quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Mandiocaba gigante do Pará pesa 37 quilos

 
Agricultores Jones e Edilson Costa levaram o técnico da Emater ao sítio em Acará, terra com fartura de mandiocais /CEDIDA POR F. IKEDA
Agricultores Jones e Edilson Costa levaram o técnico da Emater ao sítio em Acará, terra com fartura de mandiocais /CEDIDA POR F. IKEDA
 
 
MONTEZUMA CRUZ
Amazônias
 
BRASÍLIA – Um  pé de mandiocaba (mandioca açucarada) gigante, com quatro raízes pesando 37,3 quilos virou atração no final da semana em Acará, perto de Belém, informa o técnico da Emater-PA, Flávio Ikeda. Entusiasmado, cuidou de transmitir as fotos para Amazônias. Há dois anos Ikeda vem estudando o uso da mandiocaba para fins energéticos. O Baixo Tocantins, no Pará, é o primeiro estado amazônico a adotar a roça sem queima, um projeto criado pelo pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, Raimundo Brabo Alves. Pequenos agricultores vêm conseguindo bons resultados com esse método que, entretanto, não se transformou ainda em programa estadual.
 
Das quatro raízes, uma estava estragada. As demais pesaram 8,5kg, 9,5kg e 10kg. A maior foi utilizada para fazer mingau. A raiz estragada alcançou 9,3kg. A coleta dessas raízes nesse município a 52 quilômetros da capital paraense animou Ikeda a percorrer propriedades vizinhas. Ele quer conhecer a produção para poder auxiliar na construção de banco de multiplicação genética.
 
Vendo a colheita, ele fez as contas: utilizando-se o espaçamento de 1m x 1m, recomendado para mandioca nessa região, seria possível  plantar até 10 mil pés por hectare e uma grande colheita. “Se conseguíssemos fazer a mandiocaba produzir na média do que essa planta produziu, obteríamos 373,3 mil kg/ha. E se o rendimento em álcool fosse o mesmo conseguido no teste feito em abril de 2009 (leia o box) pelo pesquisador da Embrapa Biotecnologia, Luiz Joaquim Castelo Branco Carvalho, seria possível obter 37,33 litros/ha”, calculou o técnico.
 
Durante a transformação da mandioca em etanol, naquele ano, o pesquisador constatava que do álcool destilado pelas dornas de uma usina social inteligente (USI), 28% era aromático, cotado a R$ 40 o litro.



Foi o suficiente para Ikeda parar de calcular. “É muito para a minha cabeça”, disse. Ele começa esta semana um trabalho em parceria com o Grupo Y. Yamada, que se interessou em plantar essa variedade. O primeiro Y é de Yoichiro, fundador do grupo.

 

 
Variedade é adocicada, mas pouco encontrada
 
BRASÍLIA – Acará é o principal produtor brasileiro de mandioca. Suas 600 mil toneladas (dados do IBGE) colhidas anualmente correspondem a 2,3% da produção nacional. É nesse município que pesquisadores vêm localizando lavouras de mandiocaba, uma das variedades transformadas em álcool etanol há quase dois anos em Planaltina (DF).

Mandiocaba, a raríssima mandioca doce da Amazônia, transformou-se em álcool etanol, coroando uma série de experiências feitas pela Embrapa Biotecnologia. O álcool é feito de glicose e não de sacarose e, no uso da mandiocaba, o açúcar já é glicose, lembrava o pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Luiz Joaquim Castelo Branco Carvalho. “Na mandioca não existe nenhum composto que iniba o processo biológico de fermentação alcoólica. Dependendo da região, a obtenção do álcool a partir dela poderá ser mais barata inclusive do que pela cana-de-açúcar”, ele estima.

Um carregamento de 250 quilos de massa desintegrada dessa variedade rendeu 25 litros de etanol (C2H5OH). Na ocasião, observado por cientistas chineses, os quais está agora visitando para o cumprimento de um intercâmbio, Castelo Branco Carvalho anunciou que, além do açúcar utilizado naturalmente na fabricação do etanol, apareceram no produto outros açúcares que não entram na fermentação.

A experiência da Embrapa foi feita em 72 horas, com a utilização de duas dornas de uma microdestilaria USI (Usinas Sociais Inteligentes). O cientista considerou razoável o resultado. “Sem a necessidade da hidrólise, a massa fermentou por um período de aproximadamente dez horas, entrou em destilação e saiu ‘no ponto’. Obtivemos um álcool de 96 GL”, ele explicava. GL é a sigla de Gay Jussac e Cartier, criadores do densímetro para álcool. (M.C.)
 
Diego Aires, estudioso da variedade, concluirá pesquisa que poderá indicar a mandiocaba para a fabricação de biopolímeros /F. IKEDA

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