quarta-feira, 9 de março de 2011

A saga da enfermeira Cacilda Bertoni


A enfermeira e administradora hospitalar, Cacilda Rosa Bertoni, 90 anos, chegou em Brasília em 1958. Melhor, chegou na Cidade Livre, Brasília não existia, era apenas um canteiro de obras. Morou até 1960 em uma casa de madeira na Segunda Avenida, número 1.105, onde hoje é o Colégio La Salle. Em sua carteira do trabalho, sob o registro número 078, está o seu contrato como funcionária da Fundação Hospitalar do Distrito Federal, assinada em 16 de maio de 1960 (acima, mais um registro da Cidade Livre, foto do Acervo Público do DF).

A história da enfermeira Cacilda é uma saga. Antes de Brasília, ela percorreu a Amazônia. Era a década de 1940. Órfão, o roteiro de Cacilda inicia em Piracicaba e segue para Ribeirão Preto (SP). De lá ela viaja para o Rio de Janeiro com o objetivo de estudar Enfermagem na Escola Ana Nery e ser missionária. Diplomada em 20 de maio de 1946, embarca para Belém (PA) no dia primeiro de junho, para trabalhar no Hospital de Doenças Tropicais Evandro Chagas.  Ficou dois anos e seguiu para Breves, na ilha de Marajó, onde os doentes precisavam muito mais dela dos que os enfermos da capital do estado. Na ilha permaneceu por mais dois anos no combate à malária e outros agravos à saúde.

“Era a época do esforço de guerra”, recorda Cacilda. Os Estados Unidos precisavam de borracha e para ter a matéria-prima os seringueiros necessitavam de atenção à saúde. E lá estava a enfermeira. De Breves, seguiu para Santarém, também no Pará, para organizar um novo hospital. Feito o serviço, aceitou uma bolsa para estudar Administração Hospitalar em Maryland, Baltimore (EUA).

No retorno ao Brasil casou com um representante da indústria farmacêutica, Afonso Bertoni, tiveram três filhos.  Foi do marido a ideia de mudar para Brasília. Ele veio na frente, no final de 1957. 
(Extraído de Cartas de Brasília)

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