sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Foto: Tamara Saré
Alailson Muniz
Da Redação


Quando começou a ser aberta em 1973, a rodovia Santarém-Cuiabá (BR-163) representou a vontade política de se desenvolver economicamente a região Amazônica, integrando-a ao resto do país.
O anúncio de construção da obra trouxe consigo milhares de pessoas de diversos cantos do país. Aqui, eles construíram famílias, cidades, vilas e comunidades, além é claro da vontade de querer realizar o sonho que trouxeram na bagagem.
Trinta e oito anos se passaram. Os personagens são os mesmos e história parece que parou no tempo. O asfalto vem a passos de tartaruga e o desenvolvimento vem numa lentidão ainda maior.
Nossa reportagem percorreu o trecho da BR-163 que compreende os municípios de Santarém e Rurópolis, cerca de 220 quilômetros. Durante a viagem encontramos personagens como a dona Adriane que recebe as primeiras benesses do tão esperado progresso. Ela é dona de uma modesta venda de lanche na comunidade de Novo Paraíso, a 52 km de Rurópolis.
Dona Adriane conta que a venda aumentou com a chegada das empreiteiras que estão realizando a pavimentação do trecho. "Os funcionários das empresas são os meus maiores clientes. Tenho mais lucro agora", comemora Adriane.
Quem percorrer a rodovia no sentido Santarém/Rurópolis seguirá tranquilamente por 126 quilômetros devidamente asfaltados. A partir daí ainda pode-se trafegar por cerca de trinta quilômetros de asfalto, mas de forma intercalada, pois nesse trecho estão sendo construídas diversas pontes. No total serão sete.
"Mais de mil homens estão trabalhando todos os dias e nossa meta de entregar esse trecho asfaltado até o final de 2011". A afirmação é do general Lauro Pires, comandante do Segundo Grupamento de Engenharia da Amazônia, unidade do Exército responsável pela obra.
Em entrevista exclusiva a reportagem do O Estado do Tapajós, o oficial informou que a data prevista par a entrega da obra, dia 31de dezembro deste ano, foi determinada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (DNIT). Segundo o General, os trabalhos não serão paralisados em decorrência das chuvas que já começam a cair sobre a região. Ele afirma que equipes estarão de plantão para realizar a recuperação dos trechos que eventualmente forem tomados pelos atoleiros.
"A previsão de entrega dessa obra é 31 de dezembro de 2011. Nós procuramos manter uma meta um pouco ousada, mas é impossível por causa das chuvas na região. A chuva parou mais tarde e começou mais cedo. De modo que não vamos parar a obra. Quando começa o inverno fica difícil, mas vamos manter equipes realizando a recuperação dos trechos atingidos", explica general Lauro.
O trecho que recebe asfalto totaliza 80,3 quilômetros. Esse é o Lote 5 que ficou sob a responsabilidade do Segundo Grupamento de Engenharia. A extensão da rodovia sem asfalto que vai até o Mato Grosso foi divida em vários lotes para facilitar os trabalhos. Por sua vez, o comandantes dividiram seus Lotes em Sub-lotes para diferenciar as frentes de trabalho.
"Foi dividido em 5 Sub-lotes. Cada um com uma maneira de trabalho própria e de acordo com o volume de trabalho. Terraplanagem, drenagem, construção de pontes. Diretas e indiretas, cerca de 10 empresas estão trabalhando nesse trecho que vai até Rurópolis. São cinco pontes aprovadas. E agora mais duas últimas, uma no igarapé do Água Preta e outra no Igarapé Preto. Eram bueiros, mas devido ao volume de água pedimos pontes, e fizemos o projeto que foi aprovado. Assim totalizando, sete pontes", explica o comandante.

Custo

General Lauro explicou ainda que o custo do projeto inicial girava em torno de R$ 130 milhões, mas que foi elevado em virtude de o valor corresponder ao ano de 2008 e aos aditivos necessários após requisitar a troca de bueiros por pontes. Sendo assim, ele avalia que os custos gerais devem totalizar os R$ 150 milhões.
"Será aproximadamente no total de 150 milhões. O anterior era de R$ 130 milhões. Mas esse é um valor de 2008, então deverá sofrer reajustes, devidos aos insumos por exemplo. O impacto não é muito grande. Não trabalhamos com margem de lucro e sim com custo real", justifica.

Meio Ambiente

Do ponto de vista ambiental, o general Lauro informou que recentemente os trabalhos realizados na rodovia passaram por uma vistoria de técnicos do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) e nenhuma irregularidade grave foi detectada. Todo o trecho já foi licenciado pelos órgãos competentes.
"Toda a obra já foi licenciada. Pontes, jazidas. Todas [as licenças] foram obtidas no início da obra. Nenhuma irregularidade grave foi encontrada. Sabemos que sempre ocorrem pequenos empecilhos, mas eles já estão sendo resolvidos. É comum em grandes obras na Amazônia. Fica a imagem de que qualquer obra na Amazônia vai atacar o meio ambiente", argumenta o general.

2 comentários:

Anônimo disse...

Esse texto é a cara do Alaílson mesmo. Boa abordagem, humanista como ele mesmo diz, e texto impecável diga-se de passagem. Bons fluídos em sua nova casa companheiro.
Parabéns ao jornal pela aquisição. Serei um futuro assinante quando voltar a Santarém.


Carlos Henrinque
Oriximiná

Anônimo disse...

Boa matéria, mas faça uma agora Alailson depois que as chuvas começarem a cair nesse trecho. Lá pelo mês de março, vamos ver se esse comandante vai manter a sua palavra.


Reinaldo Campos