencial do “nunca antes”.
À corte, Ana Júlia tem manifestado a esperança de que ainda venha a ser realizada uma nova eleição para o Senado e ela possa se apresentar como candidata a voltar a ocupar um lugar na câmara alta.  Se essa hipótese vier a se concretizar, Paulo Rocha, estará impedido de participar da disputa, fulminado pelo prazo da inelegibilidade de oito anos, a contar da data da sua renúncia, em 2005, para fugir a processo de cassação na Câmara Federal, como um dos envolvidos no escândalo do “mensalão”.
Desfeita essa hipótese, pendente do pronunciamento do Supremo Tribunal Federal, Ana Júlia teria a alternativa da disputa pela prefeitura de Belém, em 2012, não sem antes procurar abrigo em algum órgão federal para se preservar do anonimato. A dúvida que hoje se suscita é quanto ao seu peso específico no PT: ela continuará a ser uma grande liderança no partido ou será reduzida a comandar uma das suas facções minoritárias, a Democracia Socialista?
As parcelas petistas majoritárias têm muitas queixas da governadora e do seu séquito. Aproveitarão a derrota para um ajuste de contas ou, à falta de opções, refarão os compromissos para sair das cinzas da fogueira e voltar a brilhar na política paraense, como uma brasa reavivada? Há realmente essa possibilidade?
Mal esta eleição foi encerrada, os políticos já tratam de preparar a nova, que terá uma importância particular: o novo prefeito da capital estará no cargo quando Belém completará 400 anos, em 2016. A coincidência será um capital a sacar para permanecer na história. Por isso, já há pré-candidatos: o deputado federal eleito Arnaldo Jordy, o deputado estadual eleito Edmilson Rodrigues, o quase-secretário Paulo Chaves e alguns outros menos explícitos.
Mas com que roupa se apresentarão os novos candidatos? Esta é outra questão. Como a derrota de Ana Júlia já estava espelhada nas estrelas (bastaria ouvi-las, como fez o poeta Olavo Bilac), o governador eleito Simão Jatene não se armou de um verdadeiro programa. Limitou-se a enfileirar obras físicas, desdobramentos de iniciativas em curso, ressurreição das que foram deixadas para trás e outras quinquilharias, sempre onerosas aos cofres públicos e de limitados efeitos sociais.
Jatene retomará um Pará que mudou pouco em relação ao Estado cujo comando ele mesmo transmitiu. Talvez um tanto piorado, mas seguindo na mesma bitola do descompasso entre o que poderia ter e ser e o que é e tem. Um rico pobre. Rico de recursos. Pobre de lideranças.

TRE aprova contas de Lira Maia


As contas de campanha do deputado federal reeleito Lira Maia(DEM) foram aprovadas, ontem, pelo pleno do Tribunal Regional Eleitoral.

Lira Maia, reeleito com 119.543 votos, será representado, dia 17, na solenidade de diplomação, pelo advogado Sábado Rossetti. Nesse dia, o deputado santareno participa, em Brasília, da formatura de sua filha Karoline em medicina.

Diga-me onde cais que te direi quem és!

Jota Ninos

As quedas de Ana Júlia são emblemáticas. A primeira delas, durante a campanha em que venceu Almir Gagabriel, em 2006, podiam indicar um simples tropeço de campanha ou o fim de um sonho petista. Mas quem caiu do cavalo àquela época foi o ex-jardineiro de orquídeas aposentado.

Caiu nas pesquisas, caiu na tabela, caiu na boca do povo. Ana Júlia, engessada, pousou como guerreira, que levanta sacode a poeira e dá volta por cima.

Mas as quedas de Ana Julia continuaram. A popularidade começou a cair, da mesma forma que foram caindo os cabelos cortados de sua assessora-cabeleireira, logo no início do governo.

Foram quatro anos caindo... pelas tabelas! E levando consigo um combalido PT de tendências que se trocaram por cargos. A única que reinava absoluta era a tendência de Ana Júlia, a DS (ou seria DaS?), crescendo a olhos vistos pelos cargos governamentais...

Mas se a tendência era subir, a tendência era também cair, como a velha máxima do coqueiro: as quedas continuaram.

O prestígio de Ana Júlia caiu, caiu até chegar no fundo do poço, apoiada em Almir Gagabriel, numa tentativa desesperada de não perder o poder perdido.

Ana Júlia despencou nas pesquisas, até chegar a um recorde histórico de rejeição. Mas nos estertores de sua batalha já perdida ainda conseguiu um segundo turno contra Jatene, apenas um prolongamento do sofrimento de sua queda de ícone de tantas vitórias. 

Pela primeira vez completando um mandato de quatro anos, Ana Júlia não conseguiria o feito de um segundo mandato. Caímos nós na realidade, de que Ana Júlia e seu grupelho de loucos putystas ensimesmados tinham mesmo que cair, para quem sabe um dia o PT se reerguer... Pobre PT sem tendências! Pobre PT que se vendeu aos cargos putystas!

Ana Júlia já caída, recebe Lula e Dilma para inaugurar uma obra, no primeiro compromisso da aliada que não honrou. E mais uma vez uma queda emblemática. Seria o prenúncio de que Dilma não deve cair em tentação de dar nenhum cargo para uma Ana Júlia desancada e descadeirada, em seu governo?

Pobre Ana Júlia, quantas dores ainda há de sofrer na queda de seu ego maltratado?