quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Corrupção no governo Dilma: Quando a ética encontra a conveniência

Parsifal Pontes

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Neste caso do competente consultor Fernando Pimentel, atual Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o Planalto traça um atalho para não lhe passar a vassoura.
Pimentel é o primeiro locatário da Esplanada, não herdado de Lula, a enfrentar constrangimentos por conta de supostas transversalidades com o erário, travestidos de consultorias.
Na semana passada a presidente determinou a sua base que barrasse a convocação de Pimentel ao Senado. Nos casos anteriores a presidente tomou atitude diversa: determinou aos ministros que providenciassem imediatas explicações ao Parlamento.
Ontem, em Porto Alegre, Dilma Rousseff advogou a barragem erguida em volta do ministro: “O governo acha estranho que o ministro preste satisfações no Congresso da sua vida privada, da vida pessoal passada dele”, respondeu Dilma a uma interrogação da imprensa.
Mas, as consultorias de Palocci foram pessoais, passadas e privadas, e ele não logrou as mesmas preliminares da presidente. Se ela mudou de opinião, aconselho Palocci a protocolar, no Planalto, uma rescisória para voltar à função da Casa Civil, já que consultorias pretéritas, em condições duvidosas, não mais são motivo de redibição ministerial.
A presidente achou, a priori, que poderia imprimir assepsia ética ao governo. Enquanto a detergência jorrava sobre auxiliares trazidos à colação pelo ex-presidente, foi possível aguentar o escovão. O caso Pimentel diz respeito a sua mais chegada prelazia e não seria confortável deitá-lo ao chacais.
Isto pode ser um prenúncio de que Dilma Rousseff começou a entrar na moderna teoria da “Ética da Responsabilidade”, na qual o governante é obrigado a esticar a definição até que ela esbarre na conveniência.
Como disse Otto von Bismarck, “a política é arte do possível”. E na política, quase sempre, possibilidade é o mais absoluto sinônimo de conveniência.
Se vocês me perguntassem se isto é certo ou errado, mal ou bom, eu, convenientemente, responderia: nada disso, apenas governo.

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